Presidente de ONG é proprietário de loja no Aeroporto JK, envolvido em esquema de fraude ao INSS
26/04/2025 às 2h58

No Aeroporto Internacional de Brasília – Presidente Juscelino Kubistchek, um pequeno espaço exibe artesanato indígena, despertando interesse, principalmente de visitantes estrangeiros, à capital do país. A Jaguar Produtos Artesanais se define como a maior curadoria de arte indígena brasileira, tendo sido inaugurada no ano anterior e com capital declarado de R$ 100 mil.
Os clientes desconhecem que aquele pequeno comércio pertence ao pecuarista Carlos Roberto Ferreira Lopes, também dono da empresa de reprodução bovina Concepto Vet, e presidente da Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer).
A ONG está entre as entidades envolvidas na fraude do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), um esquema bilionário que envolve o desconto indevido de valores em pagamentos de aposentados. A investigação da Controladoria-Geral da União (CGU) divulgada nesta semana aponta que a Conafer arrecadou aproximadamente R$ 688 milhões em salários de aposentados, referentes a trabalhadores rurais e indígenas, desde 2019.
O que ocorreu.
A instituição disponibiliza em seu site o Programa +Previdência Brasil, que, de acordo com a página, visa difundir a educação previdenciária e o INSS Digital, oferecendo cursos sobre esses benefícios e auxiliando o interessado a garantir seu direito.
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O site ainda indica que não há custos para essa ação. As associadas não receberão remuneração do INSS ou dos usuários pela execução do serviço, não sendo impedidas de cobrar a mensalidade associativa do beneficiário do serviço, conforme consta no portal.
A investigação da CGU, por sua vez, aponta que a situação não era como a Conafer desejava apresentar. Os auditores ouviram 56 pessoas, em 16 unidades da Federação, que receberam o desconto feito pela confederação, e nenhuma delas havia autorizado o repasse.
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A Controladoria informou que 621.094 aposentados sofreram descontos em seus pagamentos relacionados à Conafer no primeiro trimestre de 2024.
O Metrópoles buscou contato com a Jaguar, a Conafer e com o empresário Carlos Lopes, sem obter resposta até a publicação deste texto. A reportagem também visitou uma loja de artesanato no Aeroporto de Brasília, mas o estabelecimento estava fechado.
Fonte: Metrópoles