Pesquisadores argumentam sobre a possibilidade de explorar a Zona Econômica Exclusiva da Margem Equatorial
A Academia Brasileira de Ciências afirma que a busca por petróleo na região é legítima, contanto que haja controle das emissões.

A Academia Brasileira de Ciências (ABC) publicou um relatório que avalia como legítima a exploração de petróleo na Bacia Marginal Equatorial brasileira, ademais indicando que os impactos ambientais podem ser reduzidos. O documento de 28 páginas foi produzido por cientistas experientes da instituição e lançado na quinta-feira (7.ago.2025).
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A preocupação com uma transição energética justa, que considere, inclusive, o eventual uso do petróleo e gás da margem equatorial, é legítima, desde que esteja inserida em uma estratégia clara e articulada de controle das emissões de gases de efeito estufa.
O parecer, coordenado pelo químico Jailson de Andrade, professor da UFBA, não apresenta recomendações diretas sobre como o governo brasileiro deve agir em relação à exploração na região. A abordagem não prescritiva desapontou as expectativas de um posicionamento contrário à abertura de uma nova frente petrolífera.
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A decisão de inaugurar uma nova fronteira exploratória de petróleo e gás na zona da fronteira brasileira com o Atlântico Sul não pode ser analisada de forma isolada, desvinculada da vasta agenda internacional de combate às mudanças climáticas.
A decisão final sobre a liberação depende das exigências do Ministério do Meio Ambiente, que avalia os riscos ambientais, ao passo que o Ministério de Minas e Energia defende o projeto.
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A Zona Econômica Exclusiva abrange uma vasta região na costa norte, abrangendo águas até 2.000 metros de profundidade, situada a cerca de 500 km da desembocadura do Amazonas. A área é marcada pela Plataforma Continental Amazônica e por notável dinâmica oceânica.
O Brasil detém atualmente a 8ª maior produção mundial de petróleo, exportando mais de metade de sua produção. Observadores do projeto argumentam que a expansão para a Margem Equatorial busca primariamente gerar receitas com exportações, e não suprir a demanda interna.
A complexidade das linhas de navegação na área poderia conferir a um eventual derramamento de óleo uma dinâmica intrincada, possivelmente imprevisível. Contudo, sustenta que os impactos podem ser notavelmente reduzidos se houver proteção antecedente dos ecossistemas mais vulneráveis à poluição.
O relatório não especifica como essa proteção poderia ser implementada, nem como a exploração se integraria à estratégia brasileira de redução de emissões de gases de efeito estufa.
O grupo de trabalho da ABC avaliou o histórico de acidentes em exploração em águas profundas, como o da plataforma norte-americana Deepwater Horizon, que provocou grave vazamento no Golfo do México em 2010 a 1.500 metros de profundidade. Segundo Andrade, o Brasil desenvolveu tecnologias de prospecção em águas profundas com altos padrões de segurança nas últimas décadas, tornando-se referência internacional nesse tipo de operação.
Fonte por: Poder 360