Plano de golpe: ouça trechos relevantes das declarações de Freire Gomes

O ex-comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, compareceu ao Supremo Tribunal Federal (STF) por mais de duas horas na segunda-feira (19). Na ocasião, o ministro Alexandre de Moraes alertou o militar sobre a possibilidade de “falsear a verdade” e mencionou possíveis contradições no depoimento.

O ex-comandante figura como testemunha-chave na investigação que apura se o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou articular um golpe de Estado após perder as eleições em 2022. Bolsonaro acompanhou o depoimento por videoconferência.

Observe as principais declarações proferidas durante o depoimento do general Freire Gomes.

Leia também:

Senado aprova 530 novos cargos em STF e STJ; R$ 25 milhões em impacto

Alfredo Gaspar recusa visita a Bolsonaro por prioridade na comissão

Dino: Execução de emendas só após cumprir regras federais

“Não permitirei circo no meu tribunal”, declarou Moraes ao advogado de Anderson Torres.

Moraes, que é relator do processo e presidente da Primeira Turma, onde ocorre o julgamento e a inquirição das testemunhas, alertou ao advogado de Bolsonaro, Anderson Torres, durante o questionamento a Freire Gomes sobre o conteúdo da minuta do golpe, encontrada na residência do ex-ministro.

Freire Gomes declarou não saber se a minuta encontrada pela Polícia Federal seria a mesma apresentada a Bolsonaro em reuniões. O advogado repetiu a pergunta diversas vezes. Moraes interveio e disse: “Doutor, não estamos aqui para fazer circo. Eu não vou permitir. Eu não permitirei que vossa senhoria faça circo no meu tribunal”.

“Você distorceu a realidade”, afirmou Moraes a Freire Gomes.

O depoimento de Moraes ocorreu quando o ex-comandante negou ter presenciado qualquer “conluio” entre Bolsonaro e o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, em relação à adoção de medidas para impedir a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A declaração, contudo, contrasta com o depoimento que o militar havia fornecido anteriormente à Polícia Federal. Na ocasião, Freire Gomes relatou que Garnier teria se colocado à disposição de Bolsonaro para executar ações com esse objetivo, conforme consta no relatório policial.

“Ou o senhor fraudou a verdade na Polícia Federal ou está fraudando a verdade aqui”, declarou Moraes, exigindo clareza e precisão do general.

“Pense cuidadosamente antes de responder”, declarou Moraes a Freire Gomes.

Moraes alertou ao general Garnier para refletir sobre as respostas que estava fornecendo, uma vez que, na visão do ministro, as declarações de Freire Gomes eram incongruentes com os depoimentos dados à Polícia Federal. “Antes de responder, reflita com cuidado. A testemunha não pode omitir a verdade”, alertou Moraes.

“Jamais mentiria”, respondeu Freire Gomes.

Diante daquela advertência do ministro, o general Freire Gomes declarou: “Com 50 anos de Exército, jamais mentiria”.

Fonte: CNN Brasil