Sudene e UFPE avaliam a viabilidade da construção de ferrovias ligando Recife a Caruaru e Petrolina a Salgueiro
A linha férrea entre a capital e o Agreste foi projetada para transportar passageiros, enquanto o trecho no Sertão serve para o transporte de mercadorias.

A Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) firmaram a contratação de dois estudos com o objetivo de promover a construção e a retomada de redes ferroviárias no estado. Um dos estudos visa a reativação da linha que liga Recife a Caruaru, destinada ao transporte de passageiros, enquanto o outro se concentra na edificação de uma nova ferrovia para o escoamento de cargas entre Petrolina e Salgueiro, interligando o norte do sertão pernambucano à região do Vale do São Francisco, no sul do sertão.
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A extensão entre Recife e Caruaru é estimada em 120 quilômetros. O estudo contratado tem como objetivo avaliar os trechos remanescentes da antiga ferrovia Estrada de Ferro Central de Pernambuco para determinar o que ainda é possível aproveitar e onde será necessária a instalação de uma nova malha. A partir da avaliação desta malha, será realizado um estudo sobre a viabilidade técnica e ambiental da ferrovia. A formalização do acordo ocorreu na última quinta-feira (24), no Sertão do estado. Os resultados dos estudos deverão ser divulgados dentro de oito meses, até março de 2026.
Danilo Cabral, superintendent da Sudene, identifica possibilidades no projeto. “Aprimora a circulação na BR-232 e pode impactar positivamente o turismo e o desenvolvimento do polo têxtil do Agreste”, afirma. Antigas estações em Caruaru, Bezerros e Gravatá atualmente abrigam órgãos municipais, museus e centros culturais. A maior parte da ferrovia foi desativada, com trechos de trilhos removidos pela população ou novas construções levantadas sobre a ferrovia.
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O segundo trecho a ser analisado apresenta um traçado com aproximadamente 250 quilômetros, ligando Salgueiro a Petrolina. A ideia é que este trecho permita que a produção da fruticultura irrigada (na área de Petrolina) seja encaminhada até a ferrovia Transnordestina, que conectará Salgueiro ao Porto de Suape, no litoral pernambucano, e ao de Pecém, no Ceará. “A estimativa é que o transporte de cargas por ferrovias diminua em 40% os custos em relação ao transporte rodoviário. Esse trecho pode abrir novas oportunidades de mercado para a produção local”, avalia Cabral.
A Sudene avalia que a rede ferroviária potencializa os dois municípios sertanejos como importantes centros de logística na região Nordeste. Petrolina está localizada às margens do rio São Francisco, que possui 1,3 mil quilômetros navegáveis entre o interior de Minas Gerais e o litoral de Sergipe. Salgueiro também possui posição estratégica, sendo ponto de conexão da BR-232, que segue até o Recife; e da BR-16, que segue até Fortaleza (CE), ao norte, e passa por Feira de Santana, Jequiê, Vitória da Conquista (BA), Teófilo Otoni, Governador Valadares, Muriaé (MG), Teresópolis e se encerra em Magé (RJ).
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A Ferrovia Transnordestina é dividida em dois trechos. O primeiro, que vai de Eliseu Martins (PI), passando por Salgueiro (PE) e chegando a Pecém (CE), apresenta 75% da obra concluída. O segundo trecho, mais curto, entre Salgueiro (PE) e Recife (PE), encontra-se paralisado. Esse trecho possui 545 quilômetros, dos quais 179 quilômetros (33%) foram construídos, partindo de Salgueiro, seguindo por São José do Belmonte, Serra Talhada e terminando em Custódia.
A licitação entre Custódia e Arcoverde deverá ocorrer em 2025, com expectativa de reinício da obra no início de 2026. O trecho ainda contempla Pesqueira, Cachoeirinha, Além de Maria, Ribeira e, por fim, Suape. As fases seguem com o projeto técnico em elaboração. A Infra S. A., empresa pública vinculada ao Ministério dos Transportes, projeta que a Transnordestina seja finalizada em 2029.
O Governo Federal possui projetos futuros para o desenvolvimento da rede ferroviária, tanto para passageiros quanto para cargas, na região Nordeste, buscando impulsionar a logística e aumentar a competitividade dos empreendimentos econômicos e produtivos locais. “O presidente Lula pretende requalificar a malha ferroviária brasileira, em especial a nordestina”, afirma o superintendente da Sudene. A Infra S. A. planeja a construção de ferrovias na Bahia (Salvador-Feira de Santana), Ceará (Fortaleza-Sobral) e Maranhão (São Luís-Itapecuru Mirim).
Fonte por: Brasil de Fato