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]]>Em 2020, a adolescente Y.B., de Janaúba, no interior de Minas Gerais, se apaixonou pelas bonecas reborn, que são feitas à mão para se assemelharem a bebês reais, caracterizadas por seus detalhes hiper-realistas, como pele macia, cabelos colocados fio a fio e olhos de vidro.
Em abril, publicou um vídeo em seu perfil no TikTok mostrando Bento, seu bebê reborn, no hospital após notar que ele não se sentia bem. O conteúdo viralizou e alcançou mais de 8 milhões de visualizações até o momento.
No conteúdo viral, Y.B. relata ter levado Bento ao hospital rapidamente ao constatar que ele se sentia mal. Ao chegar ao local, ela informa que a médica o examinou, mediu sua temperatura e administrou medicamentos. Em certo momento, ela menciona que “tirou o leite” para oferecer a ele no hospital.
O vídeo obteve comentários de indivíduos que acompanham Y.B. por apreciação de seu conteúdo, além de pessoas que não simpatizam com as bonecas hiper-realistas: “Isso é normal?”, “Vai se tratar, louca” e “caso de psiquiatra” são alguns dos comentários na publicação.
Contrariamente ao que muitos usuários que assistiram ao vídeo e rotularam Y.B. de louca acreditam, ela não levou, de fato, seu bebê reborn ao hospital, e também não acreditava que ele apresentava algum problema de saúde. Tudo não passava de ficção. A jovem chegou inclusive a utilizar inteligência artificial (IA) para fazer o seu boneco, que foi produzido com os olhinhos fechados, abrir o olho e piscar.
“Isso é completamente irreal”, afirma Y.B. em entrevista à CNN.
Eu produzo vídeos fictícios que parecem reais. O vídeo do hospital teve grande repercussão, pois todos acreditaram que eu havia entrado no hospital para cuidar de um bebê. No entanto, eu sei que se trata de um boneco de plástico e não tem relação com a maternidade. Contudo, o problema é que as pessoas estão acreditando que o que veem na internet é real.
Na sua conta do TikTok, com mais de 120 mil seguidores, a jovem deixa evidente desde o início que seu conteúdo é infantil e totalmente fictício. O vídeo que mostra Bento no hospital foi gravado, segundo ela, em um dia de visita a uma amiga que havia acabado de dar à luz e que estava internada na maternidade. Y.B. criou, nessa ocasião, o que chamam de “role play”, que em tradução para o português significa “interpretação de papéis”, como em uma peça de teatro.
Y.B. relata que leva seus bebês reborn para todos os lugares, sempre aproveitando para gravar vídeos. “Eu fui ao hospital visitar um bebezinho que tinha nascido da amiga da minha mãe. Então, eu aproveitei para levar o Bento”, conta.
Apesar da repercussão negativa, Y.B. considera o viralização como algo positivo: obteve mais seguidores em seu perfil, com muitos admiradores da arte reborn, crianças e adultos; estabeleceu parcerias com artistas que produzem bonecos reborn e está monetizando seus conteúdos. “Eu não ignoro os comentários [negativos], mas eles não me fazem mal porque eu sei que tudo ali é mentira”.
Contudo, o universo reborn não se restringe apenas à criação de conteúdo e aos “role plays”, como no Y.B. Na comunidade, composta por artistas que produzem os bonecos e pelas colecionadoras, tudo é considerado uma arte. Ressalva-se que todo o empenho e a delicadeza que criar uma boneca demanda são reconhecidos como um processo artístico.
Adicionalmente, diversas colecionadoras apreciam a arte reborn e veem a brincadeira com bonecas como um passatempo ou um exercício terapêutico.
Afirma conhecer diversas colecionadoras, visto que está na arte desde 2020. Ninguém acredita que são itens de verdade, nem os trata como se fossem seus próprios filhos.
A psicóloga clínica Larissa Fonseca ressalta que atividades lúdicas, como brincar com bonecas, estimulam regiões do cérebro ligadas à criatividade, ao relaxamento e ao prazer. “A vida adulta pode incluir momentos de brincadeira, contanto que não se torne uma evasão da realidade”, declara a CNN.
Apesar de ter ganhado destaque nas últimas semanas, a arte e o universo reborn não são uma novidade. Algumas colecionadoras, como a influenciadora Nane Reborns, adquirem bonecas hiper-realistas há mais de 20 anos.
Contudo, o assunto tem ganhado força e popularidade na internet nos últimos meses após algumas influenciadoras viralizarem com conteúdos feitos com suas coleções de bonecas reborn. Nane, por exemplo, possui mais de 36 mil seguidores no Instagram e mais de 240 mil no TikTok.
Celebridades também se interessaram pelo hobby: o padre Fábio de Melo adotou recentemente um bebê reborn com síndrome de Down. Nicole Bahls também adotou duas bonecas, batizadas de Maria Maria e Rainha Matos. Na cinematografia, o tema também ganhou destaque recentemente: no filme “Uma Família Feliz”, estrelado por Grazi Massafera e Reynaldo Gianecchini, a personagem principal Eva trabalha fazendo bebês reborn para vender. O filme é baseado no livro de mesmo nome, escrito por Raphael Montes, responsável por títulos como “Bom Dia, Verônica” e a novela “Beleza Fatal”.
Os artistas que confeccionam os bonecos reborn são denominados “cegonhas”, em referência àquelas que dão à luz aos bebês hiper-realistas. Algumas trabalham sob encomenda, atendendo pedidos de crianças e também de adultos, como Sara Gomes, 55.
A paixão por bonecas me acompanha desde a infância. Meus pais possuíam uma fábrica de bonecas de porcelana, venho de uma família criativa, o que despertou meu interesse em criar minhas próprias bonecas, conforme relato da CNN. Foi em 2002, durante o trabalho na área de Recursos Humanos, que Sara conheceu a arte reborn e decidiu cursar a técnica. Desde então, ela produz bonecos.
Para criar um bebê reborn, são necessárias algumas etapas: a primeira, é o kit, que pode ser de vinil ou silicone, com as áreas separadas do boneco: pernas, braços, cabeça, corpo, entre outras. “Eu começo com a preparação, que inclui limpeza, neutralização e, de acordo com o pedido do cliente, a definição do sexo, tom de pele e se será um bebê recém-nascido ou maior”, explica Sara.
A artista inicia o trabalho nas camadas da pele do bebê. Para aumentar o realismo, emprega esponjas e utiliza técnicas de sombreamento, texturas com tintas variadas e pinturas detalhadas, como manchas, veias, sulcos e unhas, seguindo o pedido do cliente.
“É um trabalho artesanal minucioso, muito detalhado e que, por todos esses anos, vejo o reflexo de quanto ajuda as pessoas”, afirma Sara.
Mylla, com 21 anos, também é colecionadora de bonecas reborn e cria conteúdos infantis e fictícios para as redes sociais. Em seu perfil no TikTok, que conta com mais de 173 mil seguidores, a jovem de Imperatriz, no Maranhão, publica vídeos no estilo “role play” da rotina com sua boneca Eloá.
Seu conteúdo também gera comentários negativos, mas Mylla nega que colecionadoras de bonecas reborn acreditem que seus bonecos são bebês reais.
Começamos a produzir esse tipo de conteúdo porque observamos que ele gerava engajamento, já que as pessoas tendem a acreditar em tudo o que encontram na internet.
O conteúdo produzido por Mylla é direcionado, sobretudo, para crianças e para colecionadoras de bonecos reborn. No entanto, desde que o tema ganhou destaque na internet, tem recebido comentários e críticas negativas de indivíduos que não compreendem que tudo não passa de ficção.
Preocupava-se bastante com os comentários e sentia-se triste, devido à grande maldade. Já recebeu ameaças de morte, relata. Para ela, tudo isso é preconceito por uma mulher adulta ter uma boneca. Normalmente, as pessoas acham normal crianças terem bonecas, mas quando veem uma adulta com uma boneca, é estranho, é de aí que vem o preconceito.
Homens também experimentam momentos de lazer com atividades recreativas e muitos são colecionadores de carros, quadrinhos e bonecos de ação. O que, então, causa tanta surpresa com o universo reborn?
Para a psicanalista Fabiana Guntovitch, a sociedade não aprecia o ato de brincar na vida adulta, principalmente quando este é direcionado ao feminino. “Homens jogarem videogame, frequentemente, é considerado normal. No entanto, para o feminino, existe uma resistência”, afirma a CNN. “Brincar na vida adulta é saudável e terapêutico, como colorir, desenhar, montar quebra-cabeças, jogar videogame e, inclusive, brincar com bonecas”, completa.
Ademais, a especialista considera que pode haver uma questão relacionada aos papéis de gênero estabelecidos socialmente. “O lugar esperado da mulher na sociedade é servir ao outro. Assim, ao dedicar seu tempo a algo que não é para ela – como brincar de boneca –, a mulher causa estranhamento”, declara.
A mulher não possui esse espaço social. Acredita-se que suas 24 horas devem ser dedicadas a servir à família, ao trabalho, aos filhos, aos vizinhos, aos pais e aos demais.
É, por isso, inclusive, que é difícil ver homens brincando com bebê reborns, apesar de também existirem alguns colecionadores – como é o caso do padre Fábio de Melo. “Um menino brincar de boneco não é aceito nem na infância, quem dirá na vida adulta”, observa Guntovitch. “Estamos falando de estereótipos e de machismo estrutural.”
Para Fonseca, mesmo não se tratando de uma novidade, esse espanto também pode ser explicado por estar relacionado a um papel emocional, afetivo e, muitas vezes, desafiador da vida real: a maternidade.
A psicóloga aponta que o incômodo da sociedade diante dessa relação mãe-boneca está relacionado a uma posição de estranhamento social proveniente de alguém que vivencia o afeto com um bebê real, como em um ambiente hospitalar, ao observar outra pessoa imitando esse afeto com algo não vivo.
Para avaliar se existe algum impacto na saúde mental — como muitos usuários apontam em comentários negativos em conteúdos “role play” com bebês reborn — é necessário compreender, primeiramente, se há prejuízos na rotina do adulto.
“Qualquer diagnóstico que observamos a partir do comprometimento da rotina da pessoa: ela está deixando de trabalhar? Ela está vivendo em função daquele objeto? Ela está sofrendo excessivamente com esse sintoma? Qual é o comprometimento na vida dela?”, explica Fonseca.
Para determinar se se trata de um transtorno mental ou de uma questão entre fantasia e a realidade, é necessário observar se há isolamento, se existe sofrimento intenso sem objeto, se há prejuízo nas relações sociais, familiares e profissionais, e se o uso do objeto se restringe ao preenchimento emocional.
Guntovitch acrescenta, ainda, que é importante analisar todo o contexto e a dinâmica que a mulher possui com o bebê reborn. “Uma coisa é a pessoa levar o bebê aos lugares que frequenta porque as pessoas possuem curiosidade e querem conhecê-lo. Outra coisa é levá-lo aos compromissos porque, supostamente, ele não pode ficar sozinho”.
É necessário analisar a subjetividade do próprio ato, o porquê e como a pessoa está vivenciando o hobby e os significados que ele lhe proporciona. Esses fatores indicarão se ela está bem ou não.
Para Y.B., o reborn, além de um hobby e objeto de sua produção de conteúdo, é uma paixão artística. “Eu defino a arte reborn como um hobby totalmente artístico. É algo tão fofo, tão genuíno. É a imitação de um bebê real. Então, por que tanto comentário ruim?”, questiona.
Myla concorda e reforça: “Não é real, é encenação, é tudo fictício”. “Antigamente era apenas um hobby”, conta, “mas assim que eu comecei a gravar, se tornou minha renda extra”.
Além da renda adicional que pode gerar para aqueles que criam conteúdo sobre o universo reborn, as integrantes da comunidade também reconhecem o impacto positivo que isso pode ter no bem-estar mental das pessoas, incluindo como um momento de diversão.
“Tenho clientes que sofriam de depressão e, após adquirirem um bebê, relatam a alegria de brincar com bonecas na vida adulta”, explica Sara. “E não é mais que isso: muitas pessoas têm hobbies, e o bebê reborn é esse resgate a brincadeiras de infância, que fazem bem para muita gente”, completa.
Fonseca acredita que as atividades lúdicas podem ser utilizadas como instrumento terapêutico, contudo, com precaução.
O boneco reencarnado pode atuar como um elemento de transição, representando algo que foi perdido. O cuidado com o brinquedo, em certos casos, pode incentivar o retorno à rotina e ao afeto, sendo essencial que seja temporário e acompanhado por um profissional, para que não se torne um substituto dessa realidade.
Guntovitch concorda: “A arte renascida pode ser terapêutica no sentido de ser uma oportunidade de elaboração de dores e questões internas dessa pessoa. Ela está usando um símbolo para se relacionar, não com a boneca, mas consigo mesma”, afirma. “É um veículo para que a pessoa lide com as próprias questões que, de outra forma, não estava conseguindo acessar”, finaliza.
Gracyanne Barbosa faz declaração de amor para boneca bebê reborn e ganha fãs inesperadamente.
Fonte: CNN Brasil
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]]>O post Ciro Nogueira: filhos de Bolsonaro devem dialogar com o “centro” para 2026 apareceu primeiro em ZéNewsAi.
]]>O senador Ciro Nogueira (PP-PI), um dos líderes da nova federação entre União Brasil e Progressistas, não acredita que seja inviável que a direita se una em torno de um dos filhos de Jair Bolsonaro, caso o ex-presidente esteja inelegível.
Em entrevista exclusiva à coluna, Nogueira comentou sobre as perspectivas que identifica para a direita em 2026, incluindo as recentes movimentações do ex-presidente Michel Temer para consolidar o campo ideológico em torno de um único candidato.
O líder da federação declarou que não é impossível apoiar um filho ou a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, mas que seria necessário “ir ao centro”.
Acredito que um parente do presidente Bolsonaro teria total viabilidade caso apresentasse um discurso mais centrista. Se ele se isolar na direita, não será eleito, ressaltando que seu candidato ainda é o próprio Bolsonaro.
Nogueira reiterou que deseja auxiliar o ex-presidente na seleção de um nome, caso a Justiça o declare inelegível. Acrescentou que Bolsonaro pode apoiar a união de governadores de direita para concorrer à eleição.
Não há como considerar inviável o apoio do presidente Bolsonaro a qualquer governador. Caiado, Tarcísio, Zema, Ratinho Júnior, Teresa Cristina (…), qualquer um desses nomes seria altamente viável para vencer uma eleição se contasse com o apoio do presidente Bolsonaro.
Acesse a entrevista na íntegra:
O senador descreve a nova federação como uma bússola para o país, liderada por figuras como o ex-ministro da Casa Civil e o presidente do Senado, em parceria com dois partidos que possuem quatro ministérios no governo Lula. Ele considera que o Brasil é marcado por ciclos políticos, como os do PDS, MDB e PSDB, e acredita que o ciclo do PT está chegando ao fim. Observa que, nas eleições de 2024, o eleitorado brasileiro manifestou apoio ao centro, com a maioria dos prefeitos e vereadores apresentando perfil de centro, incluindo partidos como PSD e Republicanos. A federação, apesar das divergências, busca um consenso para impulsionar o crescimento do país, comparando-o com o crescimento de outras nações.
A nova federação é a mais robusta no Congresso Nacional. Contam com 109 parlamentares, 14 senadores, mais de 1.300 prefeitos e seis governadores. Não se deve temer que o governo Lula tenha receio dessa federação. No entanto, vislumbro nessa federação um importante escudo de proteção para a sociedade contra as possíveis medidas que o governo, com baixa popularidade e distante da população, pode implementar e que possam prejudicar o país. Essa federação não apoia o governo, mas também não estará contra o Brasil. Todas as medidas apresentadas pelo governo que gerem confiança na política econômica do país contarão com nosso apoio. Contudo, todas as medidas com viés de arrecadação, que aumentem a carga tributária e criem obstáculos ao crescimento do país, enfrentarão uma oposição sistemática da federação.
O interlocutor mencionou ciclos e citou o MDB, um dos pilares do presidencialismo de coalizão. A perspectiva para os próximos anos é, em parte, assegurar essa dinâmica. A questão central é qual base o próximo presidente da República precisa para garantir governabilidade, considerando que a simples entrega de ministérios não é suficiente. As emendas parlamentares também não parecem ser suficientes para consolidar uma base congressual robusta. A ênfase agora será na elaboração do estatuto da federação, seguida pela convocação das convenções para aprovar o estatuto e, posteriormente, discutir a participação de partidos, mesmo que não sejam os que indicaram os ministros, buscando evitar constrangimentos. O Progressista, com uma grande parcela de seus filiados e eleitores possuindo viés de oposição, representa um desafio. A política de troca de cargos ou favores por apoio político, comum no passado, é vista como prejudicial à democracia. O Congresso também se fortaleceu em relação ao controle de recursos.
O próximo presidente da República precisa consolidar o União Progressista como uma força relevante no Congresso Nacional. Apenas emendas parlamentares são suficientes para garantir essa posição? Qual o futuro dessa relação? É fundamental que haja identificação nos projetos de lei. Por que isso não ocorreu durante o governo atual? Porque não houve identificação com as políticas do governo Lula, como o aumento do Estado, o ataque às estatais e o aumento da carga tributária. Isso contraria o que foi defendido nas eleições pelos deputados, senadores e governadores. A falta de identificação se deve ao fato de que, antigamente, as pessoas não se lembravam dos deputados que haviam votado. Atualmente, os eleitores estão presentes no momento do voto e, em seguida, podem cobrar, apoiar ou criticar. Essa é uma nova forma de responsabilizar os políticos, não apenas nas eleições, mas em seu dia a dia no Congresso Nacional. Como um político de centro-direita pode apoiar um partido de esquerda, como o Partido dos Trabalhadores? O eleitor desse político não aceita e isso acontecerá cada vez mais, graças a Deus.
O senador, em diversos estados, a federação promoveu divergências, como Bahia, Acre e Pernambuco. É necessário conversar com os parlamentares insatisfeitos e ampliar a participação de mais partidos na federação. Inicialmente, é preciso dialogar bastante. Com a expansão para 114 deputados, a janela de oportunidade pode levar a quase 150. É fundamental um projeto consistente, sem personalismo, visando o crescimento da federação. O objetivo é que pessoas possam defender projetos, e não apenas para eleger deputados, mas sim um quadro político de governadores, senadores e deputados federais nas eleições.
Quanto aos deputados, por exemplo, que ameaçam deixar seus partidos, ou a União, ou o PP, como está sendo essa discussão? Acredito que há muito pouco. No Progressista até hoje não vi nenhum parlamentar manifestando desejo de sair. Na União ainda não sei. Mas vou lhe ser franco, hoje o movimento é muito mais de entrar na federação do que sair. Vocês vão poder comprovar quando abrir a janela partidária.
O senhor já deixou claro em várias entrevistas que o seu candidato é o presidente Jair Bolsonaro. No entanto, o cenário atual é que Bolsonaro está inelegível. Diante disso, temos duas opções à direita: a primeira, que está sendo capitaneada nos bastidores pelo ex-presidente Michel Temer, de unir todos os grandes governadores de direita do país. Do outro lado, o próprio presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista à coluna, ele já deixou claro que talvez a preferência dele fosse por um familiar. Dentro desses dois cenários, qual lado o senhor fica mais confortável em apoiar? Eu agora não já não falo mais como presidente do Progressista ou líder da federação, falo como pessoa física. Eu vou apoiar o presidente Bolsonaro até o fim. Lutarei pelo candidato que ele apoiar. Lógico que eu vou tentar interferir, caso ele não seja candidato, na escolha desse candidato que ele irá apoiar. E aí nós temos diversos nomes. Eu defendo também que nós podemos aglutinar tanto essa intenção do ex-presidente Temer e aglutinar os governadores, que eu acho que isso é fundamental para uma vitória nas urnas, como o apoio do presidente Bolsonaro. Isso não são opostos. Acho que tem mais sintonia para convergir do que para divergir. Nós vamos trabalhar até o fim, porque se isso acontecer, fatalmente nos levará à vitória nas eleições de 2026.
Você deve apoiar o candidato indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. É isso mesmo. Mas eu vou trabalhar para que ele tome uma boa decisão.
Uma opção interessante seria um parente, considerando o que ele deseja? Acolheria bem o apoio a um familiar do ex-presidente Jair Bolsonaro? Ou eles poderiam estar juntos, mas não necessariamente como uma chapa majoritária. Acredito que tudo é possível, pois temos no Brasil dois grandes líderes. Tanto Lula, caso candidato ou apoiando um candidato, quanto Bolsonaro, caso candidato ou apoiando um candidato, ambos estão no segundo turno. Não há como escapar disso, não se admite uma terceira via. Contudo, precisamos construir algo. Esse candidato deve ter viabilidade, e eu penso que um familiar do presidente Bolsonaro tem total viabilidade se ele apresentar um discurso mais central. Se se isolar na direita, não será eleito.
Extrema direita difícil? Não, não vem. Tem que vir mais para o centro. Hoje nosso eleitorado é 30% na direita, 30% na esquerda e 40% no centro. O Lula ganhou a eleição passada, porque fez um discurso mais para o centro. Apesar de ter errado e ido para a esquerda quando ganhou a eleição. Graças a Deus que ele fez isso. Mas se nós tivermos um familiar, tem de vir com um discurso mais para o centro. Mas não eu não vejo como impossível o presidente Bolsonaro apoiar um nome de um governador. Caiado, Tarcísio, Zema, Ratinho Júnior, Teresa Cristina (…). Qualquer desses nomes seriam altamente viáveis para ganhar a eleição se tiverem o apoio do presidente Bolsonaro.
O governador de Goiás, que já lançou sua pré-candidatura, não seria um problema? Não, eu acho que o Caiado, se eu deixei bem claro, é mais do que legítimo o Caiado colocar o seu nome, é um grande quadro. Foi, talvez, o melhor governador da história de Goiás. Tem um discurso muito forte naquele que, para mim, vai ser o tema da próxima eleição, que é a questão da segurança. Então, ele tem tudo. Agora tem que se viabilizar. Ele não vai ser candidato só porque lançou primeiro. Vai ser candidato se tiver viabilidade eleitoral e eu acho que se tentar aglutinar um apoio do presidente Bolsonaro, há uma série de situações que podem acontecer. Isso depende muito mais do Caiado, do eleitor do que de mim.
O senhor é um político experiente, ex-ministro da Casa Civil e crítico das medidas do governo Lula, principalmente as econômicas. Como mencionou, as pesquisas indicam uma queda na popularidade do governo. Qual, na sua visão, é o maior erro do governo Lula atualmente? Parece que o governo está olhando constantemente para o retrovisor. É um governo ultrapassado. Lula não está em sintonia com o tempo atual. Ele é um homem isolado, sem capacidade de diácom a sociedade. Lula não possui um celular, o que limita sua percepção. É uma pessoa que não compreende o momento atual do país. Por exemplo, hoje em dia, o primeiro emprego das pessoas é trabalhar no Uber ou como entregador. Lula pensou em sindicalizar essas pessoas. Uma pesquisa recente revela que as pessoas dizem “Não, o Lula não sabe o que eu faço”. ele é um homem ultrapassado e isolado. É alguém fora do tempo. Temos um Lula analógico em um mundo digital. Acredito que o principal problema desse governo é que ele é um governo antigo, não pela idade, mas pela falta de adaptação.
Senador, o senhor está junto, na mesma bancada, que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e que o senador Sergio Moro. As notícias recentes dão que o presidente Alcolumbre tem conversado com o Supremo Tribunal Federal para propor um projeto alternativo de anistia e que ele pediu ajuda ao senador Sergio Moro. Seria mais ou menos o que tem se chamado de “meia anistia”. O senhor vai conversar com o presidente Davi Alcolumbre e com o senador Sergio Moro para procurar que essa anistia proposta seja aquilo que vocês, mais ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, acreditam ser necessário? Olho, eu defendo a votação na ação dessa anistia. Eu defendo que, mesmo as pessoas que depredaram prédios públicos, não sejam anistiadas puramente. Elas têm que pagar por aquele crime. Achar que aquela moça do batom era uma golpista, que tramou, é um absurdo. Então, eu acho que o Supremo viu que errou. Não tem cabimento a pessoa ser condenada a 14 anos de prisão e estar em casa. Então, viu que errou, que pesou na medida. Nós temos que, pelo amor de Deus, que virar essa página na nossa história. Eu acho que a gente perde muito tempo, como diz na minha terra, com um “defunto”. Vamos virar essa página. O presidente Sarney uma vez me falou: “olha, o Lula devia ter feito como Juscelino”. O Juscelino quando assumiu, teve uma discussão de golpe na época, ele virou essa página, anistiou isso. Vamos olhar para frente. Esse país tem que pensar nas pessoas que estão sendo violentadas dentro da sua casa, que estão sem emprego, que estão sem capacidade, que não estão melhorando de vida, do que ficar o dia inteiro tratando de anistia, de perseguição ao presidente Bolsonaro. Pelo amor de Deus, vamos virar essa página da nossa história. Olha, a coisa mais emblemática para mim, nós vivemos em um país democrático e o símbolo da nossa democracia é o Congresso Nacional. E não se quer respeitar o direito da maioria? Isso é um absurdo. A maioria quer votar esse projeto projeto da anistia. Tem que se colocar isso em votação, tem que se respeitar o direito da maioria. Depois o Supremo vai julgar isso, se ela é constitucional, se não é constitucional, mas nós temos que virar a página da nossa história dessa situação que ninguém aguenta mais essa discussão.
Qual é o projeto de anistia? A anistia do Davi Alcolumbre ou a anistia que está na Câmara dos Deputados geram muita especulação, não é verdade? É preciso examinar o texto. O texto que está sendo colocado é o texto da Câmara, que eu espero que seja votado.
O senhor apresentou uma proposta alternativa ao projeto que amplia a isenção do imposto de renda. Como está o andamento disso? O senhor já conversou com o presidente da Câmara? Já apresentamos uma proposta alternativa. O relator é talvez o parlamentar mais experiente da Câmara, que é o deputado Arthur Lira (PP-AL). É uma proposta alternativa. O primeiro ponto que nos unifica é no que diz respeito ao que foi apresentado, que é manter a isenção para quem ganha até R$ 5 mil. Isso é uma grande conquista. Mas fizemos uma proposta alternativa porque achamos que quem tem que pagar essa conta são os grandes bancos, que estão fazendo um lobby absurdo aqui no Congresso para evitar que a gente aumente. Eu quero esclarecer, eu vi um artigo ontem do secretário da Receita Federal, que foi absurdo. Ali estamos taxando o lucro dos bancos, não é faturamento, não é outras situações. É o lucro. E lucros acima de 1 bilhão de reais, que é quem tem que pagar essa conta.
Quais são os principais desafios que você vê na federação União Brasil e PP? Como superar essas barreiras desse modelo de federação? É muito diánão é? Fazendo um projeto. Eu volto a dizer: tem que se deixar os projetos individuais e pensar em um projeto coletivo, de construir uma grande federação, que é a maior do país em todos os níveis. Temos que pensar mais no projeto para o país.
Fonte: Metrópoles
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