Pandemia pode ter acelerado o envelhecimento do cérebro, aponta pesquisa
Estudos indicam que indivíduos que não foram infectados pelo vírus exibiram sinais de envelhecimento cerebral durante o período de isolamento social.

A pandemia de Covid-19 pode ter intensificado o envelhecimento cerebral, mesmo em indivíduos sem infecção pelo vírus, conforme aponta uma recente pesquisa publicada na terça-feira (22) na revista científica Nature Communications.
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O estudo indica que o estresse, o isolamento social e a crise de saúde global podem ter acelerado o envelhecimento cerebral. O trabalho demonstrou que indivíduos que vivenciaram a pandemia de Covid-19 exibiram sinais de envelhecimento cerebral mais acelerado em comparação com aqueles que foram avaliados anteriormente. As alterações foram mais evidentes em idosos, em homens e em pessoas de grupos sociais menos privilegiados.
Adicionalmente, somente os indivíduos infectados pela Covid-19 demonstraram diminuição de capacidades cognitivas, incluindo flexibilidade mental e velocidade de processamento. Isso indica que o envelhecimento cerebral induzido pela pandemia, por si só (sem infecção), pode não gerar sintomas. Os autores também ressaltam que esse envelhecimento observado pode ser revertível.
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Os pesquisadores avaliaram imagens de ressonância magnética cerebral de cerca de mil adultos saudáveis, provenientes do estudo UK Biobank. Alguns indivíduos foram examinados antes e após a pandemia, enquanto outros foram avaliados apenas uma vez.
Através de aprendizado de máquina e imagens avançadas, tornou-se possível estimar a “idade cerebral” de cada indivíduo. Esse modelo foi desenvolvido com base em exames cerebrais de mais de 15 mil pessoas sem comorbidades, o que possibilitou maior precisão.
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O que mais chamou a atenção foi que indivíduos sem ter tido Covid também relataram aumentos expressivos nas taxas de envelhecimento cerebral. Isso demonstra o impacto da pandemia, incluindo o isolamento e a incerteza, na saúde do cérebro, segundo Ali-Reza Mohammadinejad, um dos autores do estudo, em comunicado.
Este estudo nos lembra que a saúde do cérebro é moldada não apenas pela doença, mas também pelo nosso ambiente cotidiano, completa Dorothee Auer, professora de Neuroimagem e autora sênior do estudo. “A pandemia colocou pressão sobre a vida das pessoas, especialmente daqueles que já enfrentavam desvantagens. Ainda não podemos testar se as mudanças que observamos serão revertidas, mas certamente é possível, e isso é um pensamento encorajador”.
O vírus da Covid-19 infecta células dos testículos e utiliza recursos para se multiplicar.
Fonte por: CNN Brasil