Propulsores da Voyager retomam o funcionamento após interrupção nas comunicações

Sonda com mais de 20 anos de idade, localizada a 25 bilhões de quilômetros de distância, apresenta falhas em seus propulsores.

4 min de leitura

(Imagem de reprodução da internet).

Astronautas da NASA informaram que recuperaram com sucesso os motores da sonda Voyager 1 — a espaçonave mais distante da Terra — no momento ideal, antes de uma comunicação intermitente.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A interrupção ocorreria devido a aprimoramentos em uma antena terrestre que transmite comandos para as sondas Voyager 1 e sua gêmea, Voyager 2. Caso isso acontecesse durante uma falha crítica nos propulsores, a missão histórica poderia estar comprometida.

A solução mais recente para os propulsores de rotação, que estão inativos desde 2004, poderá permitir que a nave permaneça em operação até que estabeleça comunicação novamente com a Terra no próximo ano.

LEIA TAMBÉM!

Lançada em setembro de 1977, a Voyager 1 emprega múltiplos conjuntos de propulsores para operar adequadamente. Os principais direcionam com precisão a nave espacial, assegurando que sua antena permaneça apontada para a Terra. Isso possibilita o envio dos dados coletados, que atingem impressionantes 25 bilhões de quilômetros de distância, no espaço interestelar, além do recebimento de comandos da equipe da missão.

No conjunto principal encontram-se os motores de rotação, que possibilitam à Voyager 1 manter o alinhamento com uma estrela guia e, preservar sua orientação no espaço. A ausência desse controle de rotação poderia comprometer a missão.

Com o passar do tempo, os propulsores geram resíduos de propelente. Até então, os engenheiros alternavam entre os dispositivos originais e os de reserva, além de um terceiro conjunto empregado em manobras durante voos planetários na década de 1980. Contudo, esses últimos não influenciam a rotação da nave espacial.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Os propulsores de rotação originais pararam de funcionar há mais de 20 anos após a falha de dois aquecedores internos. A sonda passou a depender dos jatos de reserva para manter a orientação em relação à estrela guia.

A equipe considerou aceitável que os propulsores principais de rotação falhassem, uma vez que os de reserva operavam sem problemas, afirmou Kareem Badaruddin, gerente da missão no Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da Nasa, em Pasadena, Califórnia. “E, francamente, provavelmente ninguém esperava que as Voyagers continuassem funcionando duas décadas após o lançamento.”

Os engenheiros temem que o acúmulo de resíduos possa levar à falha dos propulsores de reserva, mesmo no outono do hemisfério norte. Assim, precisaram ser criativos e assumir riscos para tentar reativar os antigos dispositivos principais.

Conserto de aparelhos danificados no espaço.

A falha dos aquecedores dos propulsores principais em 2004 levava à crença de que não haveria reparo. Contudo, considerando o risco imediato, a equipe optou por reavaliar o problema.

Os engenheiros suspeitaram que uma falha nos circuitos de alimentação dos aquecedores poderia ter modificado uma chave de posição. Se fosse possível retornar essa chave para sua posição original, os aquecedores poderiam voltar a funcionar e, com eles, os propulsores de rotação principais.

A solução não era simples. A Voyager 1 opera além da heliosfera, a bolha de campos magnéticos e partículas do Sol que se estende muito além da órbita de Plutão.

A equipe precisou arriscar e ativar os propulsores principais, juntamente com os jatos, antes de reparar os aquecedores, pois estes só operariam com os jatos em funcionamento. Caso a nave se desviasse da estrela guia, seus motores seriam ativados automaticamente. A falta de funcionamento dos aquecedores naquele instante poderia resultar em uma pequena explosão.

Um teste para despertar o interesse.

Além do risco, a equipe enfrentava um prazo limitado. Uma antena gigante da Terra, situada em Canberra, Austrália, foi desligada em 4 de maio para obras que se estenderão até fevereiro de 2026. Essa antena é a única capaz de transmitir comandos às sondas Voyager.

“Essas melhorias são importantes para futuras missões tripuladas à Lua e também aumentam a capacidade de comunicação com nossas missões científicas no espaço profundo, muitas das quais se baseiam nas descobertas feitas pela Voyager”, disse Suzanne Dodd, gerente do projeto Voyager e diretora da Rede Interplanetária do JPL.

A antena será ativada brevemente em agosto e dezembro, a equipe decidiu testar os propulsores agora, antes de perder o contato com a sonda. Assim, se precisarem acioná-los em agosto, já saberão se é uma opção viável.

Na data de 20 de março, os engenheiros esperaram com expectativa o retorno dos dados da Voyager 1 após o envio do comando no dia anterior, que visava ativar os propulsores e os aquecedores. A resposta da sonda demorou mais de 23 horas para ser recebida, devido à distância.

Caso o teste apresentasse falhas, a missão já estaria em risco. Contudo, os dados indicaram um aumento expressivo na temperatura dos aquecedores, confirmando o sucesso da tentativa.

“Foi um momento glorioso. A moral da equipe estava altíssima naquele dia”, disse Todd Barber, responsável pelos sistemas de propulsão da missão. “Esses propulsores eram considerados mortos. E essa conclusão era legítima. Mas um de nossos engenheiros teve o insight de que talvez houvesse outra causa possível – e que poderia ser corrigida. Foi mais um milagre na história da Voyager.”

Observe também: Nave soviética que falhou em missão cai de volta à Terra após 53 anos.

Detecção de evidências de vida em outro planeta: qual o significado?

Fonte: CNN Brasil

Sair da versão mobile