Pesquisa mostra que anticoncepcional pode mudar o cérebro e aumentar o medo
19/11/2023 às 15h36
Um estudo de endocrinologistas da Universidade de Montreal, no Canadá, apontou que anticoncepcionais hormonais promovem alterações no cérebro que podem resultar em sensação mais comum de medo e insegurança entre suas usuárias.
De acordo com pesquisa publicada na revista Frontiers in Endocrinology, em 7/11, mulheres que usaram métodos contraceptivos desse tipo tinham menor quantidade de massa cinzenta na área responsável por passar a sensação de tranquilidade.
De acordo com a pesquisa liderada pela endocrinologista Alexandra Brouillard, o resultado sugere que os anticoncepcionais podem afetar a regulação emocional nas mulheres.
Como foi feita a pesquisa?
O estudo analisou imagens do cérebro de três grupos de mulheres: um grupo de 62 mulheres que estavam usando pílulas contraceptivas, outro grupo de 37 mulheres que já haviam usado e um terceiro grupo de 40 mulheres que nunca tinham usado. Além disso, participaram 41 homens como grupo controle.
Os exames de imagem apontaram o aspecto e a espessura da massa cerebral dos voluntários. As mulheres que estavam fazendo uso do anticoncepcional eram as únicas que tinham um córtex pré-frontal ventromedial com menos massa do que o dos homens – eles, biologicamente, já possuem essa região com menor volume.
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Essa zona cerebral regula as emoções que envolvem reação rápida, especialmente o medo. Ali são processadas informações para que as pessoas avaliem se estão em um ambiente tranquilo e seguro, um processo que resulta na emissão de bloqueadores para os marcadores neurais de insegurança e alerta.
Uma boa notícia é que o efeito pode ser revertido, já que as voluntárias que não estavam mais tomando o medicamento tinham uma espessura normal nessa área.
A reação mental ao medo
Os endocrinologistas também investigaram outras partes do cérebro e descobriram que o córtex cingulado, que é a região responsável pela sensação de medo, pode ser diferente em cada pessoa. Essas diferenças não parecem ter qualquer ligação com o uso de anticoncepcionais.
Com isso, foi possível concluir que as mulheres que usam anticoncepcionais não produzem mais marcadores neurais de medo do que as outras, mas que elas produzem menos reguladores ligados à sensação de tranquilidade e ao controle do medo.
Um problema da pesquisa é não levar em conta os fatores sociais que podem explicar por que algumas mulheres têm mais medo do que outras.