Qual é a gordura ideal para a microbiota intestinal?

29/04/2025 às 17h15

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(Imagem da internet).

A gordura é um ponto central em uma pesquisa publicada recentemente na revista Nutrients, que demonstra a relação do nutriente com a microbiota intestinal. Cientistas da Universidade Laval, no Canadá, analisaram dezenas de estudos e chegaram à conclusão de que os efeitos no intestino podem variar conforme o tipo de ácido graxo, termo técnico para as partículas de gorduras.

Pesquisadores apontam que os ácidos graxos insaturados, encontrados em óleos vegetais, exercem efeitos benéficos. Já os ácidos graxos saturados, provenientes de carnes vermelhas, contribuem para o desequilíbrio da microbiota intestinal.

Atualmente, a microbiota é estudada e há inúmeras evidências que reforçam a importância de preservar a harmonia desse ecossistema. Os cuidados contribuem para a integridade da parede intestinal, o que impede que substâncias nocivas viajem pela circulação, desencadeando inflamações e outros danos.

Estudos indicam que a predominância de bactérias benéficas sobre as patogênicas fortalece o sistema imunológico e influencia o humor. Esses efeitos na saúde mental estão ligados à produção de neurotransmissores – mensageiros químicos responsáveis pela comunicação entre os neurônios – como a serotonina, que está associada ao bem-estar.

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Apesar de se enfatizar o consumo adequado de fibras, provenientes de frutas, verduras e grãos integrais, como principal estratégia para combater a disbiose – que se refere ao desequilíbrio da população bacteriana –, é importante considerar os tipos de gordura, conforme evidenciado em estudo canadense.

As moléculas engorduradas

No universo dos lipídios (outro nome técnico para as gorduras), uma pequena alteração na estrutura química modifica completamente sua atuação. Apesar do nutriente ser essencial para diversas funções do organismo — síntese de hormônios, absorção de vitaminas e composição das membranas celulares, por exemplo — o excesso do tipo saturado está associado a muitos problemas.

Os ácidos graxos saturados estão presentes em fontes animais, como carnes vermelhas, leite e seus derivados, e em alguns vegetais, como os óleos de coco e de palma. Na culinária, essas gorduras não amolecem facilmente e necessitam de altas temperaturas para serem liquefeitas. No organismo, apresentam um comportamento semelhante, o que contribui para explicar a relação com o estreitamento das artérias. Estão também presentes em produtos industrializados, como biscoitos recheados e salgadinhos.

Além de afetar a microbiota, diversas pesquisas comprovam que o excesso de consumo pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, diabetes e tumores no intestino. Um estudo recente, publicado na revista científica JAMA Internal Medicine, confirma essas associações.

Pesquisadores dos Estados Unidos e da Dinamarca analisaram dados de mais de 221 mil indivíduos, monitorados por 33 anos. A pesquisa comparou o consumo de manteiga – rica em gorduras saturadas – com o de óleos vegetais, como os de soja, canola e oliva. Os resultados indicam uma associação entre o consumo de manteiga e um risco elevado de doenças cardiovasculares e câncer.

“Esses trabalhos reforçam o que já vem sendo estudado há anos”, comenta o nutricionista Celso Cukier, do Hospital Israelita Albert Einstein. O médico enfatiza a recomendação de abrir espaço no cardápio para alimentos ricos em insaturadas. “Consumir fontes de monoinsaturadas e poli-insaturadas, dentro de uma dieta equilibrada, ajuda a manter um intestino saudável e afasta diversos males”.

O time das insatisfeitas.

Este grupo contém gorduras macias e até líquidas. Dentre elas, a monoinsaturada, também conhecida como ômega-9 pelos especialistas. Azeite de oliva, abacate e amendoim são excelentes fontes.

Existem indícios de que contribui para o equilíbrio dos níveis de colesterol em circulação, protegendo as artérias. As poli-insaturadas, incluindo os ômega 3 e 6, são compreendidas. O ômega 3, presente na sardinha, salmão, linhaça e chia, apresenta evidências de ação anti-inflamatória e proteção cerebral, com as denominações DHA e EPA.

O ômega-6 está presente em castanhas e óleos vegetais, como os de soja e girassol. Trata-se de uma substância que favorece a imunidade.

As insaturadas são aliadas do intestino. “No estudo canadense é mencionada a melhora na microbiota e um dos mecanismos envolvidos é a produção, pelas próprias bactérias, de metabólitos conhecidos como ácidos graxos de cadeia curta”, explica Cukier. Entre esses compostos benéficos estão o acetato, o butirato e o propionato, que protegem a mucosa intestinal, inibindo inflamações.

Mesmo que todos os benefícios estejam ligados às quantidades limitadas, devem ser consumidos com moderação, sem exageros. A manteiga e outras fontes de gorduras saturadas não precisam ser eliminadas do cardápio, a recomendação é apreciá-las com cautela.

Fonte: Agência Einstein

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Fonte: Metrópoles

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