Ricardo Mussa defende foco em ações e investimentos na COP30

A Urgência da Ação: O Setor Privado na Vanguarda da COP30

A menos de 45 dias da COP30, o setor privado global demonstra uma clara mensagem: é hora de transformar palavras em resultados concretos. Essa postura assertiva é liderada por Ricardo Mussa, presidente da SB COP, uma coalizão empresarial que engloba quase 40 milhões de empresas de mais de 60 países. A SB COP apresentou oficialmente 23 prioridades climáticas à presidência da cúpula, demonstrando um compromisso tangível com a ação.

O executivo enfatizou que o foco já havia se deslocado das simples metas. Segundo Mussa, os cientistas já forneceram a base do problema, e agora o momento é de implementação. O diálogo com Anderson Baranov, CEO da Hydro no Brasil, complementou essa visão. A Hydro, com operações de bauxita e alumina no Pará desde 2011, busca se posicionar como protagonista na descarbonização e no desenvolvimento social das comunidades locais.

A SB COP nasceu como uma réplica do modelo B20, o braço empresarial do G20, que no ano passado conseguiu que 72% de suas recomendações fossem incorporadas nas decisões finais da cúpula realizada no Brasil. A representatividade da iniciativa é notável, reunindo players de indústria e comércio, incluindo a Confederação Nacional da Indústria (CNI) no Brasil, a US Chamber nos Estados Unidos e a Business Europe.

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Para alcançar essa agenda, a Hydro investe significativamente na transição energética. Um dos exemplos mais emblemáticos é o investimento de R$ 12,4 bilhões na descarbonização da Alunorte, considerado o maior projeto de redução de emissões do setor no país. Além disso, a empresa explora soluções inovadoras, como a transformação de caroço de açaí em biomassa para geração de energia.

“Acredito que o Brasil vai dar um show de entregas positivas, as indústrias vão mostrar projetos em curso”, afirmou Baranov, demonstrando confiança no potencial do país. A Hydro implementou a troca de óleo por gás natural, instalou caldeiras elétricas e investe em plantas eólicas e solares, evidenciando um compromisso com práticas sustentáveis. A empresa também trouxe um navio regasificador para viabilizar o gás natural não apenas para sua operação, mas para todo o estado do Pará, oferecendo uma alternativa viável como combustível para carros e impulsionando o desenvolvimento da região.

A estratégia da SB COP aprendeu com os erros do passado. Segundo Mussa, ao participar do B20 na Indonésia, a coalizão elaborou um documento com 68 recomendações, que não foram efetivamente implementadas. No Brasil, a abordagem mudou radicalmente, com apenas três recomendações por força-tarefa, focando em resultados práticos.

Para impulsionar essa mudança, a SB COP utiliza um modelo de avaliação baseado em projetos concretos. A coalizão busca identificar soluções que possam ser replicadas em outros contextos, promovendo a inovação e o desenvolvimento sustentável.

O legado da COP30 vai além de Belém. A presidência brasileira da cúpula não termina em novembro, o Brasil assume a liderança rotativa por um ano inteiro, coordenando negociações e implementações. A SB COP, assim como o B20, tem uma gestão rotativa, com CEOs de outros países assumindo a liderança. Mussa já está conversando com CEOs da Austrália e da Turquia, países cotados para sediar a COP31, para passar o bastão. Um dos grandes legados é ter organizado melhor o setor privado para participar, e esse modelo continuará.