Sidônio fortalece atuação como coordenador de crise na comunicação de Lula
O diretor de comunicação publicitária assumiu a coordenação da Secom da Presidência em janeiro, e tem trabalhado para aumentar a aprovação do governo.

Sidônio Palmeira tomou posse como ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República em janeiro, em cenário de crise do Pix, sendo visto como uma “renovação” para a área do governo.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
O ministro mantém reuniões quase diárias com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Desde que assumiu o cargo, um dos objetivos de Sidônio tem sido alinhar o discurso com ministros e assessores das pastas, o que nem sempre obtém sucesso. Por exemplo, a crítica pública do ministro da Casa Civil, Rui Costa, ao titular da Controladoria-Geral da União, Vinícius Carvalho, mesmo durante a crise do INSS. Sidônio defende que, antes de iniciar as campanhas eleitorais de 2026, é necessário vencer o ano de 2025.
Apesar da crescente ameaça de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) no Congresso para apurar as fraudes no INSS, governistas continuam buscando uma decisão sobre o apoio ou não à instalação do colegiado. À CNN, deputados da base afirmaram não ter recebido nenhuma orientação geral sobre como lidar com o caso desde o início.
LEIA TAMBÉM:
● Alckmin partirá nesta sexta-feira (16) para a missa do papa Leão XIV no Vaticano
● Bolsonaro afirma que morrerá na cadeia: “Não vai demorar” acusado de tentativa de golpe
● Ciro retorna à política e declara que a candidatura está “em situação extrema”
Na sexta-feira (16), Sidônio compareceu ao Alvorada em reunião com Lula e outros ministros para discutir a crise. Após o encontro, a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, declarou que as CPIs são prerrogativa do Legislativo. Contudo, destacou que uma comissão desse tipo pode comprometer a investigação policial e retardar o ressarcimento às vítimas.
A oposição tem atacado o governo, principalmente nas redes sociais. Uma pesquisa da Quaest indica que o esquema foi o tema mais comentado em grupos públicos de aplicativos de mensagens entre 21 de abril e 7 de maio. As publicações alcançavam em média 818 mil pessoas por dia, com mais de 3,6 milhões de mensagens sobre o caso.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A fraude gerou maior destaque em relação a outros assuntos relevantes na época, incluindo a saúde do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a crise do Pix e o projeto de anistia aos condenados pelo 8 de janeiro. O tema apresentou três momentos de grande repercussão: no dia da primeira operação, no dia do relatório da Polícia Federal e quando o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) publicou um vídeo responsabilizando o governo Lula pela fraude.
Não existe nenhuma obscuridade nas comunicações, em nossa visão, acerca das decisões adotadas pelos diversos órgãos do governo – que atua até as notícias que chegam aos jornais e à população em geral –, afirmou a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), integrante da base governista, à CNN.
O governo tem dificuldades em se manifestar nas redes sociais. A aposta de Sidônio é apresentar Lula em uma linguagem mais acessível, estabelecendo diádireto com o público.
Outra orientação do ministro solicita atenção aos vazamentos de informações extraoficiais e às reações rápidas às notícias falsas. Contudo, governistas reconhecem que continuam perdendo nas redes.
A avaliação de aliados de Lula indica que Sidônio reconhece onde reside o problema na comunicação, porém, as crises sucessivas dificultam a implementação do trabalho. Seja devido à atuação dos opositores, seja por declarações de integrantes da própria gestão Lula. Nos últimos meses, as principais crises foram a do Pix, a do INSS e a do TikTok em viagem oficial à China.
Existem aliados que também acreditam que programas relevantes não foram devidamente aproveitados, ou ficaram sujeitos a dificuldades, como o Pé de Meia, um programa de apoio financeiro a estudantes do Ensino Médio público. A oposição reconhece o trabalho de Sidônio, porém avalia que a questão é mais complexa.
Após a chegada do Sídio, houve um esforço na tentativa de melhorar a coordenação da comunicação do governo, mas se mostra ineficaz e improdutivo, pois, na prática, há uma distância enorme entre o mundo real das pessoas e a comunicação oficial, afirmou o deputado federal Mendonça Filho (União Brasil-PE) à CNN.
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, já manifestou considerar a comunicação o principal desafio do governo, ainda que tenha elogiado Sidônio. Na sua visão, o governo não consegue demonstrar progresso em políticas públicas diante da polarização existente.
Ainda assim, mesmo que de forma gradual, o Planalto ganhava aceitação desde a chegada de Sidônio. No começo do ano, a pesquisa da Datafolha indicava aprovação de 35% entre os brasileiros, com 34% de reprovação. Em fevereiro, a aprovação caiu para 24%, enquanto a reprovação subiu para 41%. Em abril, antes da crise do INSS, a avaliação positiva havia aumentado para 29%, e a negativa, retrocedeu para 38%.
Existe a chance de que os índices sejam impactados pelo escândalo previdenciário. Além de Lula, alguns dos mais interessados nos números são os líderes do centro. Dependendo do cenário, decidirão se caminharão ou não com o atual presidente em 2026.
Fonte: CNN Brasil