Taxa americana sobre o Brasil é “injustificável” e coloca em risco a cadeia de produção, estima economista

Newton Marques defende a negociação, critica o silêncio dos Estados Unidos e afirma que tarifas elevadas podem levar a demissões em massa.

22/07/2025 13h27

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(Imagem de reprodução da internet).

Em meio à escalada de tensões entre Estados Unidos e Brasil, a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo governo norte-americano deve causar impactos imediatos à economia nacional. A medida está prevista para entrar em vigor no dia 1º de agosto e atinge exportações como suco de laranja, café, carne, aço e alumínio. Para o economista Newton Marques, ouvido pela Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, a tarifa é “improcedente” e pode afetar uma ampla cadeia produtiva, com risco de demissões e perdas de faturamento.

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A empresa tem impacto em alguns setores importantes […]. Tudo o que é vendido para os Estados Unidos está sujeito a tarifa de 50%, o que prejudica significativamente, devido à dificuldade em encontrar novos mercados. Ele afirma que, no curto prazo, a entrada em vigor das tarifas torna inviável a busca por novos mercados. “Há muito produto que irá estragar, pois os contratos são de médio e longo prazo”, prevê.

Segundo Marques, há uma motivação política por trás das novas tarifas, que não se justificam do ponto de vista comercial. “No caso do Brasil, quem tem superávit são os Estados Unidos”, ressalta. Ele classifica como “ingerdência” a tentativa do presidente Donald Trump de condicionar a retirada das tarifas à anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Não existe em nenhum lugar. Isso é uma ingerência muito forte. O país é soberano”.

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O economista considera que o silêncio do governo americano pode ser estratégico, avaliando a pressão dos próprios importadores dos EUA, que se opõem à medida. “Eu imagino que o governo dos Estados Unidos vai adiar essa conversa de 1º de agosto”, opina. “Mas se não adiar […], o presidente Lula vai ter que tomar medidas para, justamente, colocar em vigor a lei de reciprocidade”, sugere.

Alternativas nacionais

Para ele, o Brasil também vai ter que “tentar uma negociação” com os EUA ou “buscar outros mercados” se a medida for mantida. “Caso contrário, tem aí um problema muito sério, que é a queda do faturamento, a demissão de pessoal, porque tem toda uma cadeia produtiva. As pessoas só olham no caso do café, do suco de laranja, mas tem por trás um monte de indústrias e de pessoas ligadas a esses setores”, destaca.

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O governo Lula (PT) pretende instituir um fundo emergencial para auxiliar as empresas impactadas, com possível envolvimento de bancos públicos. “[…] Deve ser algo transitório, não é algo permanente, é provisório.” O governo está submetido a uma política fiscal, possui um arcabouço fiscal. “Não dá para fazer muitos gastos sem respeitar esse arcabouço”, comenta Marques. Ele critica o Congresso por não apresentar soluções e tratar o problema como responsabilidade exclusiva do Executivo. “Isto é um problema do país como um todo”.

Apesar dos efeitos, Marques ressalta que a robustez do mercado interno brasileiro pode auxiliar na redução das consequências externas. “É positivo que o Brasil tenha sempre dado prioridade ao mercado doméstico. […]. Quando se conta com um mercado interno como o fantástico que o Brasil possui, é possível não sofrer tanto”, pondera.

Uma pesquisa Ipsos-Ipec divulgada nesta terça-feira (16) mostrou que 72% dos brasileiros consideram que conflitos internacionais podem impactar significativamente a economia do país. Para Marques, o temor é justificável. Ele ressalta que os EUA são o segundo maior comprador de produtos brasileiros e possuem forte influência global. “Os Estados Unidos são muito influentes na Europa e em outros países, inclusive aqui na América Latina. Então há essa preocupação do governo”, explica.

Para audir e visualizar.

O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.

Fonte por: Brasil de Fato

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