Porto transforma carros batidos em negócio sustentável e lucrativo com Renova Ecopeças

O que acontece com veículos após perda total?

Quando um carro sofre um acidente e a seguradora declara perda total, o destino desse veículo no Brasil é preocupante. Apenas 1,5% dos automóveis fora de circulação recebem uma destinação adequada, conforme dados do Sindicato das Empresas de Sucata de Ferro e Aço. A maioria acaba em pátios de salvados, ferros-velhos informais ou aterros, desperdiçando materiais que poderiam ser reciclados. Em contraste, países como Estados Unidos e Japão reciclam entre 80% e 95% desses veículos.

A Renova Ecopeças, que atua há 12 anos, é pioneira na reciclagem automotiva no Brasil. Parte do Grupo Porto, a empresa tem como missão transformar o desafio dos veículos com perda total em uma solução sustentável e lucrativa. Com mais de 30 mil veículos desmontados e 37 mil toneladas de aço reaproveitadas, a Renova se destaca como a maior operação do tipo na América Latina.

Processo de reciclagem na Renova

Daniel Morroni, diretor-executivo da Porto Serviço, explica que a separação das peças do carro permite a destinação sustentável de até 95% dos componentes. “Desmontamos o carro e separamos as peças que podem ser revendidas, totalizando 85% do automóvel”, afirma. Os 10% restantes são transformados em resíduos para reciclagem, enquanto 5% são descartados de forma sustentável.

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A reciclagem não é apenas uma questão ambiental, mas também econômica. As peças recuperadas oferecem descontos de até 60% em comparação com as novas. Morroni destaca que a definição de preços é crucial: um erro pode resultar em peças paradas no estoque ou em negócios não rentáveis. A tecnologia é fundamental para encontrar o valor ideal, cruzando preços de peças novas, genéricas e usadas.

Impacto ambiental e sustentabilidade

A Renova busca minimizar o desperdício de materiais valiosos, como aço e plástico, que são perdidos quando veículos não são reciclados. Viviane Pereira, gerente de sustentabilidade da Porto, ressalta a importância de dar nova vida aos resíduos. “Isso não impacta apenas a Porto, mas também a pegada de carbono de toda a cadeia de produção de veículos”, explica.

Itens como para-choques e airbags não podem ser comercializados, conforme a Lei do Desmonte. As peças em bom estado são tratadas e revendidas, e cada uma recebe um selo de rastreabilidade via QR code. A meta da Renova é dobrar a reciclagem de veículos até 2030, contribuindo para a redução das emissões de carbono.

Como funciona o processo de desmontagem?

O processo inicia quando um veículo sofre perda total, seja por acidente ou custo de reparo elevado. A Porto Serviços analisa os veículos e seleciona os mais procurados para a Renova. Após a seleção, os carros passam por testes para identificar quais peças estão em bom estado.

A descontaminação é a próxima etapa, onde fluidos e gases são removidos. Em seguida, a desmontagem é realizada peça por peça, garantindo que componentes danificados sejam reciclados com parceiros. As peças comercializáveis são lavadas, fotografadas e cadastradas para venda.

Expansão da Renova Ecopeças

Atualmente, a operação da Renova está no limite, levando a empresa a buscar novos investimentos para expandir suas atividades. O objetivo é triplicar a quantidade de veículos reciclados até 2030. O crescimento das vendas e a evolução do site impulsionaram essa necessidade.

A ampliação da operação permitirá que a Renova atinja quase 8 mil carros desmontados por ano, com uma meta de 3 mil carros até 2025. O investimento na expansão é significativo, com mais de R$ 6 milhões destinados a dobrar a capacidade de operação.

Viviane destaca a importância da Renova na estratégia de negócios e sustentabilidade da Porto. Dobrar a reciclagem de veículos até 2030 é uma das principais metas ESG da seguradora, junto com a utilização de 100% de energia renovável e a redução das emissões de carbono.