Do Futebol ao ERP: A Ascensão da Sankhya
A trajetória de Felipe Calixto, fundador e CEO da Sankhya, poderia ter seguido um caminho mais comum para jovens da década de 1980: a busca por estabilidade através de concursos públicos. Ele tentou, frequentando um cursinho e aprendendo com o pai, que trabalhava no Banco do Brasil, acreditando que a base matemática da família o levaria à aprovação.
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No entanto, a vida reservava outras surpresas. Calixto não obteve aprovação no concurso, mas sua irmã sim. “Na época, foi frustrante, mas depois percebi: se eu tivesse passado, a Sankhya não existiria”, revelou em uma entrevista. Essa combinação de frustração, oportunidade e uma inquietação crescente foram o combustível para o nascimento da Sankhya, que hoje se destaca como uma potência brasileira de tecnologia empresarial, com um faturamento próximo de R$ 700 milhões, mais de 2.300 funcionários e uma expansão impulsionada pela inteligência artificial e aquisições estratégicas.
Uma Trajetória Inusitada
A história de Calixto é marcada por mudanças de rumo. Antes de se dedicar ao mundo dos negócios, ele sonhava em ser jogador de futebol, destacando-se como artilheiro e demonstrando paixão pelo Flamengo. Posteriormente, aventurou-se no universo da música, formando uma banda e gravando um disco pela BMG Ariola, passando até um mês no estúdio da Barata Ribeiro no Rio de Janeiro. “Eu queria ser um popstar.
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Mas a gente percebeu que não basta ter uma música boa. É preciso colocar o disco para tocar”, disse ele, utilizando a frase como metáfora para a estratégia da Sankhya.
O Início Humilde
O começo da Sankhya foi marcado por dificuldades. Em 1989, quando a internet, o Google e o e-mail ainda eram conceitos desconhecidos, Calixto e seu irmão Fábio decidiram empreender em Uberlândia. Montaram computadores com peças trazidas do Paraguai e trabalharam como uma “startup sem nome”, atendendo clientes, lavando louça, escrevendo código e implementando soluções. “Na época, ninguém falava de ERP.
A gente nem sabia que esse nome existia, mas começamos a integrar áreas empresariais porque era uma necessidade óbvia”, explicou Calixto.
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A Virada de Chave
O grande salto da Sankhya ocorreu em 2008, quando Calixto assumiu o cargo de CEO. Uma onda de fusões e aquisições no mercado permitiu a contratação de talentos insatisfeitos em outras empresas. Sem recursos para competir com salários elevados, ele ofereceu participação societária nas novas unidades, expandindo a empresa para oito ou nove filiais em pouco mais de um ano. “Nem todas deram certo, mas as que deram fizeram a Sankhya aparecer para o Brasil inteiro”, afirmou.
Estratégia de Aquisição Inteligente
Até 2020, todo o crescimento da Sankhya foi orgânico. Com a entrada do fundo soberano de Singapura (GIC), a empresa aprendeu a jogar o jogo das aquisições. Hoje, são 10 empresas integradas ao ecossistema, sempre com um critério rigoroso. “Comprar o que você já faz não adiciona valor.
Isso é sombreamento. O cliente não ganha nada”, disse Calixto.
A Revolução da IA
A Sankhya não compra concorrentes: apenas soluções complementares que ampliam as capacidades do ERP. A aposta na inteligência artificial, com o Deploy Agent, um agente de IA dentro da plataforma BIA, permitiu a implantação completa de sistemas em horas ou dias. “Isso elimina o obstáculo que travava nosso crescimento. Antes, não dava para vender mais porque a entrega levava um ano. Agora, fazemos quatro entregas por dia”, concluiu Calixto. “Hoje a empresa tem musculatura para crescer cinco vezes nos próximos cinco anos”.