Pesquisa identifica espécies vegetais tolerantes ao calor em áreas de encosta do Espírito Santo

Foram identificadas 26 espécies de plantas lenhosas, que apresentam notável capacidade de resistir à falta de água, à baixa disponibilidade de nutrientes e a altas temperaturas.

4 min de leitura

(Imagem de reprodução da internet).

Uma pesquisa em quatro inselbergs (formações rochosas expostas) no estado do Espírito Santo, na região Sudeste do Brasil, revelou 26 espécies de plantas lenhosas, notáveis pela sua capacidade de tolerar a falta de água, a baixa disponibilidade de nutrientes e altas temperaturas.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O estudo foi conduzido por cinco pesquisadores brasileiros e representa um avanço para esse tipo de vegetação em inselbergs da Mata Atlântica.

O estudo foi conduzido com 300 indivíduos dessas 26 espécies, compreendendo árvores, arbustos e palmeiras, incluindo duas espécies endêmicas de inselbergs deste bioma: Pseudobombax petropolitanum (paineira-das-pedras) e Wunderlichia azulensis (árvore da família dos girassóis), ambas ameaçadas de extinção.

LEIA TAMBÉM!

A capacidade de armazenamento de carbono está relacionada com a expectativa de vida da planta e sua taxa de crescimento anual, uma vez que as plantas absorvem dióxido de carbono da atmosfera para se alimentar. Com o CO2, as plantas podem produzir energia para si e, sobretudo, ganhar biomassa, crescer.

A busca pela longevidade é um tema central na ciência e na filosofia, abrangendo a extensão da vida humana e a qualidade de vida durante esse

O pesquisador do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), Dayvid Couto, afirma que algumas espécies exibem notável longevidade, como a paineira-das-pedras, que, em certos casos, alcança 16 metros de altura e 116 centímetros de diâmetro, o que é surpreendente, considerando que a espécie cresce diretamente sobre rochas expostas.

Representou ser o primeiro estudo global a quantificar a biomassa e o carbono de plantas lenhosas em inselbergs. Contudo, para determinar o verdadeiro potencial de sequestro de carbono dessas comunidades vegetais, seria necessário aprofundar as pesquisas, investigando, por exemplo, seus períodos de vida, taxas de crescimento e a biomassa e o carbono armazenados no sistema radicular.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Sem essas respostas, é difícil fazer estimativas do potencial de sequestro de carbono. Essas questões serão monitoradas e avaliadas em estudos futuros que a equipe pretende desenvolver, dependendo de financiamento. Isso permitirá obter dados robustos sobre o potencial de carbono fixado anualmente por essa vegetação, por exemplo.

Carbono

As plantas lenhosas em inselbergs podem acumular entre 14 e 48 toneladas de carbono por hectare, apenas na biomassa aérea, um valor comparável ao de florestas estacionais nas regiões circundantes do sul do Espírito Santo.

Contudo, em face das mudanças climáticas, o potencial de sequestro de carbono das inselbergs não é a única contribuição que o conhecimento dessa vegetação pode trazer para o ambiente. Devido serem afloramentos rochosos, acumulam pouca terra e, poucos nutrientes e água, além de estarem sujeitos a alta exposição solar.

As espécies que habitam os inselbergs apresentam adaptações relevantes que lhes proporcionam maior resistência a condições extremas, como solos pobres, alta incidência solar e falta de água e nutrientes. Algumas dessas adaptações compreendem raízes tuberosas, que armazenam água, e folhas caducifólias, que se desprendem durante os períodos mais secos para minimizar a perda hídrica, segundo o estudioso.

Restauração de florestas

Devido à sua notável capacidade de adaptação a situações difíceis, essas espécies podem tornar projetos de reflorestamento mais eficazes, particularmente em áreas sujeitas à mineração, atividade econômica que representa uma ameaça aos inselbergs capixabas.

Diversas espécies arbóreas identificadas apresentam características que as tornam adequadas para as condições adversas. Assim, elas se configuram como promissoras para aplicação em projetos de recuperação de áreas danificadas pela extração de rochas ornamentais, conforme explica Dayvid Couto.

A indústria de rochas ornamentais é uma das atividades econômicas mais relevantes no Espírito Santo. Contudo, os impactos significativos que essa atividade causa na biodiversidade dos inselbergs têm sido amplamente desconsiderados.

Ele afirma que esses ecossistemas contêm um grande número de espécies vegetais, muitas delas nativas e em risco de extinção.

Desafio para a ciência

Restaurar as funções ecológicas e as interações bióticas nesses ambientes após a mineração é um desafio considerável para a ciência. Nosso estudo evidencia lacunas importantes de conhecimento e reforça a necessidade de investimentos em pesquisas voltadas especificamente para esse tipo de ambiente. A partir desses dados, é possível buscar soluções mais sustentáveis e inovadoras, capazes de transformar essa indústria em um modelo de responsabilidade socioambiental.

O estudo revelou que 17 das 26 espécies que não constavam em um inventário da flora de inselbergs da região Sudeste do Brasil, o que indica que ainda há muito a ser descoberto em relação à diversidade vegetal desses ambientes.

O Brasil também apresenta redução de 14% no desmatamento da Mata Atlântica, segundo estudo.

Pesquisa revela o impacto latente dos seres humanos no meio ambiente global.

Fonte: CNN Brasil

Sair da versão mobile