O psicósocial Jonathan Haidt, professor da Universidade de Nova York e referência internacional nos estudos sobre saúde mental na era digital, inaugurou a temporada 2025 do Fronteiras do Pensamento em São Paulo na segunda-feira (19). A apresentação trouxe um alerta significativo: a infância está sendo transformada de forma radical – e não para melhor.
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Crianças e adolescentes que crescem na era dos smartphones enfrentam um “novo e radical modo de crescer”, caracterizado por menor interação social, maior sedentarismo e crescente dificuldade de concentração. “A humanidade está ficando mais burra no exato momento em que as máquinas estão ficando mais inteligentes do que nós”, afirmou.
O pesquisador, em uma palestra com mais de mil participantes no auditório Ruy Barbosa da Universidade Presbiteriana Mackenzie, evidenciou a disparidade de desenvolvimento entre as gerações. Apenas cinco anos distinguem uma criança nascida em 1995 de outra que nasceu em 2000. A primeira, utilizou um telefone básico sem acesso à internet e passou parte de sua adolescência sem redes sociais. Já a outra, cresceu com um smartphone e redes sociais ativas, um marco transformador, segundo o especialista.
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Haidt apresentou dados que indicam uma redução significativa no tempo que os adolescentes dedicam à companhia de amigos fora do ambiente escolar, a partir da disseminação dos smartphones. O gráfico, segundo ele, ecoa a curva de isolamento social percebida durante a pandemia de Covid-19. “A infância antes era sinônimo de brincar na rua, de encontros com os amigos. Agora ela se tornou solitária”, afirmou.
Apesar dos impactos mais notórios da hiperconexão serem o aumento da ansiedade e da depressão entre os jovens, Haidt destacou outro efeito menos abordado: a diminuição da capacidade de concentração. “As crianças não conseguem mais se concentrar. O TikTok e o Instagram absorvem completamente sua atenção. É uma disputa desigual”, declarou.
Durante a apresentação, Haidt argumentou que os governos deveriam implementar medidas para salvaguardar as gerações mais jovens. Dentre elas, a restrição do uso de redes sociais para menores de 16 anos e o atraso no acesso a smartphones até os 14 anos. “Espero que também no Brasil vocês proíbam as redes sociais até os 16”, afirmou.
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Pesquisa indica que jovens não recebem suporte adequado para lidar com as redes sociais.
Fonte: CNN Brasil