Senadores dos EUA pedem a Trump que revogue tarifas sobre produtos brasileiros

A interferência em favor de Jair Bolsonaro representa um sério desrespeito ao poder e compromete a influência de Washington.

25/07/2025 13:37

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Senadores dos EUA pedem a Trump que revogue tarifas sobre produtos brasileiros
(Imagem de reprodução da internet).

Senadores americanos do Partido Democrata encaminharam ao presidente Donald Trump uma carta na qual se opõem ao aumento de tarifa a 50% sobre as importações de produtos brasileiros, considerando-o um “abuso de poder” que causará prejuízos ao país.

A expectativa do governo dos Estados Unidos é que a taxa seja implementada na próxima sexta-feira 1º.

A solicitação é liderada por Jeanne Shaheen, do Comitê de Relações Exteriores do Senado, e Tim Kaine, do Subcomitê de Relações Exteriores do Senado para o Hemisfério Ocidental.

Leia também:

O grupo questiona a tentativa de Trump de interferir no processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que será julgado no Supremo Tribunal Federal por liderar a tentativa de golpe de Estado em 2022.

Interferir no sistema jurídico de outra nação soberana estabelece um precedente perigoso, provoca uma guerra comercial desnecessária e coloca cidadãos e empresas americanas em risco de retaliação, sustentam os congressistas. Usar todo o peso da economia americana para interferir nesses processos em nome de um amigo é um grave abuso de poder, mina a influência dos EUA no Brasil e pode prejudicar nossos interesses mais amplos na região.

Os senadores ressaltam que os Estados Unidos apresentam superávit na balança comercial com o Brasil desde 2008. Adicionalmente, argumentam que a imposição de tarifas aumentaria os custos para famílias e empresas norte-americanas.

Os Estados Unidos importam mais de 40 bilhões de dólares anualmente do Brasil, incluindo quase 2 bilhões de dólares em café. O comércio entre os EUA e o Brasil sustenta quase 130 mil empregos nos Estados Unidos, que estão em risco devido às ameaças de tarifas elevadas.

Uma sucessão de retaliações consecutivas, alertaram, provocará prejuízos aos exportadores americanos e taxas sobre importações excedam os 50% já anunciados.

O documento também aponta preocupações geopolíticas, sustentando que a guerra comercial iniciada por Trump aproximará o Brasil da República Popular da China (RPC), em um momento em que os EUA precisam combater agressivamente a influência da RPC na América Latina. Empresas estatais chinesas e vinculadas ao Estado estão investindo pesadamente no Brasil, incluindo vários projetos portuários em andamento, e recentemente a China State Railway Group firmou um Memorando de Entendimento para analisar um projeto ferroviário transcontinental.

Afirmam que os principais objetivos dos Estados Unidos na América Latina são o fortalecimento das relações econômicas, a promoção de eleições democráticas livres e justas e o enfrentamento da influência da China.

Leia a carta na íntegra:

Prezado senhor Donald Trump:

Escrevemos para manifestar preocupações relevantes acerca do evidente desvio de poder presente em sua recente ameaça de desencadear uma guerra comercial com o Brasil. Os Estados Unidos e o Brasil possuem questões comerciais legítimas que devem ser debatidas e resolvidas por meio de negociações. Contudo, a imposição tarifária de seu governo não se destina a isso. Ademais, não se trata de um déficit comercial bilateral, considerando que os EUA apresentaram um superávit comercial de 7,4 bilhões de dólares com o Brasil em 2024 e não registram déficit comercial com o Brasil desde 2007.

Em vez da “afirmação explícita” em sua carta ao presidente Lula da Silva, a ameaça de impor tarifas de 50% sobre todas as importações do Brasil e a ordem do Representante Comercial dos EUA para iniciar uma investigação nos termos da Seção 301 da Lei de Comércio de 1974 visam, principalmente, forçar o sistema judicial independente do Brasil a interromper o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Intervir no sistema jurídico de outra nação soberana estabelece um precedente perigoso, provoca uma guerra comercial desnecessária e coloca cidadãos e empresas americanas em risco de retaliação.

O ex-presidente Bolsonaro é um cidadão brasileiro que está sendo processado em tribunais brasileiros por supostas ações sob sua jurisdição. Ele é acusado de trabalhar para minar os resultados de uma eleição democrática no Brasil e de planejar um golpe de Estado. Utilizar o peso da economia americana para interferir nesses procedimentos em nome de um amigo constitui um grave abuso de poder, compromete a influência dos Estados Unidos no Brasil e pode prejudicar nossos interesses na região. O anúncio de seu governo, em 18 de julho de 2025, de sanções de visto contra funcionários do Judiciário brasileiro envolvidos no caso do sr. Bolsonaro, indica mais uma vez a disposição do seu governo em priorizar sua agenda pessoal em detrimento dos interesses do povo americano.

Suas ações aumentariam os custos para famílias e empresas americanas. Os Estados Unidos importam mais de 40 bilhões de dólares anualmente do Brasil, incluindo quase 2 bilhões de dólares em café. O comércio entre os EUA e o Brasil sustenta quase 130 mil empregos nos Estados Unidos, que estão em risco devido às ameaças de tarifas elevadas. O Brasil também prometeu retaliar, e vocês, preventivamente, prometeram retaliar na mesma moeda, o que significa que os exportadores americanos sofrerão e os impostos sobre importações para os americanos subirão além do nível ameaçado de 50%.

Um conflito comercial com o Brasil também aproximará o Brasil da República Popular da China (RPC), em um momento em que os EUA precisam combater agressivamente a influência da RPC na América Latina. Empresas estatais chinesas e vinculadas ao Estado estão investindo pesadamente no Brasil, incluindo vários projetos portuários em andamento, e recentemente a China State Railway Group firmou um Memorando de Entendimento para analisar um projeto ferroviário transcontinental.

Essas considerações não são exclusivas do Brasil. Em toda a América Latina, a RPC trabalha para aumentar sua influência por meio da Iniciativa Cinturão e Rota. Estamos preocupados que suas ações para minar um sistema judicial independente apenas aumentem o ceticismo em relação à influência americana em toda a região e forneçam às autoridades da RPC e às empresas apoiadas pelo Estado maior credibilidade para sua agenda. A mesma tendência também está ocorrendo no Leste e no Sudeste Asiático.

Os objetivos primordiais dos EUA na América Latina devem ser o fortalecimento de relações econômicas mutuamente benéficas, a promoção de eleições democráticas livres e justas e o combate à influência da RPC. Incentivamos vocês a reconsiderarem suas ações e priorizarem os interesses econômicos dos americanos que buscam previsibilidade, e não mais uma guerra comercial.

Os senadores assinam a carta.

Fonte por: Carta Capital

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