Plásticos geram prejuízos de 1,5 trilhão de dólares à saúde mundial anualmente
Uma pesquisa da Lancet revela que a produção de plásticos aumentou em mais de 200 vezes desde 1950, configurando um perigo para a humanidade e o planeta.

Uma pesquisa publicada na revista científica Lancet aponta que os plásticos constituem um “perigo grave, crescente e pouco reconhecido” para a saúde humana e do planeta. A investigação, divulgada nesta segunda-feira (4.ago.2025), demonstra que o mundo enfrenta uma “crise dos plásticos” que causa doenças e mortes em todas as idades, com prejuízos à saúde estimados em pelo menos US$ 1,5 trilhão por ano.
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O volume de produção de plásticos aumentou mais de 200 vezes desde 1950 e deverá quase triplicar até 2060, atingindo mais de 1 bilhão de toneladas anuais. O documento foi publicado um dia antes da 6ª rodada de negociações entre países para estabelecer um tratado global sobre plásticos. A íntegra do estudo em inglês (PDF – 2,1 MB) está disponível.
O relatório aponta que os riscos associados aos plásticos estão presentes em todas as fases do seu ciclo de vida, desde a extração dos combustíveis fósseis empregados na fabricação até o descarte final. A poluição plástica já se manifesta desde o cume do Monte Everest até a mais profunda fenda oceânica, com 8 bilhões de toneladas contaminando o planeta.
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O professor Philip Landrigan, pediatra e epidemiologista do BC (Boston College) nos EUA e autor principal do relatório, declarou que se conhece amplamente a extensão e a magnitude dos impactos dos plásticos na saúde e no meio ambiente.
As negociações para o acordo global encontram divergências entre mais de 100 nações que defendem restrições à produção de plástico e nações petrolíferas, como a Arábia Saudita, que se opõem à proposta.
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Mais de 98% dos plásticos são produzidos a partir de petróleo, gás e carvão. A produção libera o equivalente a 2 bilhões de toneladas de CO2 anualmente, um volume superior às emissões da Rússia, 4º maior poluidor do mundo.
A pesquisa demonstra que mais de 16 mil produtos químicos são empregados na fabricação de plásticos, abrangendo preenchimentos, corantes, retardantes de chama e estabilizadores. Uma estimativa dos prejuízos à saúde decorrentes de apenas três dessas substâncias – PBDE, BPA e DEHP – em 38 países, alcança US$ 1,5 trilhão anualmente.
“Os impactos incidem de forma mais severa sobre populações vulneráveis, principalmente bebês e crianças”, afirmou Landrigan. “Geram custos econômicos significativos para a sociedade. É nossa responsabilidade agir em resposta.”
Apenas uma pequena porcentagem, inferior a 10%, do plástico produzido é reciclado. Países dependentes de petróleo e a indústria de plásticos argumentam que a prioridade deve ser a reciclagem, e não a diminuição da produção.
O relatório, contudo, é categórico: “Agora está claro que o mundo não pode reciclar sua saída da crise da poluição plástica”.
Fonte por: Poder 360