Saúde Mental no Trabalho: Lacunas entre Discurso e Prática Reveladas em Estudo
A crescente importância da saúde mental nas discussões sobre o bem-estar corporativo e o sucesso de carreira é acompanhada por uma preocupante lacuna entre o discurso e a prática. Um estudo abrangente, conduzido pela Zenklub – parte do ecossistema digital de saúde física e mental da Conexa – analisou quase 800 empresas brasileiras e revelou que uma parcela significativa de líderes não está preparada para lidar com os riscos psicossociais inerentes ao ambiente de trabalho.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
O estudo aponta que 4 em cada 10 líderes não possuem a capacidade de identificar e gerenciar esses riscos, enquanto apenas 1 em cada 3 empresas estabelece políticas formais de prevenção ao assédio. “Apesar da existência de estruturas de liderança, há uma oportunidade crucial de fortalecer o preparo humano dos gestores”, declara Rui Brandão, cofundador do Zenklub e vice-presidente de saúde mental da Conexa.
Falta de Preparo das Lideranças
LEIA TAMBÉM!
Os resultados do levantamento evidenciam que 43% das empresas não capacitam suas lideranças para reconhecer riscos psicossociais, e 40% não oferecem treinamentos contínuos em gestão de pessoas ou comunicação empática. Essa deficiência impacta negativamente a colaboração no ambiente de trabalho, com 29,1% das companhias admitindo que os gestores têm dificuldade em estimular a cooperação entre os colaboradores.
Brandão ressalta que a gestão adequada da carga de trabalho é fundamental na prevenção do estresse ocupacional. “Ao implementar práticas alinhadas com a NR-1, as empresas conseguem organizar processos, reduzir riscos de esgotamento e criar condições mais saudáveis para os colaboradores.”
Lacunas de Gestão no Dia a Dia
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A ausência de estrutura se manifesta em diversos aspectos do cotidiano empresarial: 50% das empresas não definem escopos e responsabilidades de forma clara; 58,8% não possuem rotinas formalizadas para a execução de tarefas; e apenas 33,5% conseguem organizar prazos e prioridades de maneira adequada.
Essa situação expõe os trabalhadores a riscos de adoecimento relacionados ao trabalho, como ansiedade, depressão e burnout.
Assédio e Falta de Segurança Psicológica
Outro ponto crítico identificado é a ausência de políticas contra assédio. Apenas 37,1% das empresas possuem uma política formal de prevenção; 35,8% não possuem diretrizes; e 21,9% apresentam apenas iniciativas parciais. Em relação às denúncias, apenas 38,9% das empresas afirmam ter um fluxo estruturado de apuração, enquanto 36,2% não possuem nenhum processo.
Brandão enfatiza que a falta de canais claros aumenta o risco de impunidade. “Os dados mostram que existe espaço para evolução em segurança emocional e políticas de prevenção.”
Diversidade, Inclusão e Saúde Mental
A pesquisa também revelou fragilidades na integração entre saúde mental e diversidade. 53,2% das empresas não possuem comitês ou metas de diversidade e inclusão; 42,6% não analisam práticas de equidade salarial; e 40,1% não oferecem suporte psicológico acessível.
“A integração da saúde mental com estratégias de diversidade, inclusão e equidade é essencial. Quando a empresa adota esse olhar mais amplo, cria um ambiente seguro e saudável para todos”, afirma Brandão.