Programas sociais elevaram a eficácia no Brasil, retirando o país do Mapa da Fome, afirma a ONU
Máximo Torero, economista-chefe da organização, ressalta o efeito de programas de assistência, como o Bolsa Família, na diminuição da desnutrição.

Programas sociais, notadamente os de transferência de renda, foram cruciais para que o Brasil deixasse o Mapa da Fome, declarou MÁximo Torero, economista-chefe da FAO/ONU (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), em entrevista à FAO Newsroom publicada na quarta-feira (28.jul.2025).
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O matador mencionou o Brasil e o México como exemplos de êxito na aplicação de políticas sociais que diminuíram a insegurança alimentar. O economista considerou a América do Sul como a “boa notícia” do relatório SOFI (Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo) 2025.
Na América do Sul, dois fatores primários sustentam esse sucesso. Inicialmente, houve um forte foco em apoiar as populações mais vulneráveis. Países como Brasil e México implementaram programas sociais impactantes, incluindo transferências de renda, transferências condicionadas de renda e iniciativas de alimentação escolar. Esses programas provaram ser altamente eficazes na prevenção de indivíduos vulneráveis de cair mais profundamente na pobreza através da melhoria na distribuição de renda.
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Os investimentos consideráveis dos países sul-americanos para expandir a produção e a produtividade agrícola são o segundo ponto relevante apontado por Torero. Brasil, Uruguai e Paraguai são líderes exportadores de grãos, o que melhora a oferta de alimentos tanto no país quanto no exterior.
O economista afirmou que países como Chile, Peru, Equador e Colômbia se destacaram na produção de commodities de alto valor. “Esta combinação de medidas robustas de proteção social e produtividade agrícola aprimorada desempenhou um papel crucial no sucesso desses países”, declarou. Torero ressaltou, contudo, que o cenário é diferente em outras regiões: “A América Central e o Caribe foram desproporcionalmente impactados pela pandemia de covid-19 e permanecem altamente vulneráveis a eventos relacionados ao clima”.
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A FAO removeu o Brasil do Mapa da Fome após o país diminuir a insegurança alimentar grave para menos de 2,5% da população. O anúncio foi feito durante a 2ª Cúpula de Sistemas Alimentares, em Adis Abeba, Etiópia.
O resultado considera a média do triênio 2022/2023/2024, conforme dados do relatório SOFI 2025. A íntegra (PDF, em inglês – 10 MB).
De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), aproximadamente 24 milhões de brasileiros apresentaram condição de insegurança alimentar grave até o final de 2023. Trata-se da segunda vez que o Brasil abandona o patamar da fome durante um mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que já havia conseguido tal feito em 2014. O país voltou ao índice do triênio 2018/2019/2020, com a diminuição de programas sociais.
Os indicadores sociais revelam progresso. A pobreza extrema reduziu para 4,4% em 2023, o menor patamar já registrado. A taxa de desemprego diminuiu para 6,6% em 2024, e a renda familiar per capita alcançou R$ 2.020, um recorde da série. Dados do Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) mostram que 98,8% das 1,7 milhão de vagas geradas com carteira assinada em 2024 foram ocupadas por inscritos no Cadênico (Cadastro Único para Programas Sociais), sendo 75,5% beneficiários do Bolsa Família.
O presidente Lula comemorou a conquista na plataforma X, declarando que “com políticas públicas sérias e compromisso com o povo é possível combater a fome”.
O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, comentou sobre o impacto de programas sociais do governo, incluindo o Plano Brasil Sem Fome, que engloba ações como Bolsa Família, o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar). Ele também mencionou o fortalecimento da alimentação nas escolas e os incentivos à qualificação profissional, ao emprego e ao empreendedorismo.
“Esta vitória é resultado de políticas públicas eficazes”, declarou o ministro. “Todas as políticas sociais trabalhando juntas para ter um Brasil sem fome e soberano”, afirmou.
Segundo a Ebia, empregada pela Rede Penssan e pelo IBGE, insegurança alimentar ocorre quando o indivíduo não possui acesso constante a alimentos. É classificada em três níveis: tênue, moderada e severa.
O Índice da Fome da FAO é um indicador que identifica países onde mais de 2,5% da população sofre com insegurança alimentar grave. Estar no mapa indica que uma parcela significativa da população não possui acesso regular a alimentos em quantidade adequada.
Para determinar o indicador, a FAO utiliza o índice PoU (Prevalência de Subnutrição), que se baseia em:
Fonte por: Poder 360