Petrobras e a Foz do Amazonas: Disputa Ambiental Ganha Novo Peso
O pedido para anular a licença da Petrobras na região da Foz do Amazonas reacende um debate crucial sobre a exploração de petróleo em áreas de alta sensibilidade ambiental e social. A controvérsia, longe de ser recente, agora questiona a validade do processo conduzido pelo Ibama e a avaliação dos riscos inerentes àquela região.
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O governo e a Petrobras argumentam que a “margem equatorial” é fundamental para a segurança energética do país e para a abertura de novas fronteiras exploratórias. No entanto, técnicos do Ibama, pesquisadores independentes e comunidades tradicionais alertam para a subestimação dos riscos envolvidos.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), o Estudo de Impacto Ambiental apresentado pela Petrobras apresenta falhas significativas: o uso de dados desatualizados, a subdimensionamento da área de influência e a exclusão de municípios que dependem da pesca artesanal.
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A atividade pesqueira, que sustenta a economia de diversos municípios do Pará e do Amapá, é considerada fixa no território, quando na verdade se move com as correntes, as marés e a migração das espécies.
Um ponto crítico adicional é a ausência de consulta prévia e livre às comunidades tradicionais, etapa obrigatória em qualquer empreendimento que possa afetar territórios e modos de vida locais. Essa omissão contribui para a percepção de insegurança jurídica, um problema recorrente em grandes obras.
A disputa também possui um componente político relevante. Em 2023, um pedido semelhante foi negado pelo Ibama, com um parecer técnico contrário. Apesar das revisões da Petrobras, o MPF considera que o caso não corrigiu problemas estruturais no processo.
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A situação expõe um dilema central na agenda ambiental brasileira: a pressão por novas reservas de petróleo e a defesa da capacidade produtiva do país, contra a necessidade de proteger ecossistemas frágeis, garantir os direitos dos povos tradicionais e evitar danos irreversíveis.
A decisão judicial terá consequências que vão além da Foz do Amazonas. Ela poderá definir o tipo de desenvolvimento que o Brasil está disposto a sustentar, ponderando o peso da ciência, dos territórios tradicionais e da proteção da biodiversidade.
