Papelão se transforma em arte impactante que aborda questões relacionadas a periferias, exclusão e resistência

Com 30 pinturas e materiais de processo, a exposição proporciona um mergulho na vida cotidiana de indivíduos marginalizados.

31/07/2025 15h54

3 min de leitura

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(Imagem de reprodução da internet).

As obras de Petchó emergem de sua experiência na periferia de Belém.

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O artista paraense Petchão Silveira utiliza a arte como forma de expressão, transformando-a em tela para registrar narrativas de exclusão, resistência e beleza das periferias brasileiras. Nascido e criado na periferia de Belém do Pará, Petchão é o autor da exposição “Ocupa”, que está em cartaz na Galeria SESI Minas, em Belo Horizonte, até 31 de agosto. A entrada é gratuita.

Com 30 pinturas e materiais de processo, a exposição apresenta um retrato do dia a dia de indivíduos marginalizados, principalmente negros, em situação de rua e em áreas periféricas. Os suportes das obras, o papelão coletado nas ruas, transcendem uma mera escolha estética: fazem parte do discurso.

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O artista afirma: “Na minha cidade, observo inúmeras pessoas em situação de rua que utilizam o papelão como abrigo, como cobertor, como cama. É a sua casa. Assim, empregar o papelão como suporte significa dar visibilidade a essas pessoas.”

A matéria-prima quebrada e rejeitada pelo sistema se transforma em arte sólida, com traços marcantes e cores intensas. As obras de Petchó surgem de sua experiência na periferia de Belém, mas dialogam com exclusividades que percorrem o Brasil, e frequentemente são desconsideradas também nos espaços artísticos.

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Territórios negados

A curadora da exposição, Luisa Borges, destaca que a obra de Petchó combina denúncia e encantamento, possuindo a força de transmutar a dor em manifestação.

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Ele está ali representando diversas questões sociais muito sérias do Brasil. Além disso, demonstra a beleza do brasileiro, da nossa cultura.

Para Luisa, a presença de artistas periféricos e negros em espaços institucionais ainda é exceção, mas a situação começa a mudar. “Houve melhorias, porém são espaços ainda dominados por elites brancas e ricas”, avalia.

A arte como um espaço de diálogo.

Petchó iniciou sua trajetória artística com o suporte da Fundação Curro Velho, um espaço cultural público no Pará. Ao longo do tempo, a artista aprimorou sua linguagem por meio de exposições individuais e coletivas, notadamente na região Norte, e também participou de eventos literários e projetos de visibilidade negra, incluindo a ilustração de um livro da Universidade de Brasília (UnB) acerca de mulheres negras cotistas.

Atualmente, em Belo Horizonte, suas obras estão expostas em uma galeria relevante, o que, a seu ver, constitui uma ação política isolada.

É fundamental que as curadorias e os museus criem espaços para nós, que representamos uma minoria nesses locais. Isso democratiza a arte, afastando a ideia de que ela é somente para quem estudou ou para pessoas ricas. A arte deve dialogar com todos, defende o artista.

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O artista paraense, sediado no centro de Belo Horizonte, também ocupa simbolicamente áreas da arte que, segundo ele, foram lhe negadas, realizando-as com beleza, força e propósito.

“As pessoas buscam ser representadas de maneira justa, não estigmatizadas”, resume a curadora Luisa Borges.

Serviço

Exposição “Ocupação” – Petchó Silveira

Galeria SESI Minas – Rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia, Belo Horizonte (MG)

De 11 de julho a 31 de agosto de 2025

Entrada gratuita de segunda a sábado, das 9h às 19h.

Fonte por: Brasil de Fato

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