Professor critica declaração de Israel sobre “pausa tática” em Gaza, assegurando que não há alteração no emprego da fome como estratégia

Após a liberação do exército de Israel, a ajuda humanitária retomou a chegada ao território palestino neste domingo (27).

27/07/2025 12h39

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(Imagem de reprodução da internet).

O Israel anunciou, no domingo (27), uma pausa tática em três regiões da Faixa de Gaza, para permitir a entrada de ajuda humanitária, o que é visto com ceticismo por especialistas que monitoram o conflito em andamento.

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“Não há maior sentido nisso, da ‘humanitária’ de 10 horas?”, questiona Ualid Rabah, presidente da Federação Árabe Palestina (Fepal) em relação ao comunicado do exército israelense de que as pausas militares vão acontecer entre as 10h e as 20h, todos os dias, sem prazo definido.

Afirma ao Brasil de Fato que, se após 10 horas a situação persistir, sem a chamada “pausa humanitária”, fica evidente que o projeto continua, inclusive e especialmente para que a fome persista e até aumente.

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O governo de Israel anunciou, ademais, a criação de “rotas seguras destinadas a trens que transportam alimentos e medicamentos entre as 6h e as 23h”. Contudo, reiterou que outras áreas continuarão sendo alvo de bombardeios.

Nas últimas semanas, seis mil caminhões de ajuda humanitária, abastecidos com toneladas de alimentos congelados, foram impedidos de entrar no território.

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O professor de Estudos Árabes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Murilo Meihy, está alinhado com as declarações do presidente da Fepal.

O anúncio israelense não implica qualquer alteração no emprego da fome como arma de guerra por parte de Israel. A pausa tática é apenas uma resposta desesperada de seu governo atual ao aumento das reações internacionais face às ações militares injustificadas de Tel Aviv nos últimos anos.

Meihy recorda que outras medidas de cessar-fogo já foram anunciadas em ocasiões anteriores, porém não cumpridas por Israel.

Israel demonstra um histórico recente de rompimento de acordos de cessar-fogo e intensificação de suas ações militares em resposta ao progresso das negociações.

O Ministério da Saúde de Gaza informou que o número de mortes causadas por fome e desnutrição na Faixa de Gaza atingiu 133 desde o início da guerra. Entre outubro de 2023 e a data atual, os ataques israelenses resultaram em pelo menos 59.587 mortes e 143.498 feridos, conforme dados das autoridades locais.

Acordo de fim das hostilidades

Os dois especialistas também não acreditam que uma proposta que permita uma trégua na destruição de Gaza prospere, ainda que nas últimas semanas venha crescendo uma pressão internacional para que Israel mude a postura em relação à Faixa de Gaza.

As pressões internacionais estão crescendo significativamente: França acaba de anunciar que caminha para o reconhecimento do Estado palestino em setembro. O Brasil aponta para a entrada de processo contra Israel na Corte Internacional de Justiça liderado pela África do Sul. A Colômbia impõe limites às exportações para Israel, e a Espanha propõe embargo de venda de armas para Tel Aviv.

Contudo, o professor acredita que “assim como a fome, o cessar-fogo também é uma arma de guerra a ser considerada a partir dos objetivos militares de Israel: disseminar o caos em Gaza, com o menor impacto diplomático possível”.

O presidente da Fepal foi enfático ao afirmar que “não há solução que venha de EUA e Israel”.

Se os Estados Unidos e Israel privarem demonstrado algum compromisso com a humanidade e com a verdade, teriam preservado a trégua de novembro de 2023 e possibilitado que um cessar-fogo permanente se estabelecesse. Nada do que ocorreu em Gaza estaria sob os olhares da humanidade se isso tivesse acontecido.

Fonte por: Brasil de Fato

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