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Quem é o soldado suspeito de transportar as armas roubadas do Exército?


Quem é o soldado suspeito de transportar as armas roubadas do Exército?
(Foto Reprodução da Internet)

São Paulo — Dizem que o cabo Vagner da Silva Tandu levou as 21 metralhadoras furtadas do Arsenal de Guerra de São Paulo para os criminosos fora do quartel do Exército em Barueri (SP). Até agora, ele é o único dos seis militares acusados do furto das armas que teve sua identidade revelada.

Aos 23 anos, o cabo Tandu era motorista do ex-diretor do Arsenal Guerra, o tenente-coronel Rivelino Barata de Sousa Batista. O tenente-coronel foi exonerado após a descoberta de um furto ocorrido em 10 de outubro, que foi divulgado três dias depois pelo Metrópoles. Todos os suspeitos tiveram seus sigilos bancário e telefônico quebrados e o Exército solicitou à Justiça Militar pedidos de prisão, porém ainda não houve uma decisão nesse caso.

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O cabo Tandu serve ao Exército desde março de 2019 e recebe um salário líquido de R$ 2,9 mil. Seu pai, Valmir da Silva Tandu, foi condenado a 12 anos de prisão em dezembro de 2017 por envolvimento em um homicídio em Osasco, cidade próxima a Barueri, na Grande São Paulo.

Em janeiro de 2008, houve um crime motivado por uma dívida de R$ 3 mil. Um homem chamado Edicélio Alves dos Santos, de 39 anos, atirou 12 vezes em uma estrada e matou a vítima. De acordo com o Ministério Público Estadual (MPSP), Valmir Tandu estava presente e ajudou o amigo a escapar. Valmir foi inicialmente considerado inocente no primeiro Tribunal do Júri, mas foi condenado no segundo julgamento, embora sempre tenha afirmado sua inocência para a Justiça.

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Desde março de 2019, quando seu filho ingressou no Exército, ele está sendo procurado pela polícia para cumprir uma pena em regime fechado. Na semana passada, seu filho desapareceu por 24 horas, após o Comando do Sudeste solicitar a prisão preventiva do cabo e dos outros cinco militares suspeitos.

Segundo o Metrópoles, no dia anterior, ele teria removido seus pertences dos armários no quartel de Barueri. Na quinta-feira, ele não compareceu ao trabalho e na sexta-feira (27/10), ele apresentou um atestado médico recomendando uma licença de uma semana.

No entanto, quando Vagner passou por uma avaliação médica do Exército na segunda-feira (30/10), o laudo foi rejeitado e ele foi considerado capaz de continuar trabalhando. De acordo com informações da instituição, o militar compareceu ao trabalho normalmente na segunda e terça-feira (31/10).

Segundo informações do Exército, a advogada de Vagner tem conversado diretamente com o Ministério Público Militar sobre o caso do seu cliente. O Metrópoles não conseguiu encontrar a defesa do cabo e nem do seu pai. Estamos aguardando uma manifestação.

Roubo das armas

Segundo a investigação interna do Exército, 21 metralhadoras foram roubadas do Arsenal de Guerra em Barueri, provavelmente entre os dias 5 e 8 de setembro. Seis militares foram diretamente envolvidos no roubo, e outros 20 membros do Exército foram negligentes.

Havia 13 metralhadoras grandes que podem derrubar aviões e oito armas que podem perfurar veículos blindados. Vagner aproveitou sua posição como motorista do diretor do Arsenal de Guerra para levar as armas em um veículo do exército e sair do quartel sem chamar a atenção.

Outros cinco militares teriam ajudado o cabo diretamente. As investigações indicam que eles realizaram o corte intencional de energia do quartel, o que impediu as câmeras de segurança de registrarem a ação.

Facções criminosas

As armas foram levadas para fora do quartel a fim de que fossem negociadas com as facções Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, e Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro.

Segundo a Polícia Civil, os grupos criminosos acabaram recusando o armamento por falta de peças e por causa do estado de conservação das metralhadoras. O furto só foi descoberto pelo Exército mais de um mês depois do crime, no último dia 10, durante inspeção no quartel.

Até agora, encontraram e recuperaram 17 metralhadoras. Oito delas estavam na comunidade Gardênia Azul, na zona oeste do Rio de Janeiro, e nove estavam enterradas em uma área isolada na cidade de São Roque, interior de São Paulo. Ninguém foi preso ainda pelo crime.

Na manhã dessa terça-feira, uma operação conjunta do Exército e da Polícia Militar cumpriu mandados de busca e apreensão na comunidade de Vila Galvão, em Guarulhos, em busca das quatro armas ainda não encontradas, todas de calibre .50.

O objetivo da operação, segundo o Exército, era buscar pistas que levassem aos envolvidos e ao armamento que ainda não foi recuperado. A diligência, contudo, terminou sem presos e nenhuma metralhadora foi localizada.

Após a ação, a instituição emitiu um comunicado reforçando que o roubo é inaceitável e fará todos os esforços para recuperar as armas roubadas o mais rápido possível, responsabilizando os responsáveis.

Prisão administrativa

Seis militares estão sendo investigados e podem ser presos. Além disso, outros 17 militares receberam uma punição por não terem feito a fiscalização adequada das armas. Essa punição consiste em passar alguns dias em uma espécie de prisão administrativa dentro do quartel. Inicialmente, 20 homens foram punidos, mas três deles conseguiram recorrer com sucesso.


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