Síndica de condomínio em Águas Claras presa por usar recursos desviados para abrir salão de beleza
24/04/2025 às 19h09

Além de ter desviado mais de R$ 350 mil da conta do condomínio Residencial Monte Carlo, em Águas Claras, no Distrito Federal (DF), a ex-sindica Daniele Nôbrega é apontada pelos moradores por utilizar parte desse dinheiro para financiar compras diversas em uma esmalteria, localizada em Ceilândia. A denúncia reforça a suspeita de que o esquema envolvia uma ampla rede de beneficiários de fachada.
Segundo informações de moradores e documentos da Metrópoles, o local, com design contemporâneo e revestimento em vidro, está localizado próximo à vitral da acusada. Em 2023, as contas do condomínio apresentaram despesas de aproximadamente R$ 15 mil em vitrais, sem justificativa aparente no condomínio.
Ao analisar as notas e os pagamentos, identificou-se que grande quantidade de materiais de construção, como vidro, tinta e acabamentos, não possuía registro de utilização em obras do condomínio. A ligação com a esmalteria tornou-se evidente, declarou um morador.
Observa-se, ainda, que os documentos de prestação de contas incluem gastos classificados como “despesas de manutenção” e “outras despesas”, porém, ao serem analisados, identificam-se transferências para um cabeleireiro que atende no estabelecimento mencionado.
LEIA TAMBÉM:
● Tirania a suspeito termina em confronto armado e área é isolada na Asa Norte
● Proposta busca determinar a obrigatoriedade de instalação de câmeras de segurança em casas de repouso
● Incêndio alaga favelas em Recanto das Emas. Assista ao vídeo
Compreenda o caso.
Moradores do condomínio Residencial Monte Carlo, em Águas Claras, denunciam a ex-síndica Daniele por desvio de verbas, mediante transferências irregulares, falsificação de assinaturas em cheques e ocultação de documentos.
A mulher foi detida na semana passada (16/4), em Cocalzinho de Goiás, Entorno do DF. Ela alega inocência das acusações.
A suspeita surgiu após uma reunião informal entre moradores, ocorrida há cerca de um mês e meio. Após uma assembleia extraordinária, a síndico propôs a cobrança de taxa extra de R$ 40 mil para supostamente cobrir um “bate-papo”, etapa inicial da recuperação de fachada em edifícios revestidos com pastilhas. Devido à natureza urgente, a obra deveria ser financiada com o fundo de reserva do condomínio.
A síndica demonstrou inicial resistência e atraso na apresentação das contas do condomínio referentes ao ano de 2024. Após sua disponibilização, o documento revelou o emprego de chaves Pix de familiares da ex-síndica, além de cheques com assinaturas diversas e recibos emitidos sem nota fiscal.
Há suspeitas de pagamentos a fornecedores que não prestaram serviços. O valor desviado seria de aproximadamente R$ 200 mil, somado a uma dívida de R$ 150 mil em impostos pendentes.
Um residente aponta que o fundo de reserva está com déficit há pelo menos três anos, apesar da previsão de arrecadação de cerca de R$ 38 mil por ano.
A análise dos movimentos financeiros contou com o auxílio de uma moradora, que possui experiência em controle contábil, e que organizou os dados por categorias. Por exemplo, dados referentes a CPF identificaram cerca de seis recibos com assinaturas distintas e o mesmo destinatário.
Identificaram-se depósitos para parentes da ex-sindica, consultas médicas, despesas com materiais de construção utilizados em obras particulares, incluindo uma esmalteria ligada à suspeita, e outros gastos.
Regulamento e implicações do condomínio
Ademais dos desvios apontados, os moradores denunciam o abandono da estrutura do edifício. O prédio não possui seguro desde janeiro e os sistemas de prevenção e combate a incêndio apresentam falhas, incluindo extintores expirados e hidrantes com mau funcionamento.
Daniele abandonou o apartamento rapidamente na semana em que os documentos começaram a circular no grupo do condomínio. A Polícia Civil do DF (PCDF) efetuou buscas e apreensões em locais relacionados à ex-sindica e coletou telefones celulares e computadores.
O novo síndico e o conselho fiscal foram eleitos, e a nova gestão contratou um advogado, visando recuperar valores e retomar o controle administrativo do edifício.
A defesa alega o seguinte.
O advogado de Daniele negou as acusações. Em nota, ele afirma que “há uma falácia sendo construída no sentido da prática de fraudes, ardis e subterfúgios para locupletar valores” e que a cliente sofre com um “lamentável equívoco”.
A defesa sustenta que o suposto prejuízo não excede R$ 5 mil — valor inicialmente apontado nos processos — e cita decisão judicial que rejeitou o pedido de prisão preventiva formulado pela autoridade policial.
O advogado afirma que o desfecho da perseguição penal demonstrará a inocência. Adicionalmente, ressalta que, ao contrário do que foi divulgado por outros meios de comunicação, sua cliente se encontra no Distrito Federal, em local conhecido pela Justiça, à disposição dos órgãos de persecução.
A investigação está em andamento. A reportagem continuará atualizando as informações com os responsáveis pela investigação.
Fonte: Metrópoles