Qual é a previsão do mercado para os cortes de juros no Brasil? - ZéNewsAi

Qual é a previsão do mercado para os cortes de juros no Brasil?

02/11/2023 às 9h36

Por: José News

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A reunião do Copom do BC, realizada na quarta-feira (1º/11), não trouxe nenhuma surpresa. A taxa Selic foi reduzida em 0,5 ponto percentual, chegando a 12,25% ao ano. Essa redução manteve o ritmo das duas reuniões anteriores, ocorridas em agosto e setembro. Esta foi a penúltima reunião do ano.

O novo patamar da Selic é o menor desde a reunião do Copom de março de 2022, quando os juros estavam em 11,75% ao ano. Depois de três quedas consecutivas de 50 pontos base, no entanto, a pergunta feita pelo mercado financeiro é: afinal, até onde a Selic vai baixar?

Segundo o último relatório do Banco Central, a taxa Selic deve terminar 2023 em 11,75% ao ano. Acompanhando essa decisão, o Copom indicou que, se não houver nenhum problema na economia, os juros devem cair mais 0,5 ponto percentual em dezembro, chegando à projeção do mercado.

De acordo com o Focus, a expectativa é de que para 2024 a taxa de juros básica suba de 9% para 9,25% ao ano. Já para 2025, a projeção é de aumento, passando de 8,5% para 8,75%.

Economistas e agentes do mercado consultados pela reportagem do Metrópoles têm previsões semelhantes às do Relatório Focus para o ano que vem. Acredita-se que a taxa Selic fique entre 9% e 10% até o final de 2024.

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O economista chefe da Daycoval Asset, Rafael Cardoso, prevê que o ciclo de taxa de juros terminará próximo a 9% ao ano, no final de 2024. Caso o ritmo atual seja mantido, no final do primeiro semestre do próximo ano, a taxa Selic estará em 9,75%.

Segundo ele, o “plano de voo” da autoridade monetária não foi modificado, mesmo diante de “ruídos” nas últimas semanas – como a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que o governo não deve cumprir a meta de zerar o déficit primário em 2024, um dos compromissos assumidos com o novo Marco Fiscal.

“No fim das contas, a despeito desses ruídos do último mês, a sinalização do BC não se alterou. Ele indica uma preferência de reduzir 50 pontos base em dezembro e 50 pontos base em janeiro. O que o BC vê do cenário internacional e do cenário doméstico não é suficiente para alterar o plano de voo, pelo menos no curto prazo”, afirma Cardoso.

Conflitos e aumento de preços em todo o mundo podem ser custosos.

Segundo o consultor econômico da Remessa Online, André Galhardo, a taxa Selic no final do ciclo de redução determinado pelo Copom será influenciada por fatores externos como as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio, além da taxa de juros dos Estados Unidos.

“Acredito que a Selic deve ficar entre 9,75% e 10% ao ano (no fim de 2024), com viés de alta. A principal explicação para essa taxa terminal mais elevada no ano que vem, talvez com um término prematuro do ciclo de cortes da Selic, vem do comportamento dos juros dos EUA”, explica Galhardo.

“Os juros americanos mais elevados por um período prolongado diminuem a capacidade dos bancos centrais dos países em desenvolvimento, como o Brasil, de operarem sua política monetária olhando apenas para o cenário doméstico”, prossegue o economista. “Como a taxa de juros dos EUA deve permanecer alta por mais tempo, isso deve diminuir a capacidade dos demais bancos centrais de reduzirem suas taxas para patamares mais desejáveis.”

Na quarta-feira, o Copom diminuiu a taxa de juros Selic para 12,25% ao ano. No mesmo dia, o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos) decidiu manter a taxa de juros entre 5,25% e 5,5% ao ano, que é a mais alta em mais de vinte anos.

Em uma entrevista coletiva após o anúncio, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que não irá reduzir os juros e sinalizou que haverá um aumento de 0,25 ponto percentual na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) em dezembro. Essa é a última reunião do ano de 2023. Aumentar a taxa de juros é uma forma importante usada pelos bancos centrais para controlar a inflação.

Dierson Richetti, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital, tem avaliação semelhante à de Galhardo. “O aumento da projeção do Focus para a Selic se deve, principalmente, a esse novo conflito na Faixa de Gaza. Hoje temos duas grandes guerras em andamento: da Rússia contra a Ucrânia e de Israel contra o Hamas. Além disso, a inflação global ainda é um fator que pesa muito”, observa.

De acordo com Richetti, o que vai determinar se a taxa Selic vai continuar caindo de forma mais intensa ou menos brusca nos próximos meses é a inflação, tanto no Brasil quanto globalmente. Ele destaca que não se analisa apenas a inflação no Brasil, mas do mundo todo.

No Brasil, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, ficou em 0,26% em setembro. Embora tenha acelerado em relação a agosto (quando foi de 0,23%), o indicador veio abaixo das projeções do mercado.

Nos últimos 12 meses até setembro, a inflação no país ficou em 5,19%. A meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para este ano é de 3,25%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, entre 1,75% e 4,75%. Segundo as previsões do Focus, a inflação no Brasil em 2023 deve ser de 4,63%, abaixo do limite máximo da meta para este ano.

Nos Estados Unidos, a taxa de inflação em setembro foi de 3,7% em comparação ao mesmo período do ano anterior, mantendo-se estável em relação ao mês anterior. Esse resultado está de acordo com as expectativas do mercado. A meta de inflação anual do país é de 2%.

“Neste momento, a questão do petróleo é importante. No Brasil, como um país que depende de transporte rodoviário, precisamos de combustível. Se houver uma escassez desse recurso no mundo, seu preço subirá, o que afetará a inflação e pode resultar em uma diminuição mais lenta das taxas de juros ou até mesmo em uma estabilização delas. O controle da inflação é sempre o fator determinante, e isso envolve diversos aspectos econômicos e políticos”, diz Richetti.

De acordo com o sócio da GT Capital, acredita-se que a Selic fique em torno de 10,25% a 10,5% no meio do próximo ano. Já no final de 2024, espera-se que se aproxime de 9,25% a 9,5%.

A próxima reunião do Copom deste ano será nos dias 12 e 13 de dezembro. No ano de 2024, o primeiro encontro do comitê está agendado para 30 e 31 de janeiro. Ao todo, haverá oito reuniões no próximo ano para decidir a taxa básica de juros.

Veja o calendário completo das reuniões do Copom em 2024:

  • 30 e 31 de janeiro
  • Nos dias 19 e 20 de março…
  • 7 e 8 de maio
  • Nos dias 18 e 19 de junho.
  • Nos dias 30 e 31 de julho.
  • Nos dias 17 e 18 de setembro.
  • Nos dias 5 e 6 de novembro
  • Nos dias 10 e 11 de dezembro.

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