Rafael Bagolin e Juliano Lima criam site que faturou R$ 50 milhões

Jusfy: A História de um Advogado que Transformou um Problema em Negócio

Para o advogado gaúcho Rafael Bagolin, a jornada começou com uma fatura de R$ 30 mil. O sistema judiciário brasileiro, com seus 93 tribunais e processos que, em média, levam sete anos para serem concluídos, exigia cálculos complexos de inflação, juros e honorários – um processo caro e demorado.

“Não pode errar uma vírgula”, afirma Bagolin, que se descreve como um “advogado raiz” do Rio Grande do Sul. “A gente costuma não ser muito tecnológico, né? E eu era um deles”. Cansado de gastar tempo e dinheiro com tarefas que não eram a essência da advocacia, ele decidiu criar uma solução própria.

Inicialmente, a Jusfy foi uma ferramenta para uso interno do escritório. Hoje, a empresa possui uma receita anual recorrente superior a R$ 55,3 milhões, com mais de 50 mil advogados utilizando a plataforma e 25 milhões de processos impactados.

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A Jusfy se posiciona como o “canivete suíço” do advogado brasileiro, oferecendo ferramentas de cálculos jurídicos, gerenciamento de processos e até uma ferramenta de conexão entre advogados e pessoas com questões jurídicas. Em 2019, Bagolin buscava algo para simplificar o dia a dia do escritório. Ele solicitou ajuda ao desenvolvedor Juliano Lima, que hoje é diretor de inovação da empresa, para criar uma ferramenta que transformasse horas de cálculos em minutos.

A história poderia ter terminado ali, mas cerca de 100 advogados descobriram a plataforma, que estava disponível no site do escritório de Bagolin, e a utilizavam sem o conhecimento do idealizador. A revelação veio quando o custo do servidor, inicialmente R$ 60 por mês, aumentou para R$ 2.100. “Pedi para o Juliano fechar o site, mas logo depois já estavam me ligando e falando que, se o problema era dinheiro, eles pagariam”, relata Bagolin.

Foi assim que a Jusfy foi oficialmente lançada, em junho de 2021. A plataforma oferece uma gama de serviços, incluindo uma calculadora jurídica e um espaço centralizado para reunir todas as informações de um processo, permitindo o acompanhamento do controle de prazos e outras tarefas essenciais.

Recentemente, a Jusfy lançou o JustHelp, um marketplace reverso que conecta pessoas com problemas jurídicos a advogados em todo o Brasil. A empresa opera com três planos de assinatura, que variam de R$ 77 a R$ 117, com um ticket médio de R$ 85.

Com a expansão da plataforma, a Jusfy está focada em se tornar uma fintech, buscando solucionar outra dor do mercado jurídico: a dificuldade de acesso a serviços financeiros para advogados. “A relação entre bancos e advogados não costuma ser boa”, afirma Bagolin. Segundo ele, a falta de receita recorrente e a natureza esporádica dos recebimentos dificultam o acesso a empréstimos e cartões de crédito. A nova vertical da Jusfy pretende oferecer ferramentas de gestão de cobranças, antecipação de honorários e até cartões de crédito baseados no histórico de recebimentos e desempenho processual dos advogados.