Procurador do INSS afastado obteve R$ 11,9 milhões de investigações da Polícia Federal
29/04/2025 às 3h23

O ex-Procurador-Geral do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, recebeu R$ 11,9 milhões de empresas ligadas às entidades associativas investigadas por descontos irregulares na folha de pagamentos de aposentados e pensionistas.
O detalhamento das transações encontra-se no documento da operação Sem Desconto, que visa descontos indevidos estimados em R$ 6,3 bilhões. Virgílio Filho foi afastado do cargo pelo Judiciário na quinta-feira (23/4), quando a Polícia Federal (PF) conduziu a operação que executou mais de 200 mandados de busca e apreensão. Posteriormente, a Advocacia-Geral da União (AGU) determinou sua exoneração.
A PFÂ afirma que os valores foram recebidos por pessoas físicas e jurídicas relacionadas a Virgílio.
Deste montante, aproximadamente R$ 7,5 milhões originaram-se de empresas vinculadas a Antonio Carlos Camilo Antunes, também conhecido como “careca do INSS” e apontado como lobista no esquema. Uma parcela dos repasses foi realizada através da esposa de Virgílio, Thaisa Hoffmann Jonasson.
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A Polícia Federal afirma que Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, Procurador-Geral do INSS, recebeu R$ 7.547.000,00 por meio de Thaisa Hoffmann Jonasson, sua companheira, de Antonio Carlos.
Virgílio integra a alta administração do INSS, que sofreu mudanças após investigações divulgadas pela Metrópoles. Ele, juntamente com o presidente do INSS, que também foi desligado do cargo no mesmo dia, e outros funcionários do instituto, foram afastados.
De acordo com a Polícia Federal, Virgílio agiu de forma inadequada e excessiva em processos administrativos ligados às entidades associativas, em particular no desbloqueio em massa para a inclusão de descontos associativos solicitado pela Contag.
Ademais dos valores obtidos de empresas vinculadas ao lobista e entidades suspeitas, a PF também aponta um acúmulo patrimonial do procurador no montante de R$6,3 milhões, decorrente da comercialização de imóveis durante o período dos descontos irregulares de aposentados.
Em razão disso, Virgílio Filho obteve um aumento de patrimônio de R$18.330.145,18 decorrente do esquema do INSS, conforme aponta a PF ao consolidar os valores obtidos e os lucros com os imóveis.
Operação sem desconto.
A operação da Polícia Federal investiga um prejuízo estimado em R$ 6,3 bilhões para os beneficiários do INSS que sofreram descontos irregulares nos últimos anos.
Pelo menos 10 entidades tiveram seus acordos de Cooperação Técnica com o Instituto suspensos no âmbito da operação Sem Desconto.
Investigações apontam que empresas com acordos com o INSS realizavam cobranças indevidas diretamente nas folhas de pagamento de aposentados e pensionistas. O esquema de cobrança irregular foi divulgado pelo Metrópoles em uma série de reportagens.
Algumas das cobranças não eram autorizadas pelos pensionistas, que buscaram a Justiça após identificar os valores em suas aposentadorias.
A reportagem contatou os indivíduos mencionados, porém não recebeu resposta.
Fonte: Metrópoles