Partido dos Trabalhadores enfrenta desafio de garantir a reeleição de Lula e consolidar um projeto de futuro sem a figura do presidente

O novo presidente Edinho Silva assume o partido com o objetivo de obter sucesso em 2026 e planejar o cenário após o governo Lula.

05/08/2025 4:05

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Partido dos Trabalhadores enfrenta desafio de garantir a reeleição de Lula e consolidar um projeto de futuro sem a figura do presidente
(Imagem de reprodução da internet).

O 17º Encontro Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), concluído neste domingo (3) em Brasília (DF), consolidou a nomeação de Edinho Silva como novo presidente nacional da sigla. A decisão se deu em virtude do maior Processo de Eleições Diretas (PED) da história petista, com a participação de mais de 548 mil filiados em todo o país. A partir do segundo semestre de 2025, a legenda enfrenta dois desafios importantes: assegurar a reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 2026 e orientar o partido na construção de uma nova referência política para o futuro.

Durante a cerimônia de posse, Lula destacou a magnitude da tarefa. Para completar 80 anos, declarou estar em seu melhor momento político e pessoal, mas assegurou que só seria candidato novamente se estiver em plena condição de saúde. “A alternância de poder é saudável, mas não podemos permitir que a extrema direita volte a governar o Brasil”, afirmou, em referência ao bolsonarismo.

Lula também fez um apelo à unidade do partido e defendeu o retorno de lideranças históricas da Direção Nacional, como José Dirceu e José Genoino. Para o presidente, o PT precisa recuperar seus vínculos com a classe trabalhadora e manter sua centralidade no cenário político: “Este partido, tantas vezes questionado, desde que se conquistou o direito de votar para presidente, sempre foi primeiro ou segundo”.

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Com o apoio da tendência majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB), Edinho Silva conquistou o PED com vantagem significativa e enfrentará a tarefa de promover a unidade em um cenário marcado pela polarização política e pelas disputas internas do PT.

Apesar do novo diretório nacional já ter sido selecionado, a composição da Executiva Nacional permanece incerta e deve apresentar uma configuração política liderada por Edinho, considerando a proporcionalidade estabelecida nas eleições.

O desafio de Edinho é canalizar a força de seu campo político para fortalecer a unidade do partido e da militância frente ao desafio de derrotar a extrema direita e reeleger Lula, afirma Leidiano Farias, delegado no encontro e membro Direção Nacional do Movimento Brasil Popular. Segundo ele, a definição da Executiva busca também um equilíbrio funcional e político que reafirme a hegemonia da CNB.

Para Jessy Dayane, assessora-adjunta da Juventude da Presidência da República e, ainda, representante do encontro, o desafio reside não apenas na formação de uma nova liderança, mas na habilidade do partido em manter-se conectado com a classe trabalhadora.

O PT deve permanecer como o instrumento que representa o projeto da classe no Brasil. Ela vê no processo de renovação política – com a eleição de figuras jovens como Rosa Amorim, Maíra do MST e Luna Zarattini, entre outros nomes – uma sinalização de que esse movimento já está em curso.

Na reunião, reiteraram-se os valores e princípios históricos do partido e ajustaram-se as diretrizes programáticas. Foram temas centrais a promoção de um Estado palestino, a condenação do genocídio em Gaza e questões nacionais, incluindo a tributação dos super-ricos, a defesa da soberania, o enfrentamento das desigualdades, o encerramento da jornada de 6 horas no comércio e a retomada de políticas sociais, como o Bolsa Família, o Minha Casa, Minha Vida e o programa Pé nas Curvas.

A última candidatura de Lula e o processo de sucessão que se avizinha.

A questão da sucessão de Lula marcou os discursos e os bastidores do encontro nacional. Edinho Silva, o novo presidente do partido, destacou que o momento é o mais importante da história do PT, considerando a necessidade de renovar as lideranças e assegurar o futuro do projeto petista sem a principal liderança.

Na fala de Lula, essa preocupação se manifestou de forma evidente. Ele declarou que mantém a energia de 30 anos, porém não será candidato se não tiver “100% de saúde” e não enganará nem o partido nem o povo. Ao mesmo tempo, proferiu discurso firme com tom de campanha. “Se eles não estão gostando do que fizemos em três mandados, que se preparem para o quarto”, afirmou, gerando aplausos.

A noção de que o “sucessor de Lula” seria uma construção coletiva foi recorrente entre as fontes do partido e analistas consultados pelo Brasil de Fato. “O sucessor de Lula não é uma pessoa. É um conjunto de possibilidades de líderes. É o próprio PT e as relações que ele construiu com a sociedade”, resume Vitor Quarenta, membro da Direção Nacional entre 2017 e 2025 e integrante da tendência CNB.

Jessy Dayane também rejeita a lógica de uma substituição individual. Para ela, o que está em jogo é a renovação de um programa capaz de unificar a militância e manter o vínculo com os setores populares. “A liderança do Lula é insubstituível. O que precisamos é garantir que o partido continue sendo essa referência da classe trabalhadora”, afirma.

Para José Antonio Moroni, do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), a sucessão exigirá mais do que nomes. Segundo ele, será necessário construir uma nova forma de fazer política. “Não devemos pensar em substituir o Lula, mas em criar alternativas que se construam de forma coletiva, a partir das lutas do povo negro, das mulheres, dos territórios. Uma outra forma de exercer poder.”

Organização, trabalho de base e enfrentamento à extrema direita.

A persistência do cenário envolvendo Lula representa um desafio de longo alcance, e o PT também lida com questões urgentes. Dentre elas, a necessidade de expandir sua atuação em diferentes regiões, intensificar o trabalho direto com a população e consolidar sua posição como força dominante na sociedade. O aviso foi levantado por diversos grupos internos e lideranças durante o evento nacional.

Jessy Dayane considera que o enfrentamento à extrema direita demanda, primordialmente, um PT com raízes nas periferias e conectado com a realidade do povo. “É um desafio programático e de base. O PT precisa atualizar seu programa e fortalecer sua referência nos setores trabalhadores, com maior militância e mais presença nos territórios”.

A avaliação é análoga à de Leidiano Farias, da Direção Nacional do Movimento Brasil Popular. Para ele, o partido enfrenta um dilema histórico: superar a extrema direita nas eleições e, simultaneamente, preparar o ciclo pós-Lula. “O PT precisa reafirmar sua função como instrumento político da classe trabalhadora. Sem Lula e sem uma liderança da mesma estatura histórica, o partido só manterá seu peso se aprofundar sua face militante e ampliar sua inserção territorial”, afirma.

Da mesma forma, José Antonio Moroni argumenta que o bolsonarismo estabeleceu bases populares, o que demanda um novo avanço organizativo pelo Partido dos Trabalhadores. “O partido deve abandonar ser apenas uma máquina de disputas por poder e retornar a ser um espaço de lutas, causas e utopias”. Assim, ele adverte, pode-se distinguir da direita.

Nova fase demanda menor burocracia e maior ação política.

A ascensão de Edinho Silva sinaliza o começo de um novo período na gestão do PT. Com a forte predominância da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), a direção eleita enfrenta agora o desafio de reorganizar o partido e evitar falhas em um cenário político instável. “Incide sobre o PT a obrigação de combater a extrema direita no Brasil. O momento é de risco”, declara Vitor Quarenta.

Espera-se que o presidente conduza o processo com equilíbrio político e foco em fortalecer a estrutura partidária. “O adiamento busca um acordo que combine o bom funcionamento da instância com a reafirmação da hegemonia da CNB”, explica Leidiano Farias.

Quarenta, que também publicou um artigo com balanço do PED, defende que o partido precisa ir além da “postura combativa” e construir uma nova ofensiva política. “Manter os punhos cerrados, mas tirá-los dos bolsos”, escreveu. Para ele, o PT corre o risco de se tornar apenas gestor institucional, perdendo vigor enquanto organização militante.

A militância, segundo ele, precisa estar no cerne das decisões estratégicas do partido, e a nova direção deve abrir perspectivas para que a base exerça um papel de liderança. “Que saibam colocar a combatividade em ação, avançando além das posições defensivas em que nos encontramos atualmente.”

Fonte por: Brasil de Fato

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