Policial mata jogador de futebol e mais seis pessoas em operação no Amapá

Ações policiais na madrugada deste domingo (4/5) no bairro Pantanal, em Macapá (AP), ceifaram a vida de sete indivíduos. Dentre os falecidos, encontra-se o jogador de futebol Wendel Cristian Conceição Wanderley, de 21 anos, que já disputou competições em clubes renomados do estado, incluindo Ypiranga Clube, Trem e EC Macapá.

Nove policiais militares foram afastados, na segunda-feira (5/5), por determinação do governador Clécio Luís (Solidariedade). A Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) informou que a operação ocorreu em razão de uma denúncia de tráfico de drogas, com suspeita de presença de indivíduos armados em um veículo modelo Onix Plus de cor branca.

Versão da polícia

De acordo com o boletim de ocorrência, os policiais afirmaram ter retaliado após serem atingidos por disparos. No local, foram apreendidas sete armas, incluindo uma de calibre grande, dinheiro em espécie, porções de crack, maconha e cocaína.

O secretário de Justiça e Segurança Pública, José Netto, informou que se encontra em prática uma política de combate às organizações criminosas do estado e que há informações concretas de que entre os óbitos, há membros de facções criminosas. Ressaltou que todas as providências e medidas cabíveis para apuração dos fatos estão sendo tomadas.

Estão entre os falecidos o adolescente Max Dias Toloza, de 14 anos, e Erick Marlon Pimentel Ferreira. Este último é apontado pelas autoridades como suposto líder do tráfico na região, além de possuir uma extensa ficha criminal. Nas redes sociais, o governador Clécio Luís afirmou que impôs uma rigorosa apuração dos fatos, além de garantir assistências às famílias das vítimas.

Lista das vítimas:

Homenagens e versão contestada.

Wendel Cristian, ex-jogador do Ypiranga em 2024 e campeã sub-20 pelo EC Macapá em 2023, recebeu homenagens de clubes e torcedores. O Ypiranga lamentou a “perda precoce”, enquanto o EC Macapá relembrou sua atuação vitoriosa pelo clube.

Usuários das redes sociais questionaram o falecimento de Wendel, refutando a versão policial e afirmando que ele não tinha histórico criminal, ressaltando que era um trabalhador e estudante de educação física.

“Aos juízes da Internet, este jovem é uma prova que inocentes perderam a vida de forma cruel”, escreveu uma internauta.

Advogada é presa durante a operação.

A Ordem dos Advogados do Brasil no Amapá (OAB-AP) também se manifestou, denunciando a prisão de uma advogada que estava no local prestando assistência a um dos envolvidos.

A organização alega que a mulher foi algemada sem justificativa legal, visto que a retenção de advogados só é permitida em casos de flagrante delito não afiançável. A polícia, por sua vez, afirma que a detenção ocorreu em razão de desacato.

A Sejusp comunicou que o caso está sob investigação da Polícia Civil para apurar possível “uso desproporcional da força”.

Fonte: Metrópoles