Retorno de Palestinos à Cidade de Gaza Durante Cessar-Fogo
Milhares de palestinos estão voltando à Cidade de Gaza neste sábado (11), no segundo dia do cessar-fogo entre Israel e Hamas. Muitos deslocados estão chocados com a devastação causada pela recente ofensiva do Exército israelense. Na sexta-feira, Israel aprovou a primeira fase da trégua e retirou suas tropas de várias áreas do território palestino, o que pode facilitar a libertação de todos os reféns israelenses mantidos em Gaza desde o ataque do Hamas em 7 de outubro.
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Com o cessar-fogo estabelecido, dezenas de milhares de palestinos deslocados começaram a jornada do sul da Faixa de Gaza em direção ao norte, na esperança de retornar a suas casas, que foram em grande parte destruídas. Raja Salmi é uma dessas pessoas. Ela descreve como foi cansativo percorrer os mais de 15 km entre Khan Yunis e a Cidade de Gaza, que sofreu uma ofensiva terrestre e aérea intensa nas últimas semanas. “Caminhamos por horas, cada passo era repleto de medo e angústia pela minha casa”, relata.
Ao chegar a Al Rimal, seu bairro, Raja descobriu que seu lar não existia mais. “Não há nada, apenas um monte de escombros”, conta à AFP. “Fiquei em frente e chorei. Todas as lembranças são apenas poeira.” Na cidade, onde a ONU estima que viviam cerca de um milhão de pessoas, muitos prédios estão destruídos ou sem janelas, e as ruas estão cobertas de escombros, com pedestres quase todos sem pertences.
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Destruição e Retorno em Massa
“Não sei o que dizer. As imagens são mais fortes do que qualquer palavra: destruição, destruição e mais destruição”, afirma Saher Abu al Ata, outro morador, em frente aos escombros do hospital infantil Al Rantisi. Na rodovia Al Rashid, que acompanha a costa de Gaza, a fila de pedestres e veículos aumentou desde que o Exército israelense anunciou a entrada em vigor do cessar-fogo na sexta-feira, às 9h00 GMT (06h00 no horário de Brasília).
Um funcionário da Defesa Civil de Gaza, que atua sob a autoridade do governo do Hamas, informou que cerca de 250.000 pessoas retornaram ao norte do território palestino desde o início da trégua.
Acordo de Paz e Questões Pendentes
O acordo de paz, fundamentado em um plano de 20 pontos proposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump, também prevê a libertação dos 47 reféns restantes — vivos e mortos — dos 251 sequestrados durante o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023. Em troca, Israel libertará 250 prisioneiros, incluindo aqueles condenados à prisão perpétua por ataques fatais contra israelenses, e 1.700 moradores de Gaza detidos desde o início da guerra.
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A lista divulgada por Israel na sexta-feira dos 250 prisioneiros que poderiam ser trocados não inclui figuras emblemáticas da luta armada palestina. Donald Trump expressou confiança de que a trégua “se manterá”, afirmando que ambos os lados estão “cansados de lutar”. O magnata republicano confirmou que planeja viajar neste fim de semana para Israel e Egito, que atua como mediador junto com Catar e Turquia.
Desafios Humanitários em Gaza
Entretanto, várias questões ainda precisam ser resolvidas, incluindo o desarmamento do Hamas e a proposta de uma autoridade de transição para Gaza liderada por Trump. Após a ONU declarar estado de fome na Cidade de Gaza em agosto, as agências humanitárias esperam que a trégua permita aumentar a entrega de ajuda.
O Escritório das Nações Unidas para Assuntos Humanitários (Ocha) informou que Israel autorizou a entrega de 170.000 toneladas de ajuda, como parte de um plano de resposta para os primeiros 60 dias da trégua. “As necessidades mais básicas continuam urgentes em Gaza: equipamentos médicos, remédios, alimentos, água, combustível e abrigo adequado para dois milhões de pessoas que enfrentarão o inverno sem um teto”, disse Jacob Granger, coordenador de Gaza da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF).
Impacto da Campanha Israelense
A campanha israelense em Gaza resultou na morte de pelo menos 67.682 pessoas, segundo o Ministério da Saúde do território controlado pelo Hamas, números que a ONU considera confiáveis. Os dados não diferenciam civis de combatentes, mas indicam que mais da metade dos mortos são mulheres e crianças. A guerra começou após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de 1.219 pessoas em Israel, a maioria civis, conforme dados oficiais israelenses.