Vídeos de uma câmera corporal mostram que Jeferson de Souza, homem em situação de rua de 23 anos, foi morto com três tiros de fuzil por policiais militares quando estava imobilizado no Viaduto 25 de Março, na região central de São Paulo. O incidente ocorreu em 13 de junho, mas as imagens só foram divulgadas nesta terça-feira (5), após a publicação pelo portal Metrópoles.
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A filmagem foi obtida com a câmera fixada no uniforme do soldado Danilo Gehrinh, um dos militares participantes da operação. As imagens revelam Jeferson cercado pelos agentes, demonstrando pânico, choro e ausência de resistência. No cenário, o 1º tenente Allan Wallace dos Santos Moreira é visto com um fuzil, realizando três disparos contra a vítima, que cai no chão. Os tiros atingiram a cabeça e o tórax do jovem.
A gravação também revela que Gehrinh tenta obstruir a lente da câmera durante a execução, o que sustenta a suspeita de uma tentativa de encobrir o crime. A câmera do tenente Allan Wallace não estava operando no momento da abordagem.
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Os policiais estão presos preventivamente desde 22 de julho, em razão de decisão da 4ª Vara do Júri, a partir de denúncia do Ministério Público de São Paulo (MPSP). O promotor Enzo de Almeida afirmou que os agentes agiram “por mero sadismo e de modo a revelar absoluto desprezo pelo ser humano”.
Os policiais relataram que a vítima reagiu à abordagem e tentou desarmar um dos agentes. Contudo, essa versão foi contestada por imagens e por um dos próprios envolvidos na ação, conforme apurado pelo Metrópoles. Jeferson foi encaminhado à Santa Casa em vida, mas não resistiu aos ferimentos. O caso foi registrado no 1º Distrito Policial (Liberdade).
A Polícia Militar de São Paulo declarou “repúdio veemente” à conduta dos policiais envolvidos na morte de Jeferson de Souza. De acordo com a corporação, o Comando Geral da PM solicitou a prisão dos agentes “assim que tomou conhecimento das imagens”, e ambos permanecem detidos no Presídio Militar Romão Gomes.
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De acordo com a nota, o caso está sendo investigado pela Corregedoria da instituição por meio de um Inquérito Policial Militar (IPM). “A PM reforça que é uma instituição legalista e jamais tolerará qualquer tipo de excesso ou desvio de conduta por parte de seus integrantes, que responderão com rigor às instâncias disciplinares e judiciais competentes”, informou o texto.
São Paulo lidera aumento de mortes causadas por policiais militares no Brasil.
O caso de Jeferson acontece no mesmo ano em que São Paulo apresenta o maior aumento do país no número de mortes causadas por policiais militares em serviço. Segundo o 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em julho pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a letalidade da PM paulista subiu 83,8% entre 2023 e 2024.
Em 2024, registraram-se 649 mortes decorrentes de atuação de policiais em serviço, em comparação com 353 no ano anterior. Em termos totais, o estado de São Paulo ficou atrás da Bahia, porém apresentou o maior aumento proporcional. A Polícia Civil, por sua vez, apresentou redução no número de mortes imputadas a seus agentes.
De acordo com o FBSP, os dados do anuário indicam um “processo de miliciarização das forças de segurança” e alertam para o emprego ilegal da força em ações que resultam sistematicamente na morte de civis.
Fonte por: Brasil de Fato