Rebelo aguarda pedido de desculpas de Alexandre de Moraes
Ex-ministro da Defesa, Rebelo, sofreu ameaças de prisão por ministro do STF; critica “dupla insegurança” no país.

Aldo Rebelo, ex-ministro da Defesa, respondeu às críticas e ameaças do ministro Alexandre de Moraes. Em entrevista ao Poder360, Rebelo afirmou não temer Moraes e aguarda um pedido de desculpas público.
Em 23 de maio de 2025, Moraes ameaçou prender Aldo Rebelo após discussão entre os dois, durante o depoimento do ex-ministro da Defesa na ação penal sobre a tentativa de golpe. Rebelo, ouvido como testemunha de defesa do almirante Almir Garnier, afirmou que a declaração do almirante “sobre ‘deixar à disposição’ do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) as tropas em caso de uma tentativa de golpe” “não pode ser interpretada de forma literal”.
Ao Poder360, Rebelo defendeu as Forças Armadas das acusações relacionadas ao 8 de Janeiro, comparando o tratamento judicial atual com perseguições do passado.
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Poder360: O ministro Alexandre afirmou que você poderia ser preso por desacato, você se sentiu intimidado? Você tem a intenção de tomar alguma atitude concreta sobre isso?
Aldo Rebelo afirmou: “Não me senti intimidado. A minha geração lidou com a repressão do governo militar e essa situação também não nos assustava. O que posso esperar é um pedido de desculpas do ministro Alexandre de Moraes.”
O senhor tem medo de represálias após esse episódio?
Aldo Rebelo afirma: “Não tenho receio, pois não há motivo para retaliação. Nunca respondi a nenhum processo no Supremo Tribunal Federal e tenho pela instituição o maior respeito e apreço pessoal por alguns de seus integrantes, embora guarde profundas diferenças relacionadas com atribuições expandidas da Corte invadindo prerrogativas dos outros poderes, e assim contribuindo para a instauração da dupla insegurança que vive o País: a insegurança jurídica entre os entes privados e o Estado, e a insegurança institucional na relação entre os próprios poderes constituídos.”
Políticos do governo não comentaram o episódio, mas a oposição ligada a Bolsonaro se manifestou em apoio ao senhor nas redes sociais. O senhor se sentiu acolhido, de alguma forma?
Aldo Rebelo: “O melhor acolhimento é o da minha consciência, de não ceder em princípios e valores que protegi ao longo da vida. Tenho gratidão pela confiança e solidariedade recebidas, mas não me queixo dos que permanecem em silêncio diante de fatos graves da vida institucional da nossa Pátria.”
Poder360: Qual sua avaliação da condução da ação penal por tentativa de “golpe” no Supremo? Acredita na inocência do ex-presidente? Interviria a favor dele?
Aldo Rebelo afirma: “O Supremo Tribunal Federal já incorreu em erros graves que comprometeram sua importante imagem para a democracia e para a população. Em tempos idos, autorizou a deportação de uma presa política grávida, Olga Benário, para ser assassinada num campo de concentração nazista, recentemente, acolheu habeas corpus de um dos chefes do crime organizado no País, causando constrangimento a todo o Poder Judiciário. Antes da doutrina, a justiça se faz com equilíbrio, e o equilíbrio deve ser o apanágio daquele que julga.”
Observo a repetição no caso dos réus do 8 de janeiro da mesma emulação condenatória que moveu setores do Judiciário contra os acusados de crimes no governo do presidente Lula. O paradoxo é que há sempre grupos desatentos dispostos a aplaudir quando o perseguido ou o condenado não compartilha sua orientação política.
Poder360: Qual a sua avaliação da participação dos militares nas acusações?
As Forças Armadas representam a instituição mais confiável e dedicada aos interesses nacionais, desempenhando a função dual de proteção do país e desenvolvimento da nação, apoiando as ações do Estado em áreas sociais, de infraestrutura e de ciência e tecnologia. A acusação de envolvimento em golpes, considerando o histórico das Forças Armadas, configura uma injustiça, conforme expressou o estadista francês.
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Fonte: Poder 360