Servidores do Rio Grande do Sul organizam manifestação para o dia 15: “É necessário mobilizar milhares de pessoas para confrontar Eduardo Leite”
Servidores públicos do Rio Grande do Sul promovem manifestação em busca de reajuste salarial e em apoio ao IPE Saúde.

Diante da desvalorização salarial e da precarização do IPE Saúde, servidores públicos do Rio Grande do Sul convocam para um ato unificado em Porto Alegre, no dia 15 de agosto. Em razão da falta de avanços no diálogo com o governador Eduardo Leite (PSD), sindicatos destacam a necessidade de uma grande mobilização popular para pressionar por respostas às suas reivindicações.
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A Organizada pela Frente dos Servidores Públicos do Rio Grande do Sul (FSP/RS) promove a manifestação, que faz parte de uma série de atividades realizadas pelas entidades sindicais desde junho. Após mobilizações regionalizadas em diversas regiões do Estado, espera-se que o evento na capital conte com a maior quantidade possível de servidores públicos.
A discussão principal abrange o aumento salarial de 12,14%, relacionado às perdas inflacionárias desde 2014, e a manutenção e o aprimoramento do IPE Saúde. Essas questões são prioritárias para os dirigentes sindicais da Frente e afetam diretamente a rotina dos servidores públicos.
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O reajuste de 12,14%, a título de revisão geral anual, é um direito dos servidores assegurado pela Constituição Federal, mas que o governo local não cumpre. Não compensa as perdas acumuladas nessa última década. A inflação nesses últimos 10 anos se aproxima dos 80%, e os servidores tiveram apenas 6% de reposição em 10 anos. Assim, a situação é bastante delicada, bastante grave.
Segundo Corrêa, o índice pleiteado foi calculado dentro dos parâmetros da Lei de Responsabilidade Fiscal. “Ele não saiu da cartela. É um índice que, naquele momento em que a pauta foi construída, caberia dentro dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal. Portanto, o governo Leite não poderia utilizar o argumento de que a lei não permitiria nenhuma reposição”, explica.
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No caso do IPE Saúde, os problemas centrais são os impactos diretos nos serviços de atendimento. De acordo com os relatos, há carência de profissionais especializados em várias áreas, e a instituição tem enfrentado reduções orçamentárias, além de mudanças como a cobrança para dependentes e a restrição dos dias de internação.
Fábio Castro, vice-presidente da UGEIRM, sindicato que representa agentes da Polícia Civil do Estado, ressalta que os impactos são notáveis fora da Capital. “Não há profissionais disponíveis para atender. O Estado elevou a mensalidade do IPE e a contribuição, porém ainda persiste a carência no atendimento de servidores, sobretudo no interior do estado”, relata.
Ademais dessas questões, a ação estadual também abordará temas que se tornaram relevantes nos últimos meses, incluindo a oposição à escala 6-1 e o descontentamento com as tarifas anunciadas por Donald Trump, que, na visão da Frente, constituem uma ameaça à economia nacional e aos interesses da classe trabalhadora.
Rosane Zan, presidenta do CPERS, destaca o papel da mobilização coletiva e da articulação entre diversos setores do funcionalismo público. “Como atendemos as políticas públicas de saúde, educação e segurança, elas são importantes. E a qualidade, o retorno de quem faz, a transferência das políticas públicas, somos nós, servidores públicos. É importante estarmos juntos nessa pauta de valorização salarial que nos une como um todo”, afirma.
Rosane também aponta que o governo estadual ainda não deu sinais de que atenderá à reivindicação de reposição salarial. “Nesse dia nós estaremos também pedindo uma audiência com o governo, pedindo o atendimento dessas duas pautas unificadas dos servidores públicos”, diz. “O ato do dia 15 tem essa importância de pressão em cima do governo”, conclui.
A ausência de diálogo com o governador Eduardo Leite também é criticada pelo vice-presidente da UGEIRM. “Estamos mobilizando para chamar a atenção, porque queremos resolver essa questão. O governo precisa dialogar com os servidores. Seria interessante que o governador nos chamasse para uma rodada de negociação com o conjunto dos servidores para discutir”, aponta Castro.
Para Corrêa acredita que a base das categorias deve sair às ruas. Ele avalia que, até o momento, as mobilizações envolveram majoritariamente a vanguarda dos servidores. “Para enfrentar o Eduardo Leite, nós precisamos de milhares nas ruas. Leite é um governador ambicioso, que vende muito bem a imagem de homem de diálogo, de um político moderno, quando, na verdade, ele é um político conservador”, afirma. “Ele se diz um homem de diálogo, mas não recebe as entidades para conversar, para negociar, e impõe uma política ultraliberal com privatizações e congelamento de salários”, critica.
Corrêa também aponta que o governo age de forma seletiva ao conceder reajustes. Segundo ele, aumentos salariais têm sido direcionados apenas a cargos de confiança, enquanto a maioria dos servidores segue sem reposição. “É preciso ir para as ruas para fazer a população enxergar o grito de socorro dos servidores e para fazer também com que o governo sinta que o nosso movimento tem força e que isso repercuta dentro da Assembleia Legislativa”, pontua.
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Fonte por: Brasil de Fato