É de conhecimento comum que, recentemente, a propagação de informações falsas causou uma queda na taxa de vacinação dos indivíduos e de suas crianças.
Contudo, mesmo enfrentando uma forte campanha negativista, a cobertura vacinal brasileira atual supera a dos dois anos passados. Mônica Levi, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), declarou isso à Agência Brasil durante a Jornada Nacional de Imunizações, que ocorre em Florianópolis (SC).
Isto é um esforço bem desafiador, porque, ao incitar o medo e a desconfiança, é bastante complexo amenizar isso. Contudo, me considero uma pessoa otimista; creio que estamos progredindo. A vacinação já está melhor que em 2021 e 2022. Creio que seremos capazes de [incrementar o número de imunizados], porém para recuperarmos todo o prejuízo leva um tempo até voltarmos a ser modelo [para as demais nações].
Pontuou Levi, o tema foi destacado pela imprensa em geral, ainda se mantém a necessidade de divulgá-lo, já que a situação não foi ainda alterada. “Quem manifesta interesse, creio, já tomou conhecimento e já leu [acerca da questão], no entanto, não mudamos ainda este cenário, e a discussão sobre o tema tem que persistir, precisamos manter a visibilidade para os desafios”, ele afirmou.
Ainda, a presidente advoca por uma alteração no método de disseminação e comunicação relacionadas às campanhas vacinais. “Inovar se faz necessário para alcançar de maneira diversa, para atingir indivíduos que estão demonstrando indiferença e presumindo que a situação não os afeta. Estamos num instante em que a comunicação necessita ser única”, enfatizou.
O tema principal não é Covid-19.
A presidente do SBIm, quando questionada sobre a Covid-19, que continua apresentando aumentos esporádicos no número de casos e novas variantes, acredita que a doença não é o principal tema a ser abordado no evento.
“Eu não diria que é o tópico principal. Existem muitos outros assuntos, como estratégias para erradicar meningococos, HPV e câncer de colo do útero, novas vacinas e novos agentes infecciosos”, observou. “Com tudo isso incluído, a programação da conferência está bastante completa. Não se trata apenas de Covid […]. Mas, evidentemente, também terá isso. (Porém,) Covid não é o foco.”
Conquista da confiança do povo
A principal temática a ser discutida na Jornada, na opinião de Levi, é a hesitação do público diante das vacinas. A recusa de vacinação e a hesitação com novas plataformas tornaram-se um obstáculo, reforçado durante a pandemia, acentuando-se com a chegada das vacinas Covid-19, de acordo com ele. O Brasil tornou-se extremamente divisível por influência dos componentes políticos envolvidos, ele enfatizou.
Com certeza já respingou, ressaltou Mônica. A campanha contra a vacinação, segundo ela, não está mais apenas no cenário de Covid-19, mas também reverberou em outros imunizantes. Pessoas começaram a questionar a origem da matéria-prima, os insumos, numa desconfiança que tem também um teor político, disse.
Vacinas novas
A líder do SBIm, para encerrar, contou que as novas vacinas que estão chegando, como a contra o vírus sincical respiratório, dengue, entre outras, serão discutidas na Jornada.
A vacina sincical está a ponto de chegar nas clínicas privadas, ela especificou. O FDA (órgão americano regulador de medicamentos e alimentos) já está autorizando sua liberação e alguns países já empregam sua utilização na vacinação materna para a proteção do bebê, bem como, na vacinação com anticorpo monoclonal, usada tanto para o bebê em única dose, quanto para idoso. Estas informações foram reveladas por ela.
Imunizações da Jornada Nacional
Iniciou-se nesta quarta-feira (20) a Jornada Nacional de Imunizações e seguirá até sábado (23).
Especialistas na área de vacinação estão reunidos nela para conversar sobre várias questões relacionadas ao tema. Eles vão abordar temas como as vacinas para combater a dengue e o vírus sincicial respiratório, além dos desafios já identificados pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). Esses desafios incluem o fenômeno conhecido como antivacinismo e também a hesitação relacionada à vacinação.
A sociedade científica é responsável pela organização do evento;
O PNI está completando 50 anos em 2023;
O evento, além da celebração, contará com um fórum especial de saúde pública. No fórum, representantes de Unicef, Opas e secretarias de saúde estaduais e municipais analisarão as melhores maneiras de retomar as coberturas vacinais no País.