Reflexões após as semanas de Ação Climática em Bonn e Londres

Da Alemanha para o Reino Unido, a mensagem é a mesma: a mudança só ocorrerá se governos, empresas e sociedade civil colaborarem.

02/07/2025 13h45

3 min de leitura

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(Imagem de reprodução da internet).

As últimas semanas representaram um momento crucial no calendário climático global. Por um lado, a Conferência de Bonn (SB58), que atua como etapa técnica para preparar o terreno para a COP30 em Belém, evidenciou novamente os principais nós a serem desatados, como a ausência de consenso sobre o novo objetivo de financiamento climático pós-2025 e a ambiciosa proposta de transformar o Global Stocktake em uma NDC Global, com metas coletivas e maior transparência.

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Além disso, do outro lado do Atlântico, a London Climate Action Week (LCAW) surpreendeu pela energia e pela força de mobilização. Foram mais de 700 eventos, encontros e rodadas de diálogo em uma semana que já é apontada como uma das maiores da história: reflexo, também, do esperado esvaziamento da Climate Week de Nova York, que até então concentrava grande parte das discussões globais.

Participei ativamente de diversos momentos estratégicos nesta semana em Londres. Um dos destaques foi a mobilização promovida pela SB COP, onde mais de 200 líderes de governos, setor privado e sociedade civil discutiram como transformar compromissos em resultados concretos. Essa rede já conecta mais de 40 países e 32 milhões de empresas, articuladas por suas associações empresariais com foco na indústria.

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Nesse espaço, abordamos oito áreas-chave que estão na linha de frente da transição climática:

  1. Transição energética
  2. Bioeconomia
  3. Mercado de carbono e soluções baseadas na natureza
  4. Sistemas alimentares sustentáveis
  5. Cidades resilientes
  6. Economia circular
  7. Financiamento para a transição
  8. Green skills, ou seja, habilidades verdes para preparar a força de trabalho para uma economia regenerativa.

Esses temas foram discutidos em colaboração com organizações como IFC e ICC, com participações importantes da CEO da COP30, Ana Toni, e do presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago.

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Um ponto crucial foi o encontro com David Evans, Lord Evans of Sealand, novo embaixador para Comércio e Infraestrutura para Adaptação do Reino Unido, na House of Parliament. Discutimos como impulsionar parcerias público-privadas que permitam a concretização de projetos, abordando, inclusive, o caso do Peru como modelo para soluções de adaptação relevantes para o Brasil.

A semana também foi marcada pela importância do tema green skills, que foi discutido na mesa redonda da força-tarefa global, reunindo o governo alemão, LinkedIn, WRI e outras organizações. Reforçamos que a capacitação de pessoas será um dos maiores diferenciais para assegurar que a transição para uma economia de baixo carbono seja justa, inclusiva e gere empregos de qualidade. Enquanto o mundo debate tecnologias cada vez mais sofisticadas, inclusive o impacto da Inteligência Artificial, que pode trazer grandes soluções climáticas, mas também aprofundar desigualdades e eliminar postos de trabalho de quem mais precisa, o Brasil emite um importante alerta: nosso caminho pode estar no resgate da nossa própria inteligência ancestral.

Não tivemos nesta semana a definição do Curupira como mascote oficial da COP30. O guardião das florestas, símbolo da sabedoria dos povos originais e da relação equilibrada entre homem e natureza, inspira uma pergunta fundamental: como podemos honrar essa inteligência regenerativa para criar prosperidade para quem mais precisa?

Diante de crises múltiplas e interligadas – climática, social, econômica e tecnológica – a orientação é evidente: não é suficiente estabelecer metas. É necessário agir, implementar e promover a recuperação. A ação deve deixar de ser apenas documentação e acordos para alcançar a floresta, a cidade, o campo e, sobretudo, a vida das pessoas que mais necessitam de oportunidades.

De Berlim a Londres, a mensagem é clara: a transformação só acontecerá se governos, setor privado e sociedade civil avançarem juntos, e se fizermos isso com propósito, coragem e cuidado com as pessoas e com o planeta.

Fonte por: CNN Brasil

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