Pesquisa aponta que 15% dos franceses já experimentaram relacionamentos não exclusivos

O número de casais que adotam ou se mostram abertos a essa forma de relacionamento tem crescido na França.

03/05/2025 8h25

4 min de leitura

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(Imagem de reprodução da internet).

Françaises e francesas demonstram crescente interesse em relacionamentos abertos. O número de casais que adotam ou se mostram abertos a essa experiência tem aumentado no país, acompanhado da evolução das identidades sexuais.

Uma pesquisa do Instituto Francês de Opinião Pública (Ifop) para o aplicativo de encontros extraconjugais Gleeden revelou que os relacionamentos “alternativos” estão ganhando popularidade na França. Apesar da monogamia ser a prática predominante (65%), 8% dos entrevistados relataram estar em um relacionamento aberto no momento.

Em 2017, apenas 1% dos franceses relataram aderir a essa tendência, o que representa um aumento de 7% em relação a 2025. Adicionalmente, 15% dos entrevistados pelo Ifop indicaram já ter vivenciado um relacionamento aberto.

O número é ainda maior quando o foco está nos parisienses. Na capital francesa, 17% dos homens e mulheres com mais de 18 anos relatam estar em um relacionamento aberto no momento. Contudo, 23% das pessoas entrevistadas que residem em Paris afirmam ter sido parte de um casal poligâmico em algum momento da vida.

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O diretor do polo Gênero, Sexualidades e Saúde Sexual do Ifop, François Kraus, não considera surpreendente a diferença entre Paris e o restante da França. “O casal livre é algo mais valorizado socialmente nos meios progressistas”, analisa o responsável pela pesquisa, François Kraus, em entrevista ao jornal Libération.

A capital francesa, governada pela prefeita Anne Hidalgo, do Partido Socialista, costuma votar em partidos progressistas e de esquerda. Essa orientação política é um fator relevante para aqueles que defendem o relacionamento aberto. A maior parte dos parisienses que já experimentaram casais polígamos é filiada ao Partido França Insubmissa (32%).

Jovens e homossexuais: perfil dos que aderem a relacionamentos não monogâmicos.

A pesquisa do Ifop corrobora dados já apresentados por outras investigações sobre a sexualidade do público francês. Indivíduos que praticam relacionamentos não-monogâmicos são majoritariamente jovens adultos, entre 25 e 34 anos (23%).

Adicionalmente, cerca de 47% dos casais não-monogâmicos na França são compostos por homens gays e bissexuais, seguidos por lésbicas e mulheres bissexuais (25%). Em relação aos heterossexuais que praticam o relacionamento aberto, 17% são homens e 9% mulheres.

Essa opção de vida também apresenta um marcante aspecto de classe social. Os relacionamentos abertos são praticados majoritariamente por indivíduos com diploma de nível superior (20%) e por cidadãos que exercem profissões reconhecidas como “intelektuais” na França (23%), incluindo médicos, advogados, engenheiros, arquitetos, jornalistas, artistas, professores universitários, entre outros.

Em relação à tendência política de quem rejeita a norma monogâmica, 26% vota no partido de esquerda radical França Insubmissa, 15% no Renascimento, partido centrista do presidente Emmanuel Macron, 14% no partido socialista (esquerda mais tradicional), 12% nos ecologistas. Pessoas de posicionamento conservador também são adeptas de relacionamentos abertos: 11% votam no Partido Republicano (direita) e 15% no partido de extrema direita Reunião Nacional, segundo a pesquisa do Ifop.

Movimentos como #MeToo e a defesa do casamento para todos desafiam normas tradicionais e promovem a discussão sobre direitos individuais, igualdade e novas formas de relacionamento.

O diretor do polo Gênero, Sexualidades e Saúde Sexual do Ifop, François Kraus, considera que os relacionamentos abertos representam uma tendência que “se estabelece gradualmente como uma opção em contraste com casais monogâmicos e heterossexuais convencionais”. Segundo o especialista, o movimento Me Too, que emergiu em 2017, questionando a cultura do estupro, desafiou as normas conjugais tradicionais.

Paralelamente à união civil igualitária, aprovada em 2013 na França, destaca-se a mobilização feminista como principal agente na evolução das identidades de gênero no país. Um estudo recente, publicado nesta semana pelo Instituto Nacional de Estudos Demográficos da França (Ined), revela que a rejeição da heterossexualidade tem crescido no país.

A transformação é impulsionada por jovens, sobretudo mulheres. Atualmente, quase 20% das francesas com idades entre 18 e 29 anos não se identifica como heterossexual: 10% são bissexuais, 5% panssexuais, 2% lésbicas e outros 2% são assexuais ou não sabem definir. Em 2015, apenas 3% das mulheres não se considerava heterossexual.

Entre os homens, também se observa a tendência, porém em menor proporção. No total, 8% dos franceses que rejeitam a heteronormatividade, 4% bissexuais, 3% homossexuais e 1% assexuais ou não sabem definir sua orientação. Em 2015, o número era de 2%.

De acordo com o diretor de pesquisa do Ined, Wilfried Rault, a heterossexualidade apresenta-se como “menos atraente” para uma parcela dos jovens franceses. Ele complementa que outros debates sociais, como a conscientização sobre a desigualdade de gêneros nas atividades domésticas, também influenciam a evolução das identidades sexuais na França.

Consulte a matéria completa no RFI, parceiro do Metrópoles.

Fonte: Metrópoles

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