Parkinsonismo: conheça 3 tratamentos que promovem maior qualidade de vida
As terapias auxiliam no gerenciamento dos sintomas de doenças neurodegenerativas, cuja incidência deverá triplicar nos próximos 30 anos no país.

A incidência de Parkinson no Brasil deverá dobrar nas próximas décadas, saltando de aproximadamente 500 mil casos para 1,2 milhão até 2060, conforme estudo brasileiro publicado em abril no The Lancet Regional Health. Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e de outras instituições realizaram a estimativa com base em dados de quase 10 mil indivíduos em todo o país.
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Apesar disso, o artigo também conclui que a doença ainda é muito subdiagnosticada em seus estágios iniciais, indicando a necessidade de aprimoramento na investigação de casos e de maior acesso ao tratamento.
O Parkinson é uma doença neurológica decorrente da degeneração de células responsáveis pela produção de dopamina, neurotransmissor que estimula os movimentos. O principal fator de risco é o envelhecimento, embora também haja uma associação com a exposição excessiva a determinados produtos químicos, como alguns solventes.
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Inicialmente, se apresenta através de tremores, lentidão nos movimentos, rigidez muscular, entre outros sinais. O diagnóstico é clínico, pois não existe um exame específico para identificar a doença, que é progressiva e tem uma evolução lenta.
O tratamento pode auxiliar no controle dos sintomas, sem oferecer cura. Inicialmente, utiliza-se medicamentos para compensar a deficiência de dopamina, juntamente com exercícios físicos, fisioterapia e, ocasionalmente, sessões de fonoaudiologia.
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Entretanto, após aproximadamente sete ou oito anos, conforme cada indivíduo, surgem restrições funcionais. “Pode haver grande impacto na qualidade de vida e, frequentemente, a pessoa ainda é ativa, necessitando trabalhar, por exemplo. Nesta fase, aborda-se a terapia avançada”, explica o neurologista Rubens Cury, do Hospital Israelita Albert Einstein.
Para pacientes que não seguem mais o tratamento clínico, existem algumas opções que devem considerar o estágio da doença e o perfil de cada paciente.
DBS (Estimulação Cerebral Profunda)
Essa técnica cirúrgica existe há aproximadamente 20 anos e apresenta grande eficácia no controle da lentidão e dos tremores. O procedimento consiste na implantação de dois eletrodos em regiões específicas do cérebro, um de cada lado.
São conectados a um tipo de marcapasso instalado no tórax do paciente. Este dispositivo emite uma descarga elétrica que modula o núcleo de células doentes, regulando os sinais que geram os sintomas.
Ademais da eficácia, uma das vantagens da técnica é a possibilidade de regular a intensidade conforme os sintomas, sendo que, à medida que a doença progride, é possível ajustar as descargas. Por outro lado, por se tratar de um procedimento cirúrgico, pode ser contraindicado para algumas pessoas, como aquelas muito idosas ou com complicações clínicas.
Ultrassom Focado de Alta Intensidade (HIFU).
Realiza-se um ultrassom de alta intensidade para controlar tremores, tanto no Parkinson quanto no tremor essencial. A técnica proporciona uma melhora imediata do sintoma, em aproximadamente 70%. A técnica foi introduzida no Brasil em 2025, sendo aprovada nos Estados Unidos desde 2017.
Diferentemente do DBS, este procedimento é menos invasivo. O paciente é colocado em uma máquina de ressonância magnética utilizando um tipo de capacete (para isso, é necessário raspar todo o cabelo). Com a ajuda de exames de imagem, planeja-se a intervenção no local exato onde as células estão alteradas.
Durante o procedimento, são utilizadas ondas de ultrassom em um ponto específico do cérebro, o tálamo, responsável pelos tremores. O objetivo é provocar uma lesão térmica ínfima, de 4 milímetros, que elimina o “curto-circuito” causador do tremor. Todo o processo leva aproximadamente três horas e é realizado com o paciente acordado, sem anestesia geral. O paciente é liberado no mesmo dia.
A terapia é de um lado, se o paciente apresentar tremores em ambos os lados do corpo, será necessária uma sessão complementar no lado oposto, após pelo menos nove meses.
Contudo, a técnica não é uma cura para a doença, nem elimina sintomas como rigidez e lentidão. Apesar disso, a longo prazo a maioria continua com tremores controlados, embora estes possam retornar. “Depende da progressão da doença e da pessoa. Também pode não haver uma melhora tão significativa quanto o paciente espera. Pode ser necessário repetir ou realizar outros tratamentos”, observa Cury.
Adicionalmente, em razão da inflamação no sítio da lesão, o indivíduo pode apresentar dificuldades de equilíbrio. Também pode ocorrer dor, náusea, formigamento, alteração da fala e fraqueza. Na maior parte dos casos, os efeitos adversos são suportáveis e transitórios.
A terapia de infusão dopaminérgica.
Essa abordagem consiste na administração contínua do medicamento já existente por meio de um dispositivo injetável sob a pele, que libera as doses de forma constante.
O medicamento oral apresenta efeito temporário, podendo ser útil em conjunto com a terapia contínua, segundo o neurologista. A substância ainda não foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), apesar de ter sido liberada nos Estados Unidos em 2024.
Parkinsonismo: qual o impacto do diagnóstico para os pacientes.
Fonte: CNN Brasil