Sindicato ligado a irmão de Lula obteve R$ 100 milhões a mais em 3 anos
Sindicato Sindnapi investigado por perdas incorretas em pagamentos de aposentadorias do INSS, envolvendo um líder do PDT e conflito político com Paulinho da Força.

A Polícia Federal investiga São Paulo por suspeita de participar de um esquema bilionário de descontos indevidos nas aposentadorias do INSS. O Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical, com Frei Chico, irmão de Luiz Inácio Lula da Silva, como vice-presidente, registrou um aumento de faturamento de R$ 100 milhões em três anos, conforme auditoria do Tribunal de Contas da União.
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Compreenda o caso.
Créditos consignados
No âmbito de processos judiciais, o Sindnapi tem alcançado sucesso e obtido diversas improcedências em ações movidas por aposentados. Nos processos, são anexadas fichas contendo filiação, reconhecimento facial e áudios e vídeos de aposentados declarando sua filiação ao sindicato.
Uma aposentada declara: “Eu concordo em me associar ao Sindnapi, com desconto de 2,5% do valor do meu benefício”. Advogados afirmam, no entanto, que seus clientes têm sido induzidos a se filiar à entidade em busca de crédito consignado.
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No edifício do Sindnapi, existe uma agência bancária e a entidade possui parcerias para a venda de crédito consignado.
O caso já foi analisado pelo TCU. Conforme a auditoria, 482.8 mil novas filiações realizadas pelo Sindnapi em 2023 tiveram o início de seus descontos com datas próximas à celebração de contratos de empréstimos. A Corte, contudo, não emitiu nenhuma recomendação mais severa contra a venda dos dois produtos pelo mesmo agente, conhecida popularmente como venda casada.
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Crise política
Apesar de ter o nome da central sindical com lideranças da Solidariedade, o Sindnapié é administrado desde 2021 por Milton Cavalo, filiado ao PDT e ligado ao ministro da Previdência Social, Carlos Lupi. Foi fundado pelo ex-deputado Paulinho da Força (Solidariedade) e seus aliados, seguindo o modelo de sindicatos de aposentados italianos. Paulinho atuou como presidente de honra, sem exercer função de liderança.
O presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Químicas e Siderúrgicas da Região Metropolitana de Belo Horizonte (Sindinapi) preferiu um aliado nas últimas eleições, porém foi deixado de lado e se sentiu excluído das eleições que resultaram na eleição de Cavalo para o cargo. Paulinho tentou, na Justiça, anular o mandato de Cavalo, o que foi negado.
Na quinta-feira (24/4), o ex-deputado Paulinho criticou publicamente as ações da Polícia Federal contra 11 empresas acusadas de aplicar descontos indevidos em aposentadorias, revelados pelo Metrópoles no ano anterior. Ele afirmou que a prática ocorreu “debaixo do nariz” do então presidente Lula e que representou “o maior roubo ao trabalhador da história do país”.
O frei Chico está no Sindnapi desde 2008. Ele assumiu a vice-presidência em 2023, ano em que o sindicato registrou um aumento significativo de filiados e de faturamento. Segundo Milton Cavalo, a entidade possui 80 unidades de atendimento e negou que seus gestores tenham sido alvo de operações da Polícia Federal.
O líder declara que o Sindicato Napi sempre contou com grande número de membros e destaca que a organização tem comprovado judicialmente que os servidores se filiaram de livre espontânea vontade.
Cavalo alega que a CGU adotou uma postura excessivamente invasiva com os associados, o que assustou os entrevistados e os levou a negar qualquer vínculo com a entidade.
Em relação às reclamações sobre créditos consignados, informa-se que é legal oferecer a filiação de associações em balcões de créditos consignados, e que aposentados que aceitam se filiar preenchem fichas, gravam áudios manifestando suas vontades e realizam biometria facial.
Cavalo afirma que outras associações estão cometendo fraudes e que o Sindnapi apoia as investigações da Polícia Federal.
Fonte: Metrópoles