Supremo Tribunal Federal: depoimentos de acusados foram conduzidos com tom leve
Testemunhos do primeiro grupo envolvido na ação penal que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022 se estenderam por dois dias.

O Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu na terça-feira (10) os depoimentos dos oito réus do denominado “núcleo crucial” da ação penal que investiga um suposto plano de golpe de Estado nas eleições de 2022, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
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Durante os depoimentos, ocorreram vários momentos de descontração entre os réus, seus advogados e as autoridades presentes no Supremo.
Eu, no mínimo, gostaria de jantar, excelência.
O ministro Alexandre de Moraes resmungou sobre o pedido de alteração do horário das audiências apresentado pelo advogado do general Augusto Heleno. O incidente ocorreu na noite de segunda-feira (9), primeiro dia dos depoimentos, quando Matheus Mayer justificou a sua chegada tardia à residência.
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“Eu, no mínimo, quero jantar, Excelência, porque eu só tomei café da manhã”, disse o advogado do general, que não disfarçou o riso diante da declaração inusitada.
Após rejeitar o pedido, Moraes retrucou: “Doutor, vamos ver se nós terminamos amanhã, daí o senhor tem quarta-feira para tomar um belo brunch. Quinta-feira, um jantar, que é Dia dos Namorados. Sexta, dia de Santo Antônio, o senhor comemora também. Se a gente começa a atrasar, a gente não acaba”.
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Sim, estou acostumado, pode falar.
Durante o depoimento, o tenente-coronel Mauro Cid declarou que Moraes era “bastante criticado” entre os aliados do governo Bolsonaro e na reunião que ele descreveu como “conversa informal”.
A declaração foi feita após uma pergunta do advogado Celso Vilardi, que representa Bolsonaro, sobre citações ao ministro em uma reunião entre militares em 28 de novembro de 2022.
“Entendo que foi muito criticado”, respondeu Mauro Cid. Em seguida, Moraes rebateu: “Só isso? O senhor tem que falar a verdade. Estou acostumado, pode falar”.
“Doutor, não provoque.”
Na segunda-feira do julgamento, o advogado do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, Eumar Novacki, teve um momento de descontração.
Novacki solicitou ao seu cliente que detalhasse o funcionamento da hierarquia entre a Polícia Militar do Distrito Federal e a Secretaria de Segurança Pública do DF, que Torres liderava nos primeiros dias de janeiro de 2023.
Contudo, antes que o depoente pudesse responder à pergunta, Moraes sorriu e disse ao advogado: “Não provoca”. Em seguida, os três riram da situação.
O ministro mencionou um confronto que ocorreu no mês passado com Rosivan Correia de Souza, servidor da Secretaria de Segurança Pública do DF, que na ocasião oferecia depoimento como testemunha de defesa de Torres.
A pergunta é sim ou não.
Em outra ocasião, a defesa de Augusto Heleno provocou risadas no Supremo, quando Mayer, sua cliente, não respondeu adequadamente às perguntas.
Mayer indagou Heleno se ele coordenara ações da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), instruindo a agência a elaborar relatórios e documentos com informações falsas acerca da eleição de 2022.
“De forma alguma, não havia clima, o clima da Abin era muito bom”, respondeu Heleno.
“Não, general, a questão aqui é só sim ou não, desculpe”, rebateu o advogado.
Foi então que Moraes começou a rir e declarou: “Não fui eu general, que fique nos anais aqui no Supremo, foi o seu advogado”.
Gostaria de convidá-lo para ser meu vice em 2026.
O ex-presidente Jair Bolsonaro também resolveu fazer uma brincadeira durante seu depoimento. O ex-presidente, que está inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), perguntou se poderia fazer uma piada com Moraes e, em tom de descontração, o magistrado respondeu: “Eu perguntaria para os seus advogados”.
Bolsonaro declarou: “Eu gostaria de convidá-lo para ser meu vice em 2026”. Moraes, rindo, respondeu: “Eu declino novamente”.
O ministro já havia recusado outra proposta do ex-presidente, que incluía a oferta de exibir fotos de seus encontros com apoiadores.
Você não concordou comigo.
Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, manifestou irritação com seu advogado, Andrew Farias, em relação a uma reunião ministerial ocorrida em 2022.
Com os braços abertos, questionou: “Está me perguntando sobre a reunião, tipo?” Todos os presentes riam da situação.
Assim, Farias alega que se tratava de apenas “esclarecer”.
Ele apenas informa que, a pedido do advogado, você não concordou comigo, certo? Mas tudo bem, diz o ex-ministro demonstrando irritação.
Moraes pergunta: “Satisfeito?” e Farias responde: “Satisfeito, sem mais perguntas”.
Eu compreendo que o senhor está detido, eu que ordenei.
No início do interrogatório do ex-ministro da Defesa Walter Souza Braga Netto, Moraes ofereceu uma resposta irônica durante as questões introdutórias.
O relator da ação penal questiona se Braga Netto já foi preso em algum momento, o ex-ministro ri e responde: “Eu estou preso, senhor presidente”.
O ministro ressalta que a questão se refere a outra detenção e retruca: “Eu sei que o senhor está preso, eu que ordenei”.
Sob a supervisão de Renata Souza.
Fonte por: CNN Brasil