Professores no Brasil perdem tempo com indisciplina, aponta OCDE

Brasil registra tempo excessivo de interrupções em sala de aula, superando média global; barulho e desordem impactam maioria dos professores.

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(Imagem de reprodução da internet).

Tempo de Aula Dedicado à Disciplina Escolar no Brasil

Professores brasileiros gastam mais de 20% do tempo de aula lidando com a manutenção da ordem e o comportamento dos alunos, de acordo com a edição de 2024 da Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis), divulgada pela OCDE nesta segunda-feira, 6.

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Este índice supera a média global de 16%, posicionando o Brasil entre os países com maiores desafios relacionados à indisciplina escolar.

Além da questão disciplinar, a carga horária de trabalho dos docentes brasileiros também tem aumentado. Entre 2018 e 2024, os professores em tempo integral acumularam quase cinco horas extras por semana, incluindo tempo de aula, preparação de aulas e atividades administrativas, o que contribui para o desgaste profissional.

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O levantamento ouviu aproximadamente 280 mil docentes e diretores de 17 mil escolas em 55 sistemas educacionais. No Brasil, os dados foram coletados entre junho e julho de 2024 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) em escolas de ensino fundamental II selecionadas aleatoriamente.

Panorama do Brasil

O tempo perdido com indisciplina no Brasil se manifesta de diversas formas, impactando diretamente a qualidade do ensino. Os principais indicadores revelam um cenário preocupante:

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Espera por Silêncio: 43% dos professores relatam perder tempo significativo aguardando o silêncio dos alunos (média OCDE: 15%).

Interrupções: 44% lidam frequentemente com interrupções de alunos durante as aulas (média OCDE: 18%).

Barulho e Desordem: Mais de 50% enfrentam barulho perturbador e desordem regularmente (média OCDE: 20%).

Professores iniciantes sofrem ainda mais com esses problemas. Cerca de 66% dos docentes com menos de cinco anos de experiência relatam barulho perturbador frequente, enquanto entre os mais experientes o índice cai para 53%.

A falta de reconhecimento social agrava o problema. Apenas 14% dos professores brasileiros se sentem valorizados pela sociedade, um dos índices mais baixos da pesquisa, embora tenha subido três pontos percentuais desde 2018.

O estresse também é elevado, sendo mais da metade dos docentes que relatam pressão devido ao grande número de aulas e à necessidade de preparação excessiva.

Adicionalmente, 47% citam intimidação verbal por parte de alunos como fonte de estresse, um índice alarmante quando comparado à média global.

Panorama do Mundo

Globalmente, a proporção de tempo gasto com disciplina cresceu em quase todos os sistemas educacionais desde 2018. No entanto, existem diferenças significativas entre os países, com alguns enfrentando desafios maiores do que outros.

Os países com maiores e menores índices de tempo dedicado ao controle de ordem são:

Acima de 33%: Chile, Finlândia, Portugal e África do Sul

Abaixo de 5%: Albânia, Japão e Xangai (China)

A idade média dos professores no mundo é de aproximadamente 45 anos, sendo que Lituânia e Portugal têm as forças de trabalho mais envelhecidas, com média de 51 anos.

Quase nove em cada dez professores relatam estar satisfeitos com seus empregos, em média, embora essa satisfação varie bastante. As maiores taxas são de 79% no Japão e 98% na Albânia.

Paralelamente, mais de oito em cada dez professores na Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Uzbequistão e Vietnã acreditam que suas opiniões são valorizadas. Em contraste, menos de um em cada dez na Croácia, Estônia, França, Itália, Portugal, Eslovênia e Espanha compartilham essa percepção.

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