Sem Lula, 1º de Maio em SP busca concentração de 6 mil e tem oposição de setores de esquerda

A programação para o encerramento da escala 6 por 1 está distribuída nos três segmentos distintos que compõem a programação do Dia do Trabalhador em São Paulo.

01/05/2025 2h27

3 min de leitura

Imagem PreCarregada
(Imagem de reprodução da internet).

São Paulo – Sindicatos e grupos ligados à esquerda retomam as ruas de São Paulo nesta 1º de maio, Dia Internacional do Trabalhador. Diferentemente de anos anteriores, as mobilizações se concentram em locais distintos, com lideranças independentes e sem a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A discussão sobre o fim da escala de 6 por 1 tem relevância, sobretudo em relação às novas demandas do mercado de trabalho, e está presente nos diversos movimentos organizados para o dia.

As principais medidas nos dois projetos são a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil mensais, a redução da taxa de juros e a diminuição da jornada de trabalho sem perda salarial, além do encerramento da jornada de 6 horas para 1.

Escala 6 x 1

A extinção da escala 6 para 1 está em pauta nos dois atos da capital e será tema de um terceiro ato, organizado pelo movimento Vida Além do Trabalho (VAT), que ocorrerá na avenida Paulista, no centro da cidade, em 1º de Maio.

LEIA TAMBÉM:

O tema recebeu destaque com a proposição de lei da deputada Erika Hilton (PSol) em 2024, gerando interesse em outros grupos históricos. A questão é considerada mais relacionada a trabalhadores do comércio e serviços, e não tanto às categorias industriais.

A deputada Erika Patrícia, sem filiação sindical, protocolou na Câmara dos Deputados o caso após o vereador Rick Azevedo (PSOL-RJ) viralizar no TikTok com um vídeo em que manifestava insatisfação com a rotina de trabalho, que lhe concedia apenas um dia de folga semanal.

O VAT afirma não ter conseguido o apoio de centrais sindicais tradicionais. O grupo critica a atuação dos sindicatos no Dia do Trabalhador, com a promoção de sorteios e apresentações.

Não é o momento de apenas fazer um show. Queremos lutar e reivindicar nossas vidas. Acreditamos que o trabalhador merece tudo, show e sorteio, mas isso sem luta é pão e circo.

Reunião com Lula

Na terça-feira (29), lideranças dos principais sindicatos se reuniram com Lula, em Brasília. O presidente, que não participará dos atos na capital paulista, recebeu a relação de demandas e declarou esperar o envolvimento do Congresso nas pautas.

“Foi uma reunião de mais duas horas. O Lula nos recebeu de forma carinhosa e entregamos a nossa pauta. Ele chamou a atenção de que o mundo mudou, que hoje os trabalhadores são muito diferentes e que precisamos ir para a rua, motivar os jovens e incentivar a participação social deles”, afirmou ao Metrópoles Ricardo Patah, presidente da UGT.

Contávamos com a presença dele [Lula], mas estamos seguindo em frente, sem maiores problemas. Ele já nos recebeu na terça, afirmou ao Metrópoles João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical. Estão previstas a presença dos ministros do Trabalho, Luiz Marinho; da secretaria geral da Presidência, Márcio Macedo; e da Mulher, Cida Gonçalves.

A crise dos sindicatos se manifesta em diversos níveis, incluindo a perda de representatividade, a diminuição do poder de negociação e a desconfiança dos trabalhadores em relação às organizações sindicais.

Para o cientista político e professor da FGV, Marco Antonio Teixeira, a divisão nas ruas reflete uma dificuldade das entidades tradicionais em se conectarem às novas formas de trabalho.

A discussão sobre o 6×1 emergiu fora dos movimentos sindicais. A principal divulgadora dessa temática é a deputada Erika Hilton, que pode ter maior habilidade em mobilizar pessoas do que as próprias pautas defendidas pelos sindicatos, segundo a afirmação.

Além de cientista político e professor do Insper, Carlos Melo ressalta o papel da reforma trabalhista e a mudança no perfil dos empregos como fatores da crise de representatividade dos sindicatos.

“Olhar para o Dia dos Trabalhadores com a mesma mentalidade é um erro. Esse erro se deu no ano passado, quando o presidente Lula, talvez sem perceber, foi a uma manifestação onde compareceram menos de 2 mil pessoas, o que para a história do movimento sindical não é nada.”

Além disso, os atos deste ano apresentam um agravante: o escândalo da farra do INSS, que culminou no envolvimento de sindicatos, intensificando a crise do setor.

Fontes consultadas pelo Metrópoles, contudo, reduzem a importância da atuação da Polícia Federal na mobilização do 1º de Maio. “Se a mobilização foi significativamente menor do que em anos anteriores, isso não se deve a esse escândalo. Os problemas do movimento sindical datam de antes dessa questão”, declara Melo.

Fonte: Metrópoles

Ative nossas Notificações

Ative nossas Notificações

Fique por dentro das últimas notícias em tempo real!

Utilizamos cookies como explicado em nossa Política de Privacidade, ao continuar em nosso site você aceita tais condições.