Tenente-coronel afirma ao STF que documento apreendido não previa golpe

Hélio Ferreira Lima declarou que o arquivo denominado “Operação Luneta” representava um estudo teórico.

28/07/2025 15h56

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(Imagem de reprodução da internet).

O tenente-coronel do Exército Hélio Ferreira Lima afirmou ao STF que o documento denominado “Operação Luneta”, apreendido em um pendrive que possuía, não constituía um plano de golpe, mas sim um “estudo de cenário prospectivo”.

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O militar estava entre os cinco presos na operação Contragolpe, da PF (Polícia Federal), que visava os chamados “kids pretos”, suspeitos de planejarem o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu vice, Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes. Ele foi interrogado na ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado após as eleições presidenciais de 2022.

De acordo com a PF, o documento atribuído a Lima descrevia ações para “restabelecer a lei e a ordem”, indicando a “neutralização da capacidade de atuação” do Supremo, com referências a Moraes.

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O tenente-coronel declarou que o documento foi produzido no setor de inteligência da 6ª Divisão do Exército, em Porto Alegre (RS), onde exercia função de oficial. Indicou que o material fazia parte de uma prática de elaboração de projeções de cenários e negou qualquer conotação operacional. Segundo ele, tratava-se de uma ferramenta prevista em normas militares, sem instruções específicas ou metas definidas.

Apenas era uma ferramenta para projeções hipotéticas. Não possuía etapas de execução e foi abandonado em dois dias. Eu não tinha capacidade de transformar aquilo em ação, estava dois níveis acima de mim na hierarquia.

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Ele declarou que o cenário apresentado se baseava na hipótese (que ele classificou como “puramente teórica”) de que fraudes pudessem ser detectadas nas urnas eletrônicas. Acrescentou que não havia previsão de ruptura. “Mesmo no caso de uma fraude ser comprovada, não havia nenhuma menção a eliminar autoridades nem a medidas ilegais”, afirmou.

Além do documento, Lima foi questionado sobre trocas de mensagens com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL). Ele confirmou que repassou a Cid um arquivo que circulava em grupos de manifestantes e discutia o código-fonte das urnas eletrônicas. Declarou, contudo, que não tinha intenção de incitar ações contra o sistema eleitoral.

Lê-me rapidamente e enviei, indicando que era pertinente analisar. Não solicitei divulgação, não expressei opinião. O Brasil estava polarizado, e eu acompanhava o cenário dos dois lados por ser oficial de inteligência.

O oficial afirmou que o contato com Cid visava diminuir as tensões. Ele relatou que acompanhava protestos em frente a prédios militares em Porto Alegre e procurava “impedir que a situação se agravasse”.

Desejava que aquilo terminasse. Queria que o presidente enviasse as pessoas para suas casas antes que fosse necessário o uso do Exército. Não queria ver soldados confrontando manifestantes que utilizavam a bandeira do Brasil.

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