Por que é importante que os EUA e a China recomecem a comunicação militar? - ZéNewsAi

Por que é importante que os EUA e a China recomecem a comunicação militar?

16/11/2023 às 0h12

Por: José News

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O mais importante da reunião entre Joe Biden e Xi Jinping é o fato de ela ter acontecido.

Os presidentes americano e chinês não se reuniam havia um ano. Estava previsto novo encontro em maio, que não se materializou por causa da visita da então presidente da Câmara dos Deputados Nancy Pelosi a Taiwan e da derrubada do balão chinês nos céus dos EUA.

Esses eventos representaram apenas as tensões entre as duas maiores economias do mundo.

Os militares chineses não estão respondendo às ligações dos americanos desde o começo do ano. Isso está preocupando os órgãos de segurança dos Estados Unidos e da Europa.

Um simples diálogo pode evitar um confronto armado que seria inevitável.

Além das mágoas da China, a conversa também foi atrapalhada pelo afastamento dos ministros de Relações Exteriores e da Defesa da China, Qin Gang e Li Shangfu, respectivamente. Eles foram afastados devido a um escândalo em que vazaram informações confidenciais para os EUA sobre a Força de Foguetes chinesa.

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Biden disse a Xi, no início da cúpula, que é muito importante que nós, como líderes, nos entendamos sem confusões nem problemas de comunicação. Ele também reforçou o argumento de que a competição entre os Estados Unidos e a China não deve se transformar em conflito.

A situação é semelhante: a China e os Estados Unidos não podem ignorar um ao outro. É impossível que um país mude completamente o outro e o conflito teria consequências ruins para ambos.

A questão é que, para ambos, evitar um conflito tem sentidos diferentes.

Em 1979, quando reconheceu a China, os Estados Unidos concordaram em um acordo com Taiwan. Este acordo estabelece que a união entre a ilha e o continente deve ser obtida por meio de negociações, e não por intervenção militar.

Xi declarou claramente que não exclui a possibilidade de usar a força militar para anexar Taiwan e não deseja deixar esse problema para seu sucessor lidar. A única incerteza agora é quando Xi terá um sucessor, uma vez que em 2018 o Parlamento chinês, controlado pelo Partido Comunista, removeu o limite de dois mandatos de 5 anos para o cargo de presidente.

A China está ao lado da Rússia na guerra contra a Ucrânia. Isso porque a Rússia está enfrentando o Irã, que está ajudando o Hamas. Enquanto isso, os Estados Unidos estão apoiando a Ucrânia e Israel.

Da mesma forma, os americanos têm acordos de defesa mútua com Japão e Coreia do Sul, dois grandes adversários da China no Leste Asiático, e apoiam outros países da Ásia-Pacífico que temem a projeção chinesa, como Austrália e Filipinas. Os EUA têm ainda uma forte cooperação com a Índia, outra adversária da China.

Num sinal de possível distensão, os americanos se abstiveram mas não vetaram nessa quarta-feira proposta de resolução de Malta no Conselho de Segurança, atualmente presidido pela China, sobre o conflito Israel-Hamas.

Rússia, aliada do Irã, e Reino Unido, aliado de Israel, também se abstiveram. Os outros 12 membros do Conselho, incluindo o Brasil, votaram a favor.

Aconteceu a quinta tentativa de resolver o problema causado pelo Hamas no dia 7 de outubro, quando o Brasil era o líder do Conselho. Foi positivo ver que os Estados Unidos permitiram que a resolução fosse aprovada sob a presidência da China, o que mostra um gesto de boa vontade.

Biden também queria impedir a China de continuar suas políticas de dumping, que envolvem subsidiar produtos chineses, especialmente veículos elétricos, para que sejam vendidos a preços baixos nos Estados Unidos.

De acordo com informações da Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos estava considerando a possibilidade de iniciar uma nova disputa comercial com a China se suas práticas não fossem abandonadas.

Neste momento, Xi não teria muitas opções de escape, pois Donald Trump, que provavelmente enfrentará Biden nas eleições em cerca de um ano, iniciou uma guerra comercial com a China quando ainda era presidente.

O governo Biden impôs restrições ao fornecimento de tecnologia necessária para produzir chips avançados na China. Essas restrições são aplicadas com o objetivo de dificultar o progresso tecnológico, incluindo o militar, do país asiático.

Taiwan é o país que mais produz chips no mundo. No entanto, essa situação pode ter um efeito contraditório, já que pode aumentar o interesse em anexar Taiwan.

Durante a conversa, de acordo com uma fonte do governo americano citada pela CNN, Xi descreveu essa estratégia como “contenção tecnológica”. Biden reiterou que os EUA não compartilharão com a China tecnologia que possa ser utilizada de forma militar contra eles.

Outra preocupação de Biden era pedir que a China coibisse o fornecimento de insumos para a produção de fentanil, uma das drogas que causam uma epidemia de abuso de psicotrópicos nos Estados Unidos.

Biden e Xi se conhecem há bastante tempo, como eles mencionaram em seus pronunciamentos.

Eles foram vice-presidentes nos governos de Barack Obama e de Hu Jintao, e nessa capacidade se reuniram várias vezes no passado. Entretanto, veem um ao outro de pontos de vistas opostos.

A China é uma nação emergente em busca de um lugar no mundo que acredita estar reservado para ela milenarmente. Os EUA sentem sua hegemonia ameaçada em um jogo de soma zero: o que a China ganhar, eles perderão.

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