SpaceX recebe autorização para realizar o teste de voo da Starship após dois incidentes

A investigação sobre o problema mais recente do veículo prossegue.

22/05/2025 19h23

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(Imagem de reprodução da internet).

A agência reguladora federal autorizou a SpaceX a realizar outro teste de voo da Starship, o veículo de lançamento mais potente já construído, após dois acidentes com explosões no início deste ano que provocaram a queda de destroços em ilhas nos oceanos do Caribe e do Atlântico.

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A Administração Federal de Aviação (FAA), que licencia lançamentos de foguetes comerciais, afirmou nesta quinta-feira (22) que a SpaceX pode seguir com sua próxima tentativa de lançamento enquanto uma investigação sobre a falha mais recente do veículo, durante a qual ele explodiu perto das Bahamas, está em andamento, confirmou a agência CNN.

Os reguladores autorizaram que a empresa continuasse com outra missão de teste, denominada Voo 9, após constatar que a SpaceX cumpriu “todos os requisitos rigorosos de segurança, ambientais e outros requisitos de licenciamento”.

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A atualização da FAA ocorre após a agência emitir uma licença de lançamento no último dia 15 de maio para o próximo voo de teste.

A aprovação da licença representou um marco importante e uma vitória para a SpaceX, marcando a conclusão de um processo de aprovação muito esperado. A empresa buscava há anos ampliar o número máximo de lançamentos que podia realizar anualmente a partir de suas instalações no Texas, Estados Unidos – sede das instalações de fabricação e operação da Starship.

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A FAA aprovou alterações na licença para a missão SpaceX Starship Flight 9, afirmou a FAA no comunicado de 15 de maio. A aprovação inclui a ação final que permite à SpaceX aumentar as operações da Starship de cinco para 25 por ano em Boca Chica, Texas.

A FAA também notou que ampliaria o tamanho das zonas de risco – ou áreas de exclusão de aeronaves – que seriam bloqueadas durante o próximo voo da Starship.

A agência informou que realizou a alteração em decorrência dos dois incidentes anteriores, o Voo 7 em janeiro e o Voo 8 em março, que indicaram “uma maior probabilidade de falha” nos cálculos da FAA.

A SpaceX busca, pela primeira vez, reutilizar um propulsor de foguete Super Heavy no Voo 9. O Super Heavy constitui a maior parte do sistema de lançamento da Starship, compreendendo um cilindro de aço com 71 metros de comprimento (232 pés), tanques de combustível e os 33 motores de foguete que geram o impulso inicial durante a decolagem.

A SpaceX recuperou com segurança três propulsores Super Heavy até o momento, visando reformar e reutilizar as partes do foguete para diminuir os custos.

Expansão das áreas de risco

A FAA informou que aumentaria o tamanho da área de risco da Starship, elevando de 1.018 milhas (885 milhas náuticas) para 1.841 milhas (1.018 milhas náuticas) para o teste de voo 9 do lançamento.

A expansão da zona de exclusão impactará até 175 voos, com um tempo médio de atraso estimado de 40 minutos, conforme a FAA. A agência projeta que tais atrasos geram custos de aproximadamente US$ 50 (equivalente a cerca de R$ 285) por hora para os passageiros e até US$ 100,80 (cerca de R$ 570) por minuto para as companhias aéreas, ou US$ 6.048,00 (aproximadamente R$ 34,5 mil) por hora por voo afetado.

Para reduzir o impacto, o documento informou que “a janela de lançamento foi programada fora dos horários de maior fluxo de veículos”.

A SpaceX ainda não divulgou oficialmente o horário do lançamento do Voo 9.

A possibilidade de ocorrência de desabamentos e quedas de materiais.

A FAA também mapeia áreas de resposta a detritos onde suspeita que fragmentos do veículo possam cair caso ele exploda em pleno voo.

Após os acidentes do Voo 7 e do Voo 8, os destroços ficaram, em sua maioria, nessas áreas.

Em janeiro, fragmentos da nave Starship, do Voo 7, que sofreu falha, foram encontrados nas ilhas Turks e Caicos. Relataram-se também danos materiais, com um destroço atingindo um automóvel em South Caicos, conforme confirmado pela FAA na ocasião.

Fragmentos do voo de teste malsucedido do márxio também atingiram a região das Bahamas.

A FAA está em contato próximo e em colaboração com o Reino Unido, Ilhas Turks e Caicos, Bahamas, México e Cuba, enquanto a agência continua monitorando a conformidade da SpaceX com todos os requisitos de segurança pública e outros requisitos regulatórios, afirmou a agência em um comunicado nesta quinta.

A SpaceX necessita revisar sua Análise de Segurança de Voo, considerando todos os resultados dos voos anteriores, incluindo incidentes de acidentes, e para determinar e definir áreas de risco.

Não foram registrados casos de lesões decorrentes dos incidentes passados da Starship.

A FAA informou, em comunicado de janeiro, que exige que a SpaceX mapeie “áreas de risco suficientes para assegurar que a probabilidade de acidente para um membro do público em terra ou a bordo de uma embarcação não ultrapasse uma em um milhão”.

Nave espacial e a visão abrangente.

Apesar das críticas e das reações negativas decorrentes dos problemas nos testes de voo e da ligação do diretor executivo Elon Musk com o governo federal, o êxito do veículo Starship é visto como fundamental para os objetivos da agência espacial NASA.

A agência espacial já concordou em pagar à SpaceX até US$ 4 bilhões (aproximadamente R$ 23 bilhões) para transportar astronautas à superfície lunar em até duas missões de pouso na Lua planejadas para o final desta década.

A colaboração entre a SpaceX e a Nasa poderá se ampliar se a agência decidir descontinuar seu próprio foguete Sistema de Lançamento Espacial, ou SLS, como propôs o governo Trump.

O projeto orçamentário inicial da Casa Branca, apresentado em 2 de maio, sugeriu o encerramento do foguete SLS após três lançamentos.

A interrupção do foguete SLS provavelmente deixaria a Starship como a única opção para transportar astronautas ao espaço profundo, seja para a Lua ou para Marte, que é o destino escolhido por Musk e Jared Isaacman, um confidente de Musk que Trump selecionou para liderar a NASA. (A agência espacial ainda aguarda a confirmação final do Senado para a nomeação de Isaacman.)

O futuro da nave estelar

Há muito tempo a SpaceX anunciou a Starship como uma empresa com preços acessíveis e que alteraria o cenário devido ao seu tamanho.

Musk declarou que o custo de cada voo de teste tem variado entre 50 milhões e 100 milhões de dólares. Os protótipos voadores até o momento percorreram apenas trajetórias suborbitais e não possuíam recursos essenciais para missões tripuladas, como sistemas de suporte à vida.

A SpaceX deve determinar como repor o veículo durante sua órbita terrestre, um processo que será fundamental para missões em áreas mais distantes do espaço.

O desenvolvimento da Starship provocou controvérsia devido à utilização de uma abordagem de engenharia que a empresa denomina de “desenvolvimento iterativo rápido”.

A filosofia propõe o lançamento de protótipos de baixo custo durante o desenvolvimento, visando identificar e solucionar rapidamente falhas no projeto. Esse método se distingue da abordagem da NASA para o SLS, que priorizou testes extensivos no solo, quase assegurando o sucesso na primeira tentativa de lançamento.

Devido à sua abordagem única de desenvolvimento, a SpaceX é conhecida por aceitar contratempos terríveis, ao mesmo tempo em que enfatiza que até mesmo voos de teste malsucedidos ajudam os engenheiros a aprimorar o design da Starship – possivelmente mais rápido e de forma mais econômica do que se a empresa utilizasse abordagens de engenharia alternativas.

Com um teste como este, o sucesso reside no que aprendemos, afirmou a empresa com frequência em declarações emitidas após as falhas nos voos da Starship.

Contudo, esses testes rápidos e constantes resultaram em falhas graves e de grande escala ao longo da trajetória da empresa, que historicamente serve como um lema para seus críticos.

SpaceX realiza primeiro voo espacial tripulado em órbita polar.

O Starship, da SpaceX, é o foguete mais potente já construído.

Fonte: CNN Brasil

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