Quadrilhas operavam na troca de etiquetas de malas no Aeroporto de Guarulhos

Organização indiciada por transportar 126 quilos de cocaína do Brasil para a Europa de forma ilegal, em um esquema que se iniciou em 2022 e foi detectad…

23/07/2025 16h57

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(Imagem de reprodução da internet).

Na terça-feira, 22, a Polícia Federal deteve um dos chefes de uma organização criminosa responsável por trocar etiquetas de bagagens de passageiros para o envio de cocaína para o exterior. Ele estava foragido há mais de dois anos. O grupo é acusado de transportar 126 quilos de cocaína do Brasil para a Europa ilegalmente, em um esquema que existia desde 2022 e foi descoberto em 2023, após o arresto injusto de um casal de mulheres brasileiras na Alemanha, que permaneceram detidas por 38 dias.

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Em julho de 2023, imagens divulgadas pelo Fantástico, da TV Globo, revelaram um homem transportando uma mala contendo 43 quilos de cocaína, encontrando-se com Tamiris Zacharias, de 31 anos, funcionária da Gol Linhas Aéreas. Os dois foram a um dos guichês de check-in da empresa. Tamiris, que também integra a quadrilha, simulou os procedimentos, colocou a mala na esteira e despachou a bagagem com as drogas. A mala seguiu para Lisboa, onde foi apreendida.

A investigação revelou que a mulher não apresentou nenhuma evidência ao proprietário da bagagem. Tamiris foi vista também pelas imagens em contato com outra mulher, Carolina Pennachiotti, de 35 anos. Carolina também trabalhava no aeroporto e era contratada por uma empresa para orientar os passageiros nas filas. Em áudios gravados para a mãe, interceptados pela polícia, ela faz declarações de estar envolvida no esquema.

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A segunda fase do crime, segundo as investigações, ocorria na área restrita do aeroporto, especificamente no local onde as malas chegam após o check-in. Nesse espaço, as imagens registraram funcionários removendo etiquetas de malas de outros passageiros e inserindo, de maneira dissimulada, drogas nas bagagens. A ação criminosa é executada de forma discreta, visando contornar a segurança. Para esta etapa da operação, a quadrilha contou com a colaboração de Deivid Souza Lima e Pedro Venâncio. Os dois foram flagrados realizando a troca de etiquetas em março de 2023, poucos dias antes do mesmo golpe ser aplicado nas duas brasileiras.

Na ocasião, a defesa de Carolina afirmou que a prisão constituía “violação das normas legais” e que demonstraria a improcedência das acusações. A WFS Orbital, empresa terceirizada que contratou Carolina, informou que colaborava com as investigações e oferecia treinamento aos seus colaboradores. Tamiris, da Gol, foi demitida da empresa e confessou participação no esquema. A Gol informou que estava à disposição das autoridades desde que soube das investigações. Os advogados de Deivid e Pedro Venâncio preferiram não se manifestar.

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Prisioneiros e sentenciados

Em agosto do ano passado, integrantes da quadrilha foram condenados pela Justiça. Dentre eles, líderes do esquema de tráfico de drogas, como “Vovó”, “Brutus”, “Charles”, “Man”, “Bahia” e Carolina, que ocupavam posições de destaque na hierarquia do grupo, conforme investigações. A Polícia Federal aponta que eles eram responsáveis pela logística do tráfico, enquanto outros são considerados “mentores intelectuais do crime” e alguns, até mesmo, como “líder do esquema” pela própria quadrilha.

Durante as investigações, a PF identificou detalhes do método de atuação do grupo. Um deles é o uso da senha “futebol” para o envio de drogas para o exterior. As descobertas surgiram a partir da análise de diálogos entre os investigados, encontrados em celulares apreendidos nas operações.

Prisioneiros e sentenciados

As brasileiras Kátyna Baía e Jeanne Paolini ficaram 38 dias presas em Frankfurt após as etiquetas de identidade das malas serem trocadas por bagagens com drogas. As goianas foram libertadas após o Ministério Público alemão, com base no inquérito da Polícia Federal e em vídeos que comprovavam a troca das etiquetas nos Aeroportos de Cumbica, autorizar a soltura do casal. Na ocasião, uma operação da PF prendeu sete suspeitos de participar do esquema.

As vítimas relataram que foram detidas no aeroporto, algemadas aos pés e mãos, e acompanhadas por diversos policiais. A única palavra que elas compreendiam era “cocaína”. Elas tentaram argumentar que aquelas não eram suas malas, devido às diferenças de cores e pesos, mas os policiais apenas repetiam a palavra “cocaína”.

Foram retiradas amostras de DNA sem que houvesse consentimento, a bagagem de mão foi apreendida e elas ficaram desprovidas de medicamentos e roupas adequadas. As duas foram encaminhadas para celas distintas. Ali, em um ambiente frio e com paredes cobertas por fezes, permaneceram por três dias, recebendo apenas pão e água. Posteriormente, foram transferidas para o presídio feminino de Frankfurt, onde conviveram separadamente com mulheres condenadas por diferentes crimes, em celas frias e insalubres.

Com informações do Estadão Conteúdo Publicado por Fernando Dias

Fonte por: Jovem Pan

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