A Polícia Civil de São Paulo indiciou o presidente do Corinthians, Augusto Melo, e mais três indivíduos pelos crimes de furto, lavagem de dinheiro e associação criminosa. O indiciamento foi realizado na quinta-feira (22.mai.2025) e está relacionado a irregularidades no contrato entre o clube paulista e a casa de apostas VaideBet.
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A investigação apontou que uma parcela da comissão paga no contrato de patrocínio foi repassada à UJ Football Talent Intermediação Ltda. A empresa seria um dos braços do PCC (Primeiro Comando da Capital) no mercado futebolístico, conforme delação premiada do empresário Vinicius Gritzbach, assassinado no Aeroporto de Guarulhos em 8 de novembro de 2024, ao Ministério Público.
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Além de Augusto Melo, foram indiciados o ex-diretor administrativo Marcelo Mariano, o ex-superintendente de marketing Sérgio Moura e Alex Cassandé, proprietário da empresa que intermediou o contrato com a VaideBet.
O relatório policial constatou o desvio de recursos do clube por meio de um esquema que utilizou a intermediação do contrato de patrocínio. A inclusão de Cassundé no contrato, segundo a polícia, ocorreu devido à atuação orquestrada e criminosa de Augusto Pereira de Melo, Marcelo Mariano dos Santos e Sérgio Lara Muzel de Moura, dirigentes corintianos que agiram em conluio e meticulosamente para afastar aqueles que realmente contribuíram para a sua existência.
A investigação aponta que Cassunde não atuou como intermediário no contrato, informação que era conhecida pela diretoria. Contudo, eles possibilitaram que ele, de forma inadequada, aparecesse, por meio de sua empresa, no contrato milionário celebrado com a empresa de apostas.
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O contrato entre o Corinthians e a Vai de Bet totaliza 360 milhões de reais. O clube garantiu uma comissão de 7%, cerca de 25 milhões de reais, para a empresa intermediária do negócio, a Rede Social Media Design Ltda, pertencente a Alex Cassundé.
Cassundé integrou a equipe de comunicação de Augusto Melo na campanha que resultou na eleição do atual presidente do Corinthians em 2023.
A defesa de Augusto Melo comunicou ter recebido com incredulidade e indignação o relatório final do inquérito, divulgado na noite de quinta-feira (22), e informou que apresentará suas considerações oficiais após concluir a análise integral do documento. A nota também reafirma a convicção de que o presidente não possui qualquer envolvimento com eventuais irregularidades relacionadas ao caso.
Aqui está a íntegra da nota:
A defesa do presidente Augusto Melo recebeu com incredulidade e indignação o relatório final do inquérito, divulgado na noite desta quarta-feira (22), e informa que fará suas considerações oficiais assim que concluir a análise integral do documento.
Reitera-se a convicção de que o presidente Augusto Melo não possui qualquer envolvimento com eventuais irregularidades relacionadas ao caso.
O presidente esteve à frente de viabilizar o maior contrato de patrocínio master do futebol sul-americano, recebendo a proposta, direcionando-a aos departamentos competentes e formalizando o acordo com a aprovação de todos os setores envolvidos.
O advogado Ricardo Cury e o presidente Augusto Melo farão coletiva de imprensa nesta sexta-feira (23), às 15h, na Neo Química Arena.
Em comunicado oficial, o Corinthians declarou: “O Sport Club Corinthians Paulista informa que, até o momento, não há nenhuma demonstração de autoria relacionada aos fatos mencionados. O presidente do Clube reafirma seu total apoio às investigações em andamento, bem como a todas as iniciativas que visem apurar eventuais envolvimentos do crime organizado no futebol brasileiro. O Corinthians destaca que é vítima das circunstâncias investigadas e reforça que não possui controle sobre o que terceiros fazem com valores recebidos em decorrência de contratos firmados. O Clube cumpre rigorosamente todas as suas obrigações legais e contratuais, prezando pela transparência e integridade em suas operações. O Corinthians reitera seu compromisso com a transparência, a responsabilidade e a justiça no esporte, apoiando todas as medidas necessárias para garantir a lisura das competições e combater práticas ilícitas no futebol.”
A UJ Football Talent emitiu comunicado assegurando que “não possui qualquer ligação com organizações criminosas e não é investigada por envolvimento com o crime organizado”. A empresa também declarou: “A UJ Football Talent confirma que recebeu, da empresa Wave, valores referentes à comissão pela intermediação da transferência do atleta Emerson Royal ao clube Barcelona. Trata-se de uma operação regular de mercado, devidamente contratada, declarada e documentada. A empresa não tinha, até então, qualquer conhecimento sobre suspeitas que envolvam a origem desses recursos.”
A Lion Soccer Sports Representações Esportivas Ltda, com Danilo Lima como sócio administrador, emitiu comunicado negando qualquer vínculo dele com a UJ Football: “Diante de recentes publicações veiculadas na mídia, a Lion Soccer Sports Representações Esportivas Ltda vem a público esclarecer que o empresário Danilo Lima de Oliveira, seu sócio administrador, nunca integrou, sob qualquer forma, o quadro societário ou de gestão da empresa UJ Football Intermediação”. A nota acrescenta: “Ressaltamos, ainda, que Danilo Lima não possui qualquer envolvimento com os fatos sob investigação, tampouco figura como parte no processo mencionado nas reportagens, não tendo conhecimento dos elementos que compõem o referido caso. Danilo Lima permanece à disposição das autoridades competentes para quaisquer esclarecimentos que se fizerem necessários, com absoluta transparência e confiança na Justiça”.
A decisão sobre o processo envolvendo o caso Vai de Bet impactará diretamente a reunião de 26 de maio, quando os conselheiros do Corinthians votarão o impeachment de Augusto Melo. O presidente já enfrenta quatro pedidos de destituição, incluindo um relacionado a esse caso, que pode determinar seu futuro à frente do clube.
Compreenda as alegações.
Os dirigentes estabeleceram um esquema jurídico fictício para desviar recursos do clube.
O delito foi qualificado em razão do desvio de confiança, indicando que os indivíduos responsáveis se valeram de sua posição de destaque como administradores para praticar o crime, empregando artifícios que simplificaram a subtração e intensificaram a classificação penal. A sanção é pena de reclusão de dois a oito anos e multa.
A investigação revelou que os gestores se aproveitaram da confiança dos membros e da própria entidade, constituindo uma associação criminosa com o propósito de praticar fraudes, mediante um plano detalhado de 36 pagamentos de R$ 700 mil. A pena para associação criminosa é reclusão, de 1 a 3 anos.
Para evitar o rastreamento, os envolvidos empregaram empresas fictícias e dividiram o dinheiro, configurando lavagem de recursos, com todos os participantes cientes da movimentação irregular dos valores e da ausência de um intermediário real no processo. Nesse caso, a pena é de reclusão de 3 a 10 anos e multa.
Fonte: Poder 360