Pesquisa aponta que jovem brasileiro muda de posição política com o envelhecimento

Estudo da Fundação Astrojildo Pereira revela que a população entre 25 e 30 anos tende a ser mais urbana, cética e desiludida.

27/07/2025 9h09

3 min de leitura

Imagem PreCarregada
(Imagem de reprodução da internet).

Uma análise de milhão de publicações de pessoas entre 16 e 30 anos em redes sociais, realizada ao longo de 12 meses, revela que os jovens brasileiros migram do esquerda ao envelhecer. Apresentam-se a se deslocar para o centro ou a adotar uma postura mais cética ou desiludida.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

De acordo com a pesquisa, a esquerda é mais popular entre jovens de 16 a 18 anos, com 44,5% dos adolescentes se identificando com esse espectro político. O levantamento “O que pensam os jovens brasileiros”, divulgado antecipadamente pelo Poder360, foi realizado pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira) com a consultoria AP Exata.

Formulário de cadastro

LEIA TAMBÉM:

Além do aspecto político, a pesquisa examinou os sentimentos gerais, as fases da vida adulta, os assuntos principais abordados e as particularidades regionais. O diretor-geral da FAP, Marcelo Aguiar, declara que a análise é “muito abrangente para compreender o que os jovens estão pensando”.

Para o diretor, o levantamento apresenta uma “fotografia” do cenário atual do país. Aguiar não considera a diminuição na quantidade de pessoas que se identificam como de esquerda à medida que envelhecem como um fenômeno exclusivamente brasileiro. Para ele, isso é um “reflexo histórico do que passa a humanidade”.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Entre os jovens brasileiros com idades entre 19 e 24 anos, a esquerda ainda é a principal tendência, representando 33,7%, porém, demonstra sinais de enfraquecimento. Já entre os indivíduos com idade compreendida entre 25 e 30 anos, essa porcentagem diminui para 18,9%, notadamente devido à maior ênfase dada a trabalho, família e metas pessoais. A direita mantém uma participação similar nas duas faixas etárias: 21,8% entre os jovens de 19 a 24 anos e 17,6% entre os de 25 a 30, apoiada por argumentos de mérito e valores conservadores.

O centro aumenta sua força com o envelhecimento, elevando-se de 17,6% para 27,4% e assumindo a liderança entre os mais idosos, refletindo a procura por equilíbrio e segurança. O ceticismo também cresce, passando de 19,5% para 25,2%. A apatia, que era de 7,4% no grupo mais jovem, sobe para 10,9%, demonstrando um distanciamento progressivo do envolvimento político.

O diretor da FAP acredita que este movimento pode estar relacionado à perda de utopias [de esquerda] e de identidade. Mesmo com os números desfavoráveis, ele afirma que não se trata de um sinal de que a esquerda vai desaparecer, mas sim de um momento de “reestruturação”.

Outro dado analisado pela pesquisa são os temas mais comentados pelos brasileiros entre 16 e 30 anos nas redes sociais. A política é mais relevante para as pessoas entre 25 e 30 anos (24,6%), enquanto os temas “futuro” e “estudos” são mais importantes para os adolescentes (32,5%).

O estudo aponta para uma transformação gradual nos interesses dos jovens ao longo da vida. As citações sobre assuntos como educação, saúde mental, política e emprego seguem o percurso de vida e o desenvolvimento das responsabilidades.

A metodologia envolve um conjunto de procedimentos e técnicas utilizados para alcançar um objetivo específico, abrangendo a coleta, análise e interpretação de dados, bem como a definição de estratégias e ações a serem implement

A pesquisa utilizou a plataforma Horus, tecnologia da AP Exata que monitora publicações em redes sociais. A análise foi conduzida com base em 500.000 postagens no X (anteriormente Twitter), YouTube, Threads, Instagram e Facebook, provenientes de usuários localizados em 145 cidades de todos os estados brasileiros.

O Discord também foi empregado na etapa qualitativa do levantamento, com aplicação de netnografia. Nesse tipo de metodologia, os estudos dos fenômenos culturais são realizados através da internet.

Diante do fato de a pesquisa ter ocorrido no ambiente virtual, é relevante considerar que este é um espaço em que a direita tem exercido maior influência. Para Aguiar “a esquerda ficou para trás neste processo no mundo digital”.

O diretor da FAP destacou que, atualmente, a esquerda tem se manifestado. Segundo ele, um dos casos foi a competição com a direita após o anúncio das tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros estabelecidas pelo governo dos EUA.

O governo brasileiro, por exemplo, desenvolveu campanhas digitais que enfatizavam a soberania nacional diante da decisão do presidente norteamericano Donald Trump (Partido Republicano).

A FAP, criada em 2000, é o setor de estudos do partido Cidadania, antigo PPS (Partido Popular Socialista).

Fonte por: Poder 360

Utilizamos cookies como explicado em nossa Política de Privacidade, ao continuar em nosso site você aceita tais condições.