Taxa Trump: Brasil corre risco de apagão nas exportações, alerta especialista

Sanções americanas impactam setores-chave, incluindo carne e café; plano do governo é visto como restrito.

06/08/2025 12h07

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(Imagem de reprodução da internet).

A implementação da tarifa imposta pelos Estados Unidos nesta quarta-feira (6) acende o sinal de alerta em setores estratégicos da economia brasileira. A medida, que estabelece uma taxação de 50% sobre parte das exportações nacionais, atinge diretamente produtos como carne e café, pilares da balança comercial com os EUA. Para o economista-chefe da Levante Asset, Jason Vieira, o Brasil corre contra o tempo para tentar conter os efeitos.

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Se algo for irreversível, certos segmentos não possuem viabilidade para competir no mercado americano. Ignora-se, termina-se, observa-se se há uma mudança no governo e se consegue estabelecer um diálogo mais direto, avalia, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.

Apesar de cerca de 700 produtos terem sido isentos da nova taxação, os impactos em setores específicos já são notados. “Estamos falando, na realidade, de uma pauta de quatro grandes itens: suco de laranja, peças de aviação, o café e a carne. O café e a carne mantiveram a taxação, enquanto o restante não teve. Esses quatro praticamente dominam nossa balança comercial com os Estados Unidos”, aponta.

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Impactos e isenções calculados.

No caso da carne, a preocupação é imediata. “O setor aqui de carne no Brasil está bastante preocupado, já está entrando em férias coletivas de certa maneira, está tentando trabalhar os impactos disso no curto prazo”, diz Vieira. Ele explica que o tipo de carne exportado, a chamada carne mecanicamente separada, usada para ração e hambúrguer, tem baixa demanda interna, o que dificulta a redistribuição.

O café, como commodity, deve apresentar menor variação interna. Aumento ou diminuição da oferta no Brasil não tem grande relevância […]. A oferta global está reduzida e a demanda é alta, principalmente na Ásia. Assim, isso é mais simples, pois é um produto disputado.

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O economista argumenta que a política de Trump de isentar produtos foi bem planejada. “Taxar a Embraer, por exemplo, não valia a pena, pois grande parte do que é montado nos aviões vem dos Estados Unidos. A carne, por outro lado, eles conseguiram abrir mercado com a Austrália. Foi estratégico”, afirma.

Vieira também critica o plano de contingência apresentado pelo governo brasileiro. É um gasto governamental com impacto notavelmente restrito. Não se conhece o prazo para sua conclusão, nem a duração das negociações com os Estados Unidos. “Nós decidimos nos afastar na última semana para tentar solucionar algo, mas ainda de forma muito precoce tudo o que está ocorrendo”, afirma.

Ele afirma que a busca por novos mercados para esses produtos não é uma tarefa simples. “Buscar mercados alternativos não é uma coisa que se consegue fazer muito facilmente […]. Nós estamos falando muitas vezes de produtos extremamente específicos que não têm aderência em outros mercados”, explica.

No mercado financeiro, o impacto imediato da mudança tarifária foi praticamente inexistente. “O dólar já abriu com queda, as bolsas estão subindo […]. Desde o que chamamos de Dia da Libertação, quando as tarifas foram anunciadas, o mercado teve uma reação intensa e desde então somente se recuperou”, pondera.

Para audir e visualizar.

O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.

Fonte por: Brasil de Fato

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