Residentes de Copacabana criam uma equipe para lutar contra roubos no bairro
06/12/2023 às 5h25
Depois dos recentes casos de violência em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, com assaltos e agressões, os moradores do bairro estão se organizando para chamar a atenção das autoridades e combater os crimes.
Pelas redes sociais, William Correia, líder do movimento, fez um vídeo chamando mais pessoas para se unirem e confrontarem os criminosos nas ruas.
“E aí, pessoal de Copacabana, o que vamos fazer? Vamos deixar essas pessoas fazerem o que quiserem aqui no nosso bairro? Onde está a galera de 2015 que expulsou essas pessoas daqui? E aí? Vamos esperar que sejam nossos pais, nossos avós, teu pai, alguém da tua família a levar um soco na cara e ninguém fazer nada? A polícia não pode fazer nada, prende e solta”, disse Correia em uma parte do discurso.
A iniciativa surgiu depois que um comerciante chamado Marcelo Rubim Benchimol, de 67 anos, foi assaltado e agredido no último sábado (2). Ele estava indo para a academia, na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, perto da Rua Dias da Rocha, quando viu uma mulher sendo assaltada por um grupo de pessoas.
Ele foi tentar intervir e acabou levando um soco e caindo ao chão desacordado. Após a queda, os criminosos reviraram os bolsos de Marcelo e conseguiram levar um celular. Com o rosto ainda machucado, ele prestou depoimento na delegacia de Ipanema na segunda-feira (4), mas afirmou que não confia no fim desse tipo de crime no Rio de Janeiro.
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Os suspeitos atacaram as vítimas, que eram duas mulheres na ocasião, e as agrediram.
A descrença de que possa haver uma solução para o problema de segurança pública do bairro não é compartilhada apenas por Marcelo, mas também está presente nas mensagens trocadas em grupos de moradores da região.
Alguns prints mostram moradores relatando violências que sofreram e marcando uma reunião para discutir e definir medidas para melhorar o nosso bairro.
Alguns sugerem usar a força para impedir assaltantes.
O coronel Ubiratan Ângelo, ex-comandante-geral da PM e especialista em segurança pública, criticou a medida.
“Apenas o estado tem o poder de perseguir e processar os infratores criminais. Após uma investigação criminal e um processo judicial, apenas o estado tem o direito de julgar e punir. O uso da força deve ser legal e só pode ser realizado por um agente capacitado. A força só pode ser usada em resposta a uma força oposta, contra o agente em questão ou terceiros”, disse Ubiratan.
“Então esse emprego também tem que ser comedido, gradual, seletivo, de acordo com normas internacionais e nacionais do emprego da força. Não é um emprego punitivo, mas um emprego reativo para evitar-se um mal maior, para conter uma situação. Não cabe ao cidadão comum, independentemente dele acreditar ou não no organismo policial.”
“Se ele não acredita na intervenção policial como solução, ele pode se organizar para apresentar propostas e soluções alternativas. Algumas pessoas dizem que os cidadãos podem usar a força em legítima defesa para proteger seus direitos. Quando a sociedade se organiza dessa forma, é chamado de milícia, quando os cidadãos decidem aplicar suas próprias leis e preservar a ordem além do poder do estado”, explica o ex-comandante-geral.
Um homem que é conhecido por ser um dos líderes da ação dos residentes de Copacabana pediu ajuda nas redes sociais. Ele quis que as academias e lutadores locais se engajassem no que chamou de “projeto de limpeza”.
Um problema que preocupa o pessoal do grupo é a libertação dos suspeitos após a audiência de custódia. Muita gente reclama que eles acabam sendo presos por cometer crimes, mas são soltos rapidamente.
Um caso recente que chamou a atenção foi o do suspeito Alan Ananias Cavalcante. A polícia afirma que ele faz parte de uma gangue que realiza furtos e roubos na zona sul. O homem foi preso quatro vezes em menos de um mês.
Alan foi levado duas vezes para a delegacia em um dia. No último incidente, ocorrido no final de novembro, ele foi preso por assaltar e agredir turistas de São Paulo em Copacabana.
Anteriormente, ele havia sido preso sob suspeita de envolvimento na morte de um fã da cantora Taylor Swift, chamado Gabriel Mongenot Santana Milhomem Santos, de 25 anos, na Praia de Copacabana.
Porém, ele foi solto em uma audiência de custódia pois seus amigos que estavam com Gabriel no momento do esfaqueamento não o identificaram.
Entramos em contato com o Tribunal de Justiça para comentar as críticas da atuação do Judiciário e aguarda um posicionamento sobre o assunto. A reportagem também procurou a Polícia Militar.
A Polícia Civil informou que está ciente da ação dos moradores e está realizando investigações para identificar os responsáveis e esclarecer os fatos.